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Budget empresarial: como planejar e incluir IA em 2026

Budget empresarial: como planejar e incluir IA em 2026

1 de setembro de 2025
15 minutos de leitura
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Artigo atualizado em 1 de setembro de 2025

Em 2024, 65% dos negócios ampliaram seus orçamentos em IA. O dado foi revelado pelo “Estudo Talent Trends 2024”, realizado pela Randstand e noticiado pela CNN. Com efeito, esse aumento indica que a inteligência artificial tem ganhado relevância no budget empresarial das empresas, sendo esta inclusive uma tendência que deve se repetir em 2026.

Mais do que apenas auxiliar no planejamento por meio de automações, análise de dados e otimização de tempo e recursos, a IA em si é um ponto que deve ser considerado no orçamento de companhias que desejam escalabilidade, eficiência e potencial de inovação.

No entanto, o fascínio cegante da IA pode ser uma armadilha para empresas, sugando recursos sem oferecer resultados concretos. A estratégia e a cautela, mais do que nunca, são fundamentais para navegar em um mercado que não sabe o que fazer com sua própria agitação.

A fim de compreender melhor esse dilema, vamos começar com uma reflexão sobre o papel da IA na atualidade.

Panorama de mercado: entendendo a posição da IA nos negócios

Antes de falar sobre a importância da inteligência artificial para o orçamento empresarial de 2026, é de suma importância compreender a posição dessa tecnologia na realidade contemporânea. Para dar início a essa discussão, uma premissa serve de ponto de partida: o entusiasmo inicial passou, o cenário se complexificou e a cautela é a nova tendência.

Adoção crescente e primeira impressão otimista

Em primeira instância, o Brasil tem experienciado uma rápida e relativamente eficaz adoção de IA. De acordo com o estudo “Desbloqueando o Potencial da IA no Brasil – 2025“, realizado pela Strand Partners sob encomenda da Amazon Web Services (AWS), 9 milhões de empresas brasileiras já adotaram a tecnologia de maneira sistemática, o que representa 40% do total.

Este número caracteriza uma taxa de crescimento de 29% em relação ao ano anterior, um sinal inequívoco de que esse recurso tecnológico não tem passado despercebido no cenário corporativo nacional.

O impacto econômico é relevante: 95% das empresas que adotaram IA relatam aumento de receita, com um crescimento médio de 31% Paralelamente, 96% observaram melhorias significativas na produtividade.

Apesar disso, há uma divisão estrutural. Enquanto startups criam modelos de negócio inteiramente novos, utilizando IA como núcleo estratégico, a maioria das grandes corporações limita o uso a ganhos incrementais, permanecendo na superfície da tecnologia.

Falando em novos negócios, de acordo com o “Emerging Tech Report 2024”, produzido pelo Distrito, 3 em cada 10 startups surgidas entre 2018 e 2024 tinham como foco principal a inteligência artificial.

Ao olhar para a América Latina, o report constatou que a tecnologia de IA é a mais destacada entre os investimentos em tecnologias emergentes, levantando mais de US$ 2,4 bilhões distribuídos em 576 deals, um valor que representa 60,2% do volume total investido.

O outro lado: descrença, desorganização e falta de resultados

Apesar do otimismo delineado pelos dados anteriores, um lançamento recente jogou um balde de água fria nos entusiastas da IA: o relatório “The GenAI Divide: State of AI in Business 2025”, publicado pelo MIT.

De acordo com o estudo, composto por 150 entrevistas com líderes, 350 com funcionários e análise de 300 casos públicos de uso de IA, 95% dos projetos corporativos com IA – muitos estruturados com bilhões de dólares, inclusive – não resultam em ganhos relevantes em eficiência ou receita.

Entre adoção desorganizada de ferramentas populares, como o ChatGPT, ausência de integração real com processos e sistemas e dificuldade para superar a fase de piloto, a IA nas empresas tem melhorado o desempenho individual, mas passado despercebida nos balanços financeiros e demonstrativos de lucros.

