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Startup Clarke Energia recebe R$ 3,2 milhões em rodada de investimento Seed

Startup Clarke Energia recebe R$ 3,2 milhões em rodada de investimento Seed

15 de maio de 2020
7 minutos de leitura
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Artigo atualizado em 15 de maio de 2020

Com apenas dois meses de fundação, a startup Clarke Energia, que gerencia a conta de luz de pequenas e médias empresas, recebeu R$ 3,2 milhões  em rodada de investimento Seed liderada pela Canary e que contou também com a participação de outros investidores como o fundo de alumni da Fundação Estudar (FEAP).

O investimento faz parte do Canary Fund II sendo que, das mais de 740 empresas avaliadas, foram investidos US$ 75 milhões em apenas 17 delas. 

Segundo o CEO da startup, Pedro Rio, a operação traz vantagem competitiva nesta fase inicial e que a tecnologia será testada com aproximadamente 2 mil clientes ainda em 2020.

De forma simples, por meio do aplicativo, é possível gerar economia sem investimento inicial. O empresário pode simular a viabilidade da Tarifa Branca, descobrir qual o tamanho e o custo ideal de implantação de um sistema fotovoltaico, acompanhar e pagar as contas de luz com maior facilidade, e outras análises possíveis. 

Para entender mais sobre o aporte recebido, o Distrito Dataminer conversou com Pedro Rio para saber mais sobre as perspectivas da empresa e os planos futuros. O material faz parte do mapeamento e acompanhamento mensal que é feito no Inside Venture Capital, estudo que traz todo mês uma análise profunda do que está acontecendo no mercado de Venture Capital no Brasil.



Entrevista Completa com Pedro Rio, CEO da Clarke

1. Como surgiu a ideia de criar a Clarke Energia? O que é uma gestora digital de energia? Qual dor do cliente vocês buscam aliviar?

A Clarke surgiu da nossa vontade de transformar um setor com diversas ineficiências, e que por causa disso, estimula o desperdício financeiro e o impacto ambiental. Principalmente inspirado pela forma como o setor elétrico opera em outros países. Entendemos que era possível criar um Energy SaaS para apoiar a contratação da energia de PMEs brasileiras.

Dessa forma, a Clarke se posiciona como uma Gestora Digital de Energia que orienta empresas sobre quais caminhos podem gerar mais economia na conta de luz. Dentro dessa jornada de redução de custos, acreditamos que o primeiro passo é um estudo tarifário, mas podemos também pensar em soluções de eficiência energética, monitoramento do consumo de energia elétrica através de medidores inteligentes e contratação de energia no mercado livre. Queremos reduzir a conta de luz das pequenas e médias empresas.

2. Como vocês melhoram a eficiência energética dos clientes? Vocês atuam no modelo B2B ou B2C?

Atuamos no modelo B2B. Nosso trabalho com o cliente começa na análise da conta de luz. Dessa forma, realizamos um estudo tarifário para identificar qual a melhor tarifa para seu negócio gerar economia.

Geralmente, atuamos na mudança para a Tarifa Branca (tarifa disponível para unidades de grupo B: pequenos comércios e pequenas indústrias). Por fim, em alguns casos também instalamos medidores inteligentes no cliente, que monitoram o consumo e ajudam a identificar oportunidades de eficiência energética que podem reduzir ainda mais a conta de luz. 

3. Qualquer pessoa consegue fazer o ajuste tarifário? O que é tarifa branca?

Sim, mas é necessário um estudo para verificar se esse ajuste é mesmo interessante para o cliente. Pode ser que um ajuste tarifário não gere economia significativa. Essa decisão, portanto, não pode ser um tiro no escuro.

Vamos dar um exemplo: suponhamos que uma empresa consuma em média R$ 1.000,00 por mês. Caso seu consumo seja majoritariamente no final de semana e no período diurno dos dias úteis, existe então um potencial de economia com a migração, podendo gerar até R$ 300,00 por mês de economia. Em muitos casos, é fundamental ter um suporte nessa migração, é aí que entra a Clarke. Nós analisamos o cliente, decidimos junto com ele a viabilidade ou não da alteração tarifária, e realizamos todo esse serviço de migração, afinal, muitas vezes esse processo pode ser extremamente desgastante. No final, oferecemos: segurança, economia e comodidade.

