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Crise econômica: é um bom momento para investir?

Crise econômica: é um bom momento para investir?

12 de setembro de 2023
5 minutos de leitura
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Artigo atualizado em 12 de setembro de 2023

A pandemia e a guerra na Ucrânia deixaram muitas marcas, entre elas uma crise econômica e de investimentos sentida pelo mundo todo.

Como consequência, houve aumento das taxas de juros em diversos países, fazendo com que os investidores adotassem uma postura mais conservadora, diminuindo sua participação em investimentos de risco.

Com isso, surge o questionamento: o melhor momento para investir em startups é no meio de uma crise?

Continue a leitura e entenda os motivos do porquê investir em empresas de tecnologia durante momentos de crise pode não ser uma má ideia!

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Crises deixam os investidores mais cautelosos

Os últimos meses com certeza não foram fáceis para o ecossistema de inovação.

A quebra do Silicon Valley Bank, a guerra na Ucrânia e o aumento da taxa de juros a níveis recordes tiveram consequências diretas no mercado brasileiro de startups, que experimentou uma queda de 51,4% no volume de investimento recebido no primeiro semestre de 2023 em comparação ao semestre anterior.

Isso porque, aumenta-se a cautela dos investidores que, em meio a tantas incertezas, adotam uma postura conservadora e optam por avaliar melhor sua participação em investimentos de risco, como aconteceu nas crises de 2000 e 2008.

Além disso, juros altos significam que o acesso ao capital é menor, diminuindo também a quantidade de recursos disponíveis para investimentos em startups.

Isso reflete diretamente na quantidade de investidores ativos.

Dados do Distrito apontam que, em 2021, quando o Venture Capital vivenciava um momento favorável sem precedentes, o Brasil contava com 577 investidores distintos.

Já em 2023, com o inverno das startups, o país tinha, até o final de julho, 172 investidores diferentes, correspondendo a 29,8% do total de 2021.

Mas, podem trazer oportunidades únicas de investimentos

Se por um lado menos investidores representam menos capital, por outro isso gera oportunidades únicas para quem quer investir.

Em primeiro lugar, a exclusão de investidores no mercado significa que há menos concorrência. Dessa forma, aumentam-se as possibilidades de acesso a boas empresas que, por sua vez, estão com valuations mais baixos que em períodos de euforia do mercado.

Além disso, essa redução no número de investidores gera melhores condições de negociação para quem fica, permitindo que os Venture Capitalists (investidores de riscos) assumam a centralidade do processo e o protagonismo do ecossistema de investimento em startups no cenário nacional.

Por fim, crises exigem maturidade. Segundo mapeamento do Distrito, em 2021, no auge do ecossistema de inovação, a idade média de atuação dos investidores era de 1,8 anos, ou seja, investidores que aportaram recursos em startups brasileiras tinham 1,8 anos de atuação no mercado nacional.

Hoje, essa idade subiu para 3,2 anos, apontando para a criação de um ambiente de investimentos robusto em questão de experiência dos players e gerando um bom momento para se investir.

Crise e inovação andam juntas

Um fator une a trajetória da Microsoft, Airbnb, Uber, Whatsapp, Instagram e Square: todas foram criadas em momentos de crise.

As crises trazem a necessidade de se reinventar e as startups são especialistas em criar soluções inovadoras.

Não só isso, aprender a sobreviver em um ambiente onde o acesso ao capital é menor não é uma tarefa fácil.

Startups que aprendem a adequar suas operações com a escassez de recursos são mais fortes e propensas a progredir em meio a crises, além de criarem robustez.

Este cenário cria um momento ideal para se investir, uma vez que os Valuations são corrigidos e o ticket-médio diminui.

Dessa forma, para realizar um investimento de risco em startups, principalmente em startups early-stage, o investidor deve desembolsar uma menor quantidade inicial, conforme mostra o gráfico abaixo.

Crise econômica: é um bom momento para investir? Gráfico de ticket médio de investimentos

Para Carlos Costa, partner na Valor Capital:

“[…] as rodadas de investimento ficaram muito mais realistas. Na nossa visão, os riscos e perigos vistos em 2021 eram função não apenas de valuation injustificáveis em muitas ocasiões, mas também na complacência e baixos padrões para uma nova alocação de capital. A psicologia do mercado era baseada no “Fear of Missing Out”.

Diante do apresentado, períodos de crise podem trazer retornos maiores

Um dos fatores mais importantes para se definir se este é o melhor momento para se investir é o retorno que investimentos em tempos de crise têm.

Para que um investimento seja vantajoso, é preciso que ele traga um bom retorno financeiro, o que é observado por Venture Capitalists que apostam em períodos de crise.

Um levantamento da Next Frontier Capital e da Cambridge Associate sugere que os Limited Partners (LPs, ou parceiros limitados, em português), investidores de um fundo de Venture Capital, têm ganhos relativamente maiores em anos pós-crise, como observado em 2003 e 2010.

Conforme gráfico abaixo, o VC Relative Performance Index (VCRPI, Índice de Desempenho Relativo VC, em tradução livre), um indicador que combina o desempenho agregado dos fundos de VC de cada ano em relação aos cinco anos anteriores, é maior em anos seguintes a anos de crise no mercado.

Crise econômica: é um bom momento para investir? Gráfico de performance por ano de fundação do fundo

Com tudo isso em mente, fica claro que este pode ser um bom momento para se investir.

Para o venture capitalist Cassio Azevedo:

“Enfrentar momentos difíceis exige coragem das partes envolvidas. Imagine se todos do ecossistema tiverem a coragem de aproveitar essa oportunidade, o setor de investimentos e empreendedorismo poderá alcançar um novo patamar de eficiência, transparência e sucesso.”, finaliza.