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Aplicativo que reduz contas de luz chega a São Paulo

Aplicativo que reduz contas de luz chega a São Paulo

27 de janeiro de 2021
6 minutos de leitura
time

Artigo atualizado em 27 de janeiro de 2021

Startup Clarke expande suas operações nesta quarta-feira para a capital com maior concentração de empresas do Brasil

O mercado de Venture Capital em 2020 foi extremamente significativo para o ecossistema de inovação no Brasil, captando mais US$ 3,5 bilhões – volume 17% superior ao de 2019 (dados: Distrito Dataminer). Uma dessas startups que levantaram capital foi a Clarke, que faz parte do programa Distrito For Startups, e recebeu  investimento seed de $ 3,2 milhões em maio do ano passado. O aplicativo, que ajuda empresas a reduzirem as suas contas de luz, chega oficialmente nesta quarta-feira (27) a São Paulo.

Nascida durante a pandemia, a startup ajuda pequenas e médias empresas a economizarem em suas contas de luz por meio de adequações na tarifa de energia e já está presente em estados como Bahia, Rio Grande do Norte e Pernambuco.

A modernização do setor elétrico é uma aposta do app, que integra a conta de luz, identifica possíveis ineficiências na cobrança e oferece oportunidades de economia. Só em 2020, no primeiro ano de operação, a Clarke Energia já atendeu mais de 500 empresas. Com a chegada do aplicativo em São Paulo, espera-se aumentar ainda mais o volume de clientes atendidos.

“A meta para 2021 é fechar o ano com mais de 2.000 clientes. Queremos ajudar os empresários a economizar em um cenário de crise econômica gerada pela pandemia do coronavírus. E qualquer economia é bem-vinda nesse momento tão desafiador”, disse o CEO da Clarke Energia, Pedro Rio.

Entrevista completa com Pedro Rio, CEO da Clarke Energia

Qual a história de fundação da startup e como surgiu a ideia? 

A Clarke foi fundada por mim, pelo Rodrigo Camargo e o Victor Copque lá em novembro de 2019. A ideia surgiu quando, após experiências anteriores e estudos sobre o setor elétrico, nós percebemos a diferença entre o mercado de energia do Brasil e de outros países, principalmente no que diz respeito ao atraso da modernização do setor. 

A Clarke estudou mais de 7 mil contas de luz e percebeu que mais de 50% delas não estavam na melhor modalidade tarifária e essa adequação poderia gerar em média 20% de economia. Dessa forma, criamos um produto de adequação tarifária para pequenas empresas com o objetivo de construir uma base de clientes grande e em um curto período de tempo. A partir de dados dos clientes, vamos poder vender outros serviços, inclusive, no momento adequado, ser o fornecedor de energia dele.

Qual a oportunidade de mercado existe no setor?

Atualmente, o mercado de comercialização de energia possui cerca de 16 mil unidades consumidoras atendidas e mais de 80 mil unidades potencialmente livres. Contudo, a Clarke quer estar bem posicionada não só para atender a demanda reprimida atual, mas também para atender a outras mais de 6 milhões de unidades consumidoras que poderão comprar energia livremente após a desregularização do setor que tem previsão de acontecer em 2026.

Imagem do Pedro Rio, CEO da Clarke  Energia
Pedro Rio – CEO da Clarke Energia

Como o aplicativo da Clarke funciona? 

O aplicativo da Clarke permite gerenciar todas as contas de luz da Coelba (BA), Celpe (PE), Cosern (RN) e agora permitirá a Enel (SP). Por meio dele, é possível acompanhar todas as contas (casa e empresa) em um só lugar, copiar código de barras para realizar o pagamento, gerenciar os gastos com energia e exportar relatórios e parcelar a conta de luz no cartão de crédito. O app é gratuito e possui versões para Android e iPhone. 

Para empresas, há uma funcionalidade maior. Os empresários podem fazer um teste rápido de economia de energia e descobrir se consegue economizar na conta com a ajuda da Clarke. Caso o resultado seja positivo, o time da Clarke entra em contato e oferece o serviço de ajuste tarifário. 

O que é a Tarifa Branca e como ela reflete no modelo de negócio e proposta de valor oferecido pela Clarke?

A principal adequação feita pela Clarke é a da Tarifa Branca, uma forma diferente de calcular a conta de luz. Ela é uma modalidade para unidades consumidoras de baixa tensão, o chamado grupo B. 

Criada em 2018, o objetivo da Tarifa Branca é incentivar a redução do consumo de energia em horários de maior demanda. 

Em contas convencionais, paga-se o mesmo valor pela energia consumida, independente da hora do dia. Já na Tarifa Branca, são valores diferentes dependendo da hora do dia. O preço é dividido em três horários: ponta (tarifa mais cara), fora ponta (tarifa mais barata) e intermediária (tarifa de valor intermediário). 

Os horários dependem do estado e da distribuidora, mas normalmente a tarifa fica mais cara depois das 18h, em dias de semana. O que torna a Tarifa Branca mais vantajosa para empresas que funcionam em horário comercial.

Como a Clarke monetiza seu negócio? 

Quando vira cliente, o empresário paga somente se economizar. A Clarke fica com 30% da economia gerada exclusivamente pela Tarifa Branca por 12 meses. 

Entre a assinatura do contrato e a troca da tarifa de energia não há pagamento. Somente depois da troca, quando o cliente tiver economias mensais, são enviados os primeiros boletos. Caso não haja redução da conta de luz, o cliente não paga nada. 

Como o cálculo é feito? 

A Clarke compara o total pago pelo cliente na tarifa branca com a tarifa convencional. A diferença entre os dois valores é a economia mensal. O cálculo de economia feito pela Clarke não leva em consideração o consumo e sim o preço pago pela energia. 

Como os aportes recebidos pela Clarke ajudaram na estratégia de crescimento e aceleração da Startup?

Os aportes recebidos pela Clarke, nas primeiras rodadas, permitiram a formação de time, o desenvolvimento da tecnologia e a realização de investimentos em marketing e vendas. 

Quais são os próximos passos da Clarke no seu setor de atuação? Para quais praças pretendem expandir a operação após São Paulo?

Nos próximos meses, pretendemos aumentar a base de clientes que realizam a adequação tarifária e modelar o primeiro MVP de comercialização de energia. A expansão para outras praças (além da Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte e São Paulo) vai depender do desempenho da capital paulista, podendo ser interior de São Paulo, Rio de Janeiro ou algum outro estado do Nordeste.