Como a Neon se tornou uma das maiores Fintechs do Brasil?
Artigo atualizado em 9 de maio de 2019
A Neon foi uma das primeiras fintechs que o time de Venture Capital do Distrito investiu e apoiou. Foram três anos como investidor da empresa até que se optou pelo exit. O termo se refere ao momento que o investidor escolhe pela saída na participação do investimento . “Entramos no começo da empresa, participamos das duas primeiras rodadas. Na verdade, eu busco todos os dias startups como a Neon. Basicamente a empresa precisava captar e realmente tinha uma tração impressionante”, comenta o cofundador do Distrito, Gustavo Araújo.
Assim, em 2014, foi realizado o investimento e o Exit (ou saída) aconteceu em 2017. O que gerou um valor 15 vezes maior do que o foi fornecido no aporte inicial de entrada, explica Araújo. O investidor recomenda que os momentos e oportunidades de exit devam ser aproveitados. “Entramos muito no começo. Acreditamos que é importante o investidor aproveitar as oportunidades de saída, que são poucas”, reflete.
Objetivo do investimento
Dessa forma, para Araújo, com a Neon em outro patamar, mais de 100 funcionários, o objetivo já havia sido concretizado. “O múltiplo que estávamos recebendo já era mais que suficiente para criar um case de sucesso. Entendemos que era um momento estratégico com uma nova rodada de investimento. Outro ponto interessante é que 100% do dinheiro que foi investido retornou para outros investimentos do Distrito Ventures. Todos os investidores-anjo resolveram reinvestir o dinheiro”.
Além disso, Araújo evidencia um dos principais motivos pelo qual resolveu apostar e investir em Pedro Conrade, fundador da Neon. “Identificamos que o Pedro tinha um perfil empreendedor”, comenta. Na matéria “Startup: o que você precisa saber antes de abrir a sua” evidenciamos os principais motivos que influenciam na abertura de uma startup.
Agora, vamos ao principal! Neste artigo, você irá conferir uma análise completa de toda a estrutura, modelo de negócio e trajetória da Neon. Vamos passar por diversos momentos importantes durante toda a caminhada da empresa. Além disso, trazemos também opiniões importantes sobre as ações da empresa e seu posicionamento.
De investida para apoiador e mantenedor
Atualmente, a Neon é um dos sponsors e mantenedores do nosso hub de inovação Distrito Fintech. O espaço é o primeiro espaço exclusivo e dedicado às Fintechs, Insurtechs e Criptomoedas do Brasil.
A empresa que já foi investida do Distrito, hoje, mantém e apoia as iniciativas que fazemos dentro do nosso hub. “Sou eternamente grato ao que o Distrito fez. Eu tive uma relação próxima com o Gustavo Araújo. A Neon faz parte desse começo do Distrito e vice-versa. Só estamos onde chegamos graças ao apoio do Distrito para encontrar investidores e formatar os primeiros pitchs. Sem dúvidas, ótimos investidores”, comenta Pedro Conrade, CEO da Neon.
Para Conrade, a Neon sempre teve essa postura de fazer parceria, estar conectada e inovando. Dessa forma, a busca pela inovação sempre foi um dos pilares, como também esteve sempre presente no comportamento da empresa.
“Ser mantenedor foi uma oportunidade que vimos de estar perto do que está sendo feito e acontecendo no universo das Fintechs”, explica o empreendedor.
Para ele, inovação é um processo contínuo e, como empreendedor, você não pode “dormir no ponto”. Ou seja, é necessário ter uma execução rápida e atenta às mudanças. Como também estar em contato com o ecossistema e se aproximar das empresas, startups e iniciativas que estão sendo realizadas. “No Distrito tem uma quantidade gigante de Fintechs e startups bem interessantes, que talvez a gente não conhecesse. Por meio do ecossistema e do hub estamos tendo contato com isso”, reflete.
Os desafios e primeiros passos
Alexandre Alvares, CMO da Neon, conversou com nosso time e trouxe detalhes importantes sobre toda a trajetória da empresa. Ele entrou na empresa pouco tempo depois de sua fundação e consolidação. Além disso, participou também das fases de desenvolvimento do projeto, lançamentos de produtos e crescimento acelerado.
Algo curioso é que o nome da Neon não foi sempre esse, a empresa passou pelo que chamamos de rebranding. Inicialmente, ela se chamava Controly. “Quando eu cheguei, no final de 2016, estávamos com 40 mil usuários na base. Porém iríamos ainda lançar outros produtos e fazer melhorias na plataforma. Na época, o maior desafio que enfrentamos foi o lançamento da conta digital. Foram mais de cinco mil pedidos em 48 horas”, comenta.
Sobre o fato é interessante que você confira o vídeo abaixo que a empresa disparou, na época, após bater a meta de cinco mil pedidos da conta digital. É importante observar como a marca se posiciona e como é feita toda a comunicação. Há um cuidado na transparência e no posicionamento ao esclarecer toda a situação para os clientes.
Algo curioso é que, atualmente, a base da Neon já ultrapassou os 2 milhões de usuários. Além disso, Alvares comenta sobre o crescimento da empresa em 2017, que ultrapassou os 100 colaboradores e começou a ganhar uma proporção maior para dar conta da operação do negócio.