Seguindo nessa linha de raciocínio, a pesquisa “Trust, attitudes and use of AI: 2025 – global study and country insights”, feita pela KPMG e conduzida pela Universidade de Melbourne, revelou que os brasileiros têm sentido preocupação crescente em relação à IA e seus riscos. Em 2022, 49% se sentiam preocupados com a tecnologia, enquanto em 2024 a porcentagem saltou para 75%.

No que diz respeito aos riscos e benefícios, a crença de que os benefícios superam os riscos caiu de 71% em 2022 para 44% em 2024 entre os brasileiros. Em outras palavras, embora o conhecimento em IA tenha se expandido e resultados positivos tenham sido conquistados, o deslumbramento inicial desse recurso tecnológico vem perdendo força aos poucos.

Para fechar, um estudo conduzido pela Gartner com mais de 3.000 CIOs revelou que apenas 48% das iniciativas de transformação digital alcançam seus objetivos. O panorama muda entre a “digital vanguard”, assim denominada na pesquisa, onde a taxa de sucesso é de 71%, um reflexo direto da integração entre diferentes áreas, do uso de dados e evidências e do foco no desenvolvimento de capacidades.

Essa sequência desanimadora de estatísticas demonstra que nem tudo é flores quando o tema é inteligência artificial nos negócios. Enquanto os resultados demoram a aparecer e a adoção sem estratégia pesa mais do que nunca entre as equipes, uma questão permanece: então, como adotar IA em 2026 de forma bem sucedida?

Impactos estratégicos da IA nos orçamentos de 2026

O panorama anterior não deixa dúvidas. Empresas que desejam realizar uma transformação digital efetiva não só devem prosseguir com cuidado, mas também precisam planejar a adoção desse tecnologia por meio do desenho de uma estratégia robusta e integrada.

A IA, em particular, deve ser planejada como uma linha estratégica dentro do orçamento, garantindo recursos contínuos para pesquisa, pilotos, implementação e escala de soluções.

Ter isso em mente é indispensável, sobretudo quando se considera que a IA generativa já é top 3 prioridades de negócio para mais de 60% das empresas nos próximos dois anos, segundo a Bain&Company. Há uma corrida global pela inovação, mas poucos realmente sabem como assumir a liderança – uma tarefa impossível sem estratégia.

Ademais, incluir IA no budget 2026 não se limita à mera eficiência. Ela abre caminho para modelos de negócio completamente novos, melhora a experiência do cliente, aumenta a capacidade de análise preditiva e acelera a tomada de decisões. O investimento deixa de ser um diferencial e passa a ser um elemento indispensável para a competitividade.

Indo mais a fundo no assunto, o impacto da presença da inteligência artificial no orçamento empresarial pode ser compreendido em algumas dimensões muito importantes para qualquer negócio:

Inovação e novas oportunidades

Destinar recursos para IA permite que a empresa explore soluções inéditas, desde a automação inteligente de processos complexos até a criação de produtos e serviços inteiramente baseados em dados.

Mais do que testar produtos, inovar com inteligência artificial confere flexibilidade e velocidade de adaptação acentuadas para empresas que conseguem integrá-la internamente de forma eficiente. Quando a jornada de adoção é levada à sério, nenhuma tendência ou oportunidade passa despercebida e pode ser rapidamente incorporada ao resto da estrutura.

Eficiência e escalabilidade

Investimentos em IA potencializam ganhos de eficiência e reduzem custos operacionais. Além de cortar despesas, trata-se de criar modelos escaláveis, que permitem atender mais clientes ou expandir operações sem elevar proporcionalmente os custos.

Ademais, uma boa estratégia de inteligência artificial tem um resultado secundário de recursos humanos interessante: o aprimoramento de capacidades pessoais dos times. O próprio relatório do MIT, inicialmente pessimista em relação aos resultados da IA até o momento, indica que o desenvolvimento pessoal é beneficiado por ferramentas de IA, apesar dos resultados empresariais não serem atingidos.

Outro indicador importante refere-se ao conhecimento de IA autodeclarado. Segundo a pesquisa da KPMG, não houveram mudanças significativas nesse percentual entre 2022 e 2024 globalmente, mas o Brasil foi um dos quatro países que se destacaram por relatar um aumento substancial nesse índice de conhecimento no intervalo pesquisado.