4. Quais são as principais barreiras para empreender no setor energético?

Sem dúvidas o setor elétrico é um dos mais complexos. Existem diversas barreiras, mas acreditamos que as principais sejam: conhecimento técnico (engenharia) e conhecimento prático (regulações), além da própria barreira de capital. Exatamente por esses motivos, acreditamos que o setor ainda carece de inovação e por isso, temos milhões de consumidores pagando muito mais do que deveriam em suas contas de luz.

5. Como foi o processo de levantar uma rodada de captação?

Na Clarke nós acreditamos que fundraising não é projeto e, sim, processo. Faz parte da rotina conversar com fundos, não apenas em função de uma eventual rodada, mas para validar constantemente nosso modelo de negócios, e com a Canary não foi diferente. Conectados por um de nossos investidores-anjos, começamos a conversar com eles quando ainda nem tínhamos CNPJ. Eles acompanharam tudo: a formação da estrutura societária, nossos primeiros MVPs, nossa ida inicial ao mercado e por fim a formulação da nossa estratégia. Formalizamos nossa rodada de investimento em Janeiro de ano com a assinatura do term sheet. Além da Canary, fizemos questão de envolver também a FEAP (Fundo de VC dos Alumnis da Fundação Estudar) e outros investidores-anjos para trazer muito conhecimento para nos ajudar em nossos futuros desafios.

6. Vocês têm parcerias com geradoras e distribuidoras? Elas são concorrentes ou aliadas?

No momento, não temos parcerias com geradoras e distribuidoras, mas não são consideradas concorrentes do nosso negócio. Temos contato com diversas empresas super relevantes dentro do setor e entendemos que em algum momento podem surgir parcerias estratégicas. Nossa intenção, alinhada com as deles, é levar o melhor serviço possível para os consumidores.

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7. Vocês atuam no mercado livre de energia? Como pretendem se posicionar neste setor que avança cada vez mais aqui no Brasil?

No momento, ainda não atuamos. Nosso foco está em oferecer adequações tarifárias para consumidores do mercado regulado. Contudo, acreditamos que o futuro é o mercado livre de energia. Nesse sentido, a visão da Clarke é se tornar a primeira comercializadora digital de energia livre do país. Acreditamos que o melhor momento para isso será quando for permitido comercializar energia para pequenos consumidores. Para isso, é fundamental aprovarmos o PLS 232/16, o qual acreditamos que, se conduzido da maneira correta, vai reduzir diversas ineficiências do setor elétrico brasileiro.

8. Como a crise do COVID-19 impactou a Clarke Energia? Quais principais mudanças precisaram ser feitas?

Em geral nosso produto faz sentido em períodos de crise. Ele ataca uma dor central que são os custos fixos de pequenas e médias empresas. Assim como o modelo de negócios da Clarke funciona bem também.

A Clarke é remunerada pelo cliente apenas quando ele tem uma economia real comprovada. Atualmente temos uma economia média de 8,6% na nossa base de clientes, mas sabemos que apenas com ajuste tarifário podemos chegar em até 30%. Sendo assim nossa única adaptação será na definição do nosso público- alvo, uma vez que alguns setores poderão fechar as portas por causa da crise.

9. Qual a principal lição que vocês aprenderam empreendendo? Têm alguma dica para quem está começando?

Acreditamos que ainda estamos bem no começo da nossa jornada enquanto empreendedores. E talvez, essa seja uma lição interessante. Acreditamos que nosso negócio é focado no longo prazo. E dessa forma, temos a clareza que o objetivo da Clarke é, além de criar um negócio rentável, também é transformar o setor elétrico brasileiro.

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O Inside Venture Capital surgiu para prover mais inteligência para tomada de decisão. Você encontra, mensalmente, análises sobre quantas rodadas de investimento aconteceram, qual o volume de capital movimentado e quais startups receberam aportes, permitindo que você esteja por dentro de tudo o que aconteceu no mercado de Venture Capital no Brasil.