Descomplica: “A ‘volta à