Pular para o conteúdo
VoltarVoltar
Conheça a Move2: uma fábrica de startups

Conheça a Move2: uma fábrica de startups

14 de outubro de 2019
6 minutos de leitura
time

Artigo atualizado em 14 de outubro de 2019

Em cinco anos, a Move2, que tem como sócios o fundador e um ex-executivo do Buscapé, já desenvolveu nove novos negócios, como Lifetechs, Healthtechs, Foodtechs, AI dentre outras.

Depois de uma longa experiência no Buscapé, empresa ícone da internet no Brasil, Ronaldo Takahashi até tentou tirar um período sabático. Porém o instinto empreendedor interrompeu os planos.  “Estava viajando há uns dois meses e comecei a enxergar possibilidades de negócios em todo canto. Estava na hora de voltar”, disse Ronaldo, que foi um dos fundadores do site de buscas junto com Romero Rodrigues, Rodrigo Borges e Mário Letelier.

No retorno a São Paulo, em uma conversa com Ghion, que tinha saído na mesma época do Buscapé, ao final de 2013, os dois discutiram o que poderiam fazer juntos. “E o que sabíamos fazer? Startups”, contam. Estava começando a história da Move2, uma “Venture Builder”, também chamada popularmente de “fábrica de startups”.

A Move já desenvolveu nove startups em cinco anos

Ronaldo e André se tornaram empreendedores em série: eles têm a ideia, colocam a mão na massa, tiram do papel e depois buscam um time para tocar o negócio. Em cinco anos, os dois já desenvolveram nove startups. Entre elas está a 99fórmulas, um marketplace de cotação de remédios manipulados. A empresa mostra ao cliente os melhores preços e traz informações completas sobre as farmácias de manipulação – uma ideia que Ronaldo teve quando tentava, sozinho, orçar um medicamento.

Dentro do portfólio, também há experiências corporativas, como a plataforma Bettha, desenvolvida para o Grupo Cia de Talentos. O Bettha é uma plataforma de engajamento de jovens para o mercado de trabalho. O ecossistema completo que conta também com ATS Globe com mais 1 milhão de usuários.

A diferença entre aceleradora e Venture Builder

Não existem muitos Venture Builders como a Move2 no Brasil e é comum que as pessoas confundam o modelo com o de aceleradoras. Mas são coisas diferentes. Basicamente, as aceleradoras de startups são ambientes que reúnem mentores e têm ciclos mais curtos, de cerca de 6 meses, por exemplo. “O Venture Builder é um ecossistema completo de inovação que vai tirar a ideia do papel e fazer acontecer. A gente entra na gestão, desenvolve a tecnologia, coloca a mão na massa. O ciclo de inovação é de 18 a 24 meses”, diz Ghion. “O objetivo é pegar aquela ideia e levá-la para um outro estágio, daí o nome da nossa empresa: Move2 de Next Level, a Move2.” O objetivo é que a startup ganhe corpo para seguir sozinha e vá para o mercado. Mas também faz parte do processo avaliar se a ideia é viável ou não, através de protótipos reais.

Mudança no modelo de negócio da Move2

O formato adotado hoje pela empresa, no entanto, não é o mesmo de cinco anos atrás, quando tudo começou. Os sócios foram fazendo ajustes até chegar ao modelo atual que envolve o uso de metodologia Ágil e SQUADS especializados da Move2 para desenvolver projetos e startups de tecnologia para outras empresas ou investidores.

A Move2 conta com mais de 70 profissionais, são programadores, webdesigners, arquitetos de informação, Growth Hackers, especialistas em banco de dados e Marketing Digital, além de Cientistas de Dados e, claro, outros empreendedores.

O mercado está em ebulição, as corporações, precisam de agilidade, profissionais especialistas e muita expertise para se inserir na Nova Economia.  “Inovação e Transformação Digital está na pauta dos CEOs. Mas não é tarefa fácil fazer isso num ambiente corporativo. É melhor fazer fora, em ambientes focados, não é somente uma questão de programar um software, nenhum software para de pé sozinho, é preciso combinar diversas forças para que um código de programação se torne um negócio”, diz Ghion. 

No início, por exemplo, Ronaldo e Ghion investiam recursos próprios em negócios que estavam em estágio inicial, mas tinham sido fundados por outros empreendedores. “Cada caso era um caso. Pegávamos muitos empreendedores de fora. Mas empreendedor, você sabe, é gato, faz o que quer”, brinca Ronaldo. “Agora, nós somos os próprios empreendedores.” 

A experiência no Buscapé

Manter uma “fábrica de startups”, reconhecem os dois empreendedores, tem sua boa dose de riscos. “Mas faz todo sentido seguir, porque é nossa essência”, diz Ronaldo, que tem no currículo a experiência de ter colocado de pé uma das primeiras empresas brasileiras de internet, em 1999. Ele, Romero Rodrigues e Rodrigo Borges  se conheceram no curso na USP, quando cursavam engenharia, e montaram primeiro uma empresa de desenvolvimento de software para terceiros. Depois, veio a ideia de criar um buscador de preços. Ele lembra que um amigo, que viria a se tornar sócio, precisava comprar uma impressora e tentou pesquisar preços e modelos na internet, que estava começando. “E se tivéssemos todas as informações dos produtos em um único lugar? Isso facilitaria demais o processo de decisão.” Surgia o Buscapé.

No ano seguinte, a startup recebeu seu primeiro investimento de uma incubadora chamada E-Platform, que ajudou a construir o plano de negócios. “Esse apoio foi super importante, porque só sabíamos fazer a parte técnica. Não tínhamos ideia de por onde começar”, lembra. Ronaldo passou por quase todas as áreas da empresa: tecnologia, finanças, jurídico, recursos humanos e saiu depois de treinar seu sucessor. “Com mais de 1.000 funcionários, meu perfil empreendedor de botar a mão na massa já não era tão compatível com o momento que a empresa estava vivendo. Naturalmente os projetos precisavam de mais tempo para sair. Chegamos a ter dezenas de unidades de negócio.” No fim de 2013, Ronaldo decidiu que era hora de respirar novos ares.

Ghion chegou mais tarde ao Buscapé. Entrou na empresa em 2010, para atuar com Alianças Estratégicas, novos produtos ligados a e-commerce e chegou a assumir a presidência de um dos negócios do grupo, o BrandsClub. Antes disso, passou por empresas como UOL, AOL TIME WARNER e  Videolar.com. A experiência como executivo não adormeceu seu lado empreendedor, que ele descobriu por volta dos 18 anos, quando pegou todo o dinheiro da sua poupança para abrir uma surfwear, inovadora na época. “Eu nem conhecia a palavra empreendedor, quando comecei a empreender”, conta. “Agora, queremos usar toda nossa experiência nesse universo de startups e fazer Transformação Digital”.