O que é e como funciona o blockchain: além das criptomoedas

Com aplicações em diversos âmbitos e setores, a tecnologia blockchain superou as barreiras das criptomoedas. Sua natureza descentralizada, segura e confiável está sendo aplicada em soluções que buscam melhorar os processos de segurança da informação dentro das corporações, em IoT (Internet das Coisas), transporte e muitas outras áreas.

Com a pandemia e o aumento do número de casos de ciberataques dentro das empresas, principalmente causados por uma nova dinâmica de trabalho e desafios de segurança impostos pelo formato remoto, muitas corporações estão repensando os sistemas implantados para garantir uma menor vulnerabilidade no âmbito da segurança da informação.

Nesse contexto, o Blockchain surge como uma possibilidade de impulsionar a proteção de dados, principalmente pelo ledger distribuído que oferece e também por ser um ambiente menos familiar para criminosos cibernéticos, eliminando algumas fraquezas mais óbvias de um sistema de segurança. 

O que é blockchain?

Em 2008, a tecnologia de Blockchain foi apresentada por Sotoshi Nakamoto – provavelmente um pseudônimo -, no artigo “Bitcoin: a peer to peer Eletronic Cash System”. Nele, o autor mostra como as transações financeiras na internet ainda se baseavam em instituições tradicionais que servem de intermediárias de confiança para realizar operações reversíveis e sujeitas a fraude, limitando o mar de possibilidades de negócios que só existiriam sem esses intermediários.

O autor apresenta a sua solução: um sistema que se baseia na criptografia, ou seja, na codificação dos dados para fazer transações que não precisam de um intermediário e são, praticamente, irreversíveis. Para isso, a ferramenta revolucionária que o artigo apresenta é o Blockchain. A nova tecnologia combina soluções que já existiam na época, mas a forma como foram aplicadas para evitar o gasto duplo (e as fraudes) mudou tudo! 

Assim, blockchain nada mais é do que um livro de registros codificado em cadeia e que não permite alterações. É um livro-razão descentralizado que contém todas as transações em uma rede, de ponta a ponta. Usando essa tecnologia, os usuários podem realizar transações sem a necessidade de uma autoridade central de compensação. Suas aplicações potenciais incluem transferências de fundos, liquidação de negociações, votação e muitas outras.

Como funciona o blockchain?

Além de um livro de registros de informações ou banco de dados, o blockchain se diferencia de tudo o que havia sido feito até então pela maneira como os dados são estruturados.

Funciona assim: o blockchain coleta informações em grupos, também chamados de blocos, que contém conjuntos de dados. Esses blocos possuem certa capacidade de armazenamento e, quando preenchidos, são encadeados em uma sequência de outros blocos também preenchidos com as mesmas informações, formando uma cadeia, o blockchain. 

Todos os novos blocos adicionados à cadeia são verificados com base nas informações de seus pares anteriores e recém adicionados. Este sistema cria uma linha do tempo irreversível de dados. Quando um novo bloco é adicionado à cadeia, ele se torna parte de um sistema de conferência e da linha do tempo. Cada bloco possui o registro de data e hora exata da transação, que não pode ser modificado.

Para garantir que cada operação seja única e que não possa ser forjada, a transação é codificada com duas chaves, dois códigos ou senhas que servem para encriptar o processo.

Com as duas chaves, a transação é transformada em um bloco de texto chamado HASH que é compartilhado com todos os ‘nós’ de computadores conectados a uma rede e acrescentado ao ‘caderno de anotação’ – ou banco de dados – que cada unidade possui. Os ‘nós’ fazem cálculos matemáticos para garantir que a transação é válida e que cada Bitcoin, por exemplo, não foi utilizado mais de uma vez: essa é a prova de trabalho.

Assim, a cada operação realizada, é criado um bloco que é compartilhado com toda a rede, formando uma espécie de reação em cadeia de informações que são testadas uma a uma.

Blockchain tem potencial de aplicação que vai muito além do bitcoin e das criptomoedas

Partindo de uma perspectiva de negócios, a tecnologia blockchain pode ser pensada como um tipo de software de melhoria de processos de última geração. 

A abordagem descentralizada e colaborativa tem o potencial de reduzir radicalmente o ‘custo da confiança’, principalmente, quando o tema são negócios entre empresas. Por esse motivo, pode oferecer retornos significativamente maiores para cada dólar investido.

A seguir, trouxemos alguns exemplos de aplicação do blockchain em diversos setores.

Healthtechs

Quando o assunto chega na área da saúde, as healthtechs não ficam para trás. Em diversos países, já é possível observar iniciativas que utilizam o blockchain para aprimorar o setor. Alguns exemplos são:

• Blockpharma: rastreia e verifica a qualidade e autenticidade de medicamentos;
• BurstlIQ: plataforma que permite o gerenciamento de estoque, venda, compartilhamento ou licença de dados em conformidade com as leis de proteção de informações pessoais;
• Guardtime: em parceria com o governo da Estônia, utiliza a tecnologia blockchain para gerenciar registros de saúde dos pacientes de todo o país.

Pecuária

Algumas empresas do agronegócio também já fazem uso de blockchain em suas cadeias produtivas. Exemplo disso, é o caso da brasileira JBA que, em abril deste ano, informou o início do cadastro de produtores na Plataforma Pecuária Transparente – ferramenta que permite estender aos fornecedores de gado o monitoramento socioambiental com segurança de dados.

Com a plataforma, o produtor de bovinos que negocia animais diretamente com a gigante pecuária irá informar a lista de seus fornecedores de animais diretamente no sistema. Esta lista seguirá para validação da Agri Trace Rastreabilidade Animal e os resultados da conformidade socioambiental de toda a cadeia de fornecimento ficarão disponíveis para consulta.

Games

O Brasil está entre os líderes da ascensão dos games em blockchain no cenário mundial. Os jogos que utilizam a tecnologia têm sido cada vez mais responsáveis pela atração de pessoas e investidores à indústria crypto. De acordo com o relatório Blockchain User Behavior, os usuários brasileiros vêm crescendo e desempenhando um papel importante na expansão do setor.

Em agosto, mais de 2 milhões de carteiras ativas exclusivas interagiram com um contrato inteligente – um documento capaz que pode ser executado ou se fazer cumprir sem a necessidade de intermediários centralizados – diariamente. O número demonstra um aumento de 18% em comparação ao mês de julho e de 883% em comparação ao ano anterior.

Para continuar explorando as possibilidades da tecnologia blockchain

Para continuar a jornada no mundo blockchain, você pode acessar o artigo que trata um pouco mais sua relação com as criptomoedas e o Bitcoin. Além disso, o vídeo do pesquisador Atila Iamarino também é uma ótima introdução ao assunto.