Como ficam as pequenas empresas no novo normal?
Artigo atualizado em 1 de julho de 2020
Texto enviado por Igor Senra, Founder @ Cora
Desde março começamos a viver no Brasil e no mundo algo que ninguém jamais poderia ter previsto. Pequenos negócios tiveram que fechar as portas e se adaptar a uma realidade estranha de ter que tentar manter seu negócio, mas com as portas fechadas sem saber exatamente quanto tempo isso iria durar.
Toda essa crise que estamos vivendo trouxe também uma grande revolução na maneira como lidamos com os negócios e a tecnologia. De uma maneira ou de outra todos foram transformados. Em uma quarentena que já dura mais de dois meses, o consumo de internet fixa aumentou 40% e muitos analistas já dizem que essa crise acelerou em 10 anos o processo de digitalização.
Isso fica explícito quando vemos que muitos empreendedores que mal possuíam conta em banco foram obrigados a levar seu negócio para o mundo digital para tentar sobreviver a esse novo mundo; começaram a pensar estratégias diferentes. Muitos, que relutavam contra o avanço que a tecnologia trazia, se viram sem outra saída.
Velocidade
Outro fator muito importante nesse novo normal é a velocidade. Durante a pandemia tudo andou muito rápido. Para se ter uma idéia, no dia 9 de março eu achava que o Covid-19 era só uma gripezinha, contudo, dois dias depois decidimos que dia 12 nosso time já trabalharia de casa e no seguinte já tínhamos a nossa primeira resposta à crise com a criação do “Compre dos Pequenos”.
Uma ferramenta gratuita que permite aos pequenos estabelecimentos emitirem e venderem cupons que serão utilizados depois que tudo voltar à normalidade (ainda que fosse o novo normal).
Essa velocidade estava por todo lugar. Em dez dias a Caixa desenvolveu e publicou um aplicativo com uma conta digital para que o auxílio emergencial de R$ 600 do governo chegasse a quase 30 milhões de brasileiros. Mostrando que toda a grande empresa havia virado uma startup. Depois de passar isso tudo, será que as empresas/instituições vão se conformar em voltar para a velocidade de antigamente? Não deveriam, não é verdade?
Agora que se espera o começo de uma reabertura, aqueles mesmos pequenos negócios que tiveram que se adaptar a essa nova realidade vão precisar se adaptar novamente; dessa vez para um novo normal, profundamente alterado por essa nossa experiência no meio da pandemia. A pergunta que fica é: como os pequenos negócios vão se readaptar ao novo normal?
Adaptação
Tem uma frase creditada a Charles Darwin, mas ninguém sabe ao certo se foi ele mesmo que disse, sendo dele ou não se encaixa muito bem nesse contexto. Ela diz: “Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças”.
O fato é que, mesmo podendo oferecer seu serviço, o pequeno empreendedor precisa ter em mente que nada será como antes, talvez nem mesmo seu público será o mesmo. Por exemplo, 65% da população está trabalhando e/ou estudando totalmente de casa e 59% deles dizem que não estão enfrentando dificuldades em executar essas atividades de casa. Além disso, 55% das empresas não adotavam home office antes da crise e hoje ele é aprovado por 80% dos gestores. Grandes empresas como Twitter e Facebook anunciaram uma prática de home office para sempre.
As pessoas vão trabalhar mais em casa e o espaço de trabalho remanescente nunca mais será o mesmo. Teremos menos “baias e estações de trabalho” e mais locais de convivência, workshops, treinamento e interação. Coisas que precisam de maior atenção deverão ser resolvidas em casa, onde é possível se concentrar mais com menos interrupções.
Dessa forma, vale pensar num restaurante (ou qualquer outro tipo de negócio) estabelecido em um centro comercial próximo a vários prédios de escritórios, por exemplo. Ele terá que se readaptar ao seu público: grande parte dele pode não mais aparecer para o almoço de todos os dias, como era de costume. Além disso, o “novo normal” vai impor ainda mais higiene e medidas de distanciamento seguras entre as pessoas. Almoço entre colegas de trabalho reunidos em uma mesma mesa pode ser raro a um curto prazo.
Participação em eventos e viagens de trabalho serão restritas ao essencial. Tem que ser realmente muito importante para alguém entrar num avião para encontrar com outra pessoa ou representante de empresa em outra cidade ou estado.
Outra coisa que deve mudar na rotina do brasileiro diz respeito à poupança. Nunca fomos de poupar e quando a crise veio, quem não estava preparado sofreu mais e mais rápido. Essa experiência deverá mudar a forma como as pessoas pensam esse assunto.
Por isso, recuperar aquele faturamento que havia antes de tudo isso começar pode ser um longo processo que não vai depender apenas de abrir as portas para receber os clientes. Vai depender de encontrar também soluções e parceiros que ajudem nessa caminhada.
Com a tecnologia, os donos das pequenas empresas viram que o serviço pode ser aperfeiçoado ao se aliarem a especialistas em determinados assuntos. Um ótimo exemplo disso é o aumento do uso do aplicativo Rappi que foi de 73% durante a quarentena.
Momentos como este que estamos vivendo trazem mais luz para a solidariedade, nos obriga a voltar o pensamento à busca de um outro equilíbrio e nunca descartar o novo.
Esse novo normal mais digital, mais rápido, menos fisicamente presente e com um mercado de pequenos negócios muito machucado por toda essa crise, ainda assim receberá milhares (ou milhões) de novos empreendedores. Pessoas que até hoje trabalhavam com carteira assinada vão encontrar no empreendedorismo seu caminho para sobrevivência.
Tudo isso reforça nossa crença na força do empreendedor e nosso compromisso de ajudar o pequeno negócio a atingir seu sonho, através do oferecimento de um conjunto de soluções financeiras que sejam ao mesmo tempo simples, justas e transparentes que os pequenos negócios tanto precisam.