A busca por educar para fidelizar
Na conversa com Alvares percebemos como a Neon posicionou o lançamento de seus produtos com o intuito de gerar valor para sua base de clientes e consumidores com o objetivo de entregar uma ferramenta voltada à educação financeira para fidelizar e ajudar o seu público-alvo a economizar.
A ferramenta Objetivos foi criada pela equipe da Neon para ajudar os clientes a manter as metas de economia. O serviço foi criado com o intuito de fazer com que as pessoas que não passassem horas planilhando seus gastos e calculando seus investimentos. “No app também é possível programar investimentos, como também guardar dinheiro. Essa ferramenta teve uma tração muito grande”, complementa.
Portanto, ao analisar a estratégia com olhar analítico percebemos que esse tipo de inovação é realizada com a intenção de trazer um diferencial para o negócio. O intuito é trazer algo que incremente o que é ofertado (sem trazer gastos para o cliente) e que faça com que ele utilize mais as ferramentas, aplicativos, aumentando a frequência de uso e dando maior satisfação.
Em busca de inovações
“Fomos também a primeira Fintech a permitir transferências por meio de comando de voz da América Latina. Além disso, permitimos também, mais adiante, que o cliente realizasse compras online por meio da selfie. Para a gente é muito importante estar a frente, testando novas tecnologias, sempre com o propósito de simplificar e dar mais domínio da vida financeira para os clientes”, afirma.
Como explica Alvares, a forma como uma empresa aplica a tecnologia é uma maneira de trazer ao cliente mais segurança e conforto. Ao olharmos para o case de sucesso da Neon percebemos como o posicionamento da marca sempre foi trabalhar muito bem a imagem, inovando inclusive na forma de se comunicar com o cliente.
Dando a volta por cima
Em maio de 2018, a Neon precisou lidar com situações muito distintas em pouco tempo. Dessa forma, ao anunciar que havia recebido um aporte de R$ 72 milhões, a empresa se deparou com outro problema, a liquidação do Banco Pottencial, seu antigo parceiro e que inviabilizava parte da operação do negócio.
Assim, a situação causou polêmica na época, deixou muitas pessoas na dúvida e, inclusive, clientes e parceiros. Em pouco tempo a situação foi resolvida. A Fintech foi rápida e encontrou no Banco Votorantim um parceiro de negócio para dar prosseguimento às antigas operações realizadas pelo Banco Pottencial.
No vídeo abaixo, a própria Neon fez um vídeo explicativo que conta em detalhes toda a situação.
Portanto, ao analisarmos esse caso percebemos algumas características importantes em uma gestão de crise:
- Rapidez na busca de um novo parceiro;
- Transparência na comunicação e respostas rápidas aos clientes;
- Abertura e contato do CEO para dar entrevistas e explicar a situação.
“A gente atuou como uma startup deve atuar, com muita velocidade no início, contando com a equipe. Nosso maior asset são as pessoas aqui dentro. O time estava muito focado em resolver, buscar soluções e responder a todos e encontrar um novo parceiro de operação. O objetivo foi fazer uma transição rápida e estar com tudo rodando em menos de um mês”, evidencia Alvares.
De olho nas pequenas e médias empresas
Algo interessante que Alvares comenta durante a entrevista é sobre o foco da Neon de impactar outras vertentes e públicos. Dessa forma, a empresa lançou a Neon Pejota que é 100% digital. O objetivo é ser uma solução para MEIs e Pequenas Empresas.
Inclusive, a empresa em seu blog evidencia alguns dados interessantes que compilam e demonstram a demanda desse tipo de público por um serviço que supra suas necessidades. Por exemplo, o prazo médio para abrir uma empresa no Brasil é de 80 dias e o custo médio de uma conta PJ (pessoa jurídica) é de R$ 92 por mês, de acordo com levantamento realizado pela Neon. Deve ser por isso que há mais de 3,7 milhões de CNPJs no país que são “zumbis”, sem atividade.
“O foco principal da Neon Pejota são MEIs e ME. Pequenos empresários que estão no começo da operação ou que têm um espaço para crescer. São pessoas e empresas que precisam de uma conta para operar no dia a dia e hoje tem dificuldade em manter essa conta pelo custo muito alto”, comenta.
Assim, ao analisar esse movimento da Neon percebemos seu intuito de focar em mercados específicos e já se posicionar diante deles com o intuito de oferecer uma solução voltada a esse público.
Portanto, esse tipo estratégia é essencial para já demarcar território diante da concorrência, como preparar um posicionamento correto e voltado para o cliente. Tudo isso influencia no momento do pequeno e médio negócio escolher um serviço financeiro.
A importância de investimento para uma startup
“Nós estamos em um mercado de baixa margem, que depende de volume de escala e quando falamos de inovação. Precisamos estar em constante movimento e lançando produtos diferenciados”, reflete Alvares ao comentar sobre como um investimento pode ajudar uma startup, principalmente fintech, a ter fôlego na operação para conseguir se estruturar diante das margens pequenas.
Além disso, o investimento ajuda a empresa a ter dinheiro suficiente para investir em seu time como em profissionais qualificados.