É possível inferir, portanto, que os brasileiros estão interessados por IA e prontos para utilizá-la; o cerne da questão e o verdadeiro catalisador da eficiência, nesse sentido, continua sendo uma boa estratégia de implementação empresarial em um nível macro.

Impactos no ROI

A narrativa sobre IA frequentemente se ancora em eficiência, mas a discussão mais popular está no retorno sobre o investimento. Todavia o ROI da IA precisa ser lido em múltiplos horizontes e considerado dentro de um plano, não por meio de ações pontuais.

No curto prazo, aparecem ganhos em produtividade e redução de custos operacionais. Já no médio prazo, a tecnologia abre espaço para modelos de negócio inéditos, novas linhas de receita e fidelização de clientes em escala. Por fim, no longo prazo, a inteligência artificial cria valor intangível: reputação de inovação, capacidade de atrair talentos de ponta e resiliência em cenários regulatórios complexos.

Acima de tudo, executivos precisam enxergar que a lógica do ROI em IA é distinta da lógica tradicional de CAPEX/TI: trata-se de um retorno que se acumula, intensifica e amplia conforme a organização internaliza a tecnologia.

Inteligência artificial nos diferentes níveis de maturidade empresarial

A partir do momento em que uma empresa decide adotar IA, não basta apenas comprar um software, encomendar um chatbot ou ensinar os colaboradores a criarem prompts. Ela deve embarcar em uma jornada de adoção, um processo evolutivo que em nada se parece com a abordagem imediatista e isolada que diversos negócios adotam quando se deparam com o entusiasmo e a necessidade da inteligência artificial em seus processos.

Compreender o estágio de maturidade da companhia dentro das etapas dessa jornada é o primeiro passo para um planejamento orçamentário eficaz. A pesquisa da AWS revela uma “divisão digital” no Brasil, mostrando que, embora a adoção seja ampla, a profundidade ainda é um desafio.

  • Estágio básico (62% das empresas brasileiras): Neste nível, o foco é tático, buscando ganhos de eficiência imediatos com soluções prontas, como chatbots. O grande risco aqui é a “armadilha da eficiência”: contentar-se com ganhos incrementais e perder a chance de inovar em níveis mais profundos do negócio;
  • Estágio intermediário (26% das empresas): A IA começa a ser integrada em diferentes funções, com o desenvolvimento de soluções mais customizadas, como sistemas de recomendação ou análise preditiva. O desafio passa a ser a governança de dados e a escassez de talentos para escalar as iniciativas;
  • Estágio avançado (12% das empresas): Aqui, a IA é central para a estratégia, usada de forma profundamente integrada. As startups lideram neste campo: 29% delas operam no nível avançado, em comparação com apenas 7% das grandes empresas, conforme aponta o estudo da AWS. Isso demonstra que agilidade e foco em tecnologia são cruciais para destravar o verdadeiro potencial da IA.

 

Como estruturar o investimento em IA dentro do budget

A alocação de recursos para inteligência artificial, assim como o planejamento financeiro de outros escopos, deve seguir uma lógica estratégica. É possível investir em IA de diversas formas, mas a coesão entre elas e com a estrutura da empresa é o que definirá se bons resultados serão alcançados ou não.

Em vez de pensar apenas em custos, o budget 2026 deve prever diferentes fases da jornada de adoção da IA, considerando principalmente o processo de transição de uma pra outra e as capacidades da empresa no momento atual.

Exploração e Discovery

Para empresas de todos os tamanhos que estão começando, o ponto de partida ideal consiste em investimentos em análise de processos, identificação de oportunidades de uso adequadas (os use cases) e testes de viabilidade.

Quando o interesse pela adoção de IA surge, investir em capacitações preliminares, assinaturas básicas para teste e em imersões para a liderança também são boas opções, uma vez que a real mudança precisa começar pelo alto escalão para se desdobrar com eficiência.

Pilotos e MVPs

Uma vez que o panorama inicial de oportunidades para uso de IA na empresa foi estabelecido, já é possível reservar orçamentos para validar hipóteses em ambientes controlados e com baixo risco.

Nesse contexto, projetos piloto e MVPs (Minimum Viable Products, ou Produtos Mínimos Variáveis em português) podem ser desenvolvidos internamente ou com o apoio de especialistas externos em processos de menor impacto ou fácil reversão para checar se a análise inicial faz sentido e se é viável escalar as soluções para a empresa inteira.

Escala

Se os testes apresentarem bom desempenho, a inteligência artificial pode começar a ser aplicada nos processos e sistemas de forma mais intensiva, assegurando a integração adequada com práticas já existentes e a adoção gradual pelos funcionários.

Nessa etapa, começar a acompanhar os resultados de perto e estabelecer métricas e indicadores de sucesso se torna fundamental. Os recursos dentro do budget empresarial passam a ser destinados para a expansão das soluções.

Capacitação

De forma simultânea à escala das soluções, investir tempo e recursos em treinamento e formação de equipes é uma abordagem de longo prazo que vai definir se os projetos e ferramentas de IA adotados vão realmente impactar a empresa ou não.

As empresas já esperam que habilidades de IA sejam essenciais para 48% dos empregos nos próximos três anos, mas apenas 32% acreditam estar preparadas para este movimento atualmente, segundo a pesquisa “Desbloqueando o Potencial da IA no Brasil – 2025“. Sendo assim, capacitar os colaboradores para que eles consigam acompanhar e protagonizar a jornada de adoção da IA é indispensável para uma estratégia de sucesso.

De modo geral, é evidente que alocar recursos para IA não é simplesmente comprar software; é investir em uma capacidade estratégica. Para o budget de 2026, a inteligência artificial deve ser percebida não como um remendo operacional ou um tiro no escuro, mas sim como um recurso tecnológico inovador de alto potencial que merece atenção e cuidado.

IA, geopolítica e ESG: novos vetores de orçamento

O planejamento orçamentário de IA não pode ser dissociado do contexto geopolítico e regulatório. O Brasil discute atualmente uma legislação de IA inspirada no AI Act europeu, o que implica custos adicionais de conformidade e necessidade de investimentos em governança.

Além disso, cadeias globais de suprimento de dados e infraestrutura digital estão cada vez mais vinculadas a disputas geopolíticas entre grandes blocos econômicos, o que torna o acesso a tecnologia e talentos uma questão de segurança corporativa.

Há também um vetor ESG. Investir em IA não se resume a ganhos de eficiência: cada vez mais, stakeholders exigem que a tecnologia seja aplicada de forma ética, transparente e inclusiva.

Orçar IA em 2026 significa também reservar recursos para garantir compliance regulatório, mitigação de vieses e construção de confiança junto a clientes, investidores e sociedade. Nesse sentido, a inteligência artificial deixa de ser um pilar apenas de TI e se integra ao núcleo de governança corporativa.

Conclusão

Mediante a todos os pontos aqui apresentados, podemos concluir que elaborar o orçamento de uma empresa para 2026 sem incluir IA é cada vez menos viável.

Como uma das tecnologias mais promissoras da atualidade e um expoente da inovação e automação, pensar e aplicar inteligência artificial aos poucos deixa de ser um diferencial e passa a ser um requisito competitivo.

Adotar IA de forma deslumbrada e desorganizada é perigoso, mas ignorá-la é igualmente prejudicial. Empresas que deixarem essa tecnologia de fora do budget de 2026 estão expostas não só à obsolescência tecnológica, mas também à perda de força de mercado e à vulnerabilidades frente a mudanças regulatórias.

Afinal, o Brasil já discute a criação de uma legislação de IA mais robusta. Organizações que insistirem em soluções prontas e isoladas enão investirem em governança, compliance e infraestrutura tecnológica terão dificuldade em se adequar, absorvendo custos imprevistos de adaptação. Por outro lado, aquelas que se preparem estrategicamente possuem grandes chances de liderarem os caminhos para o futuro.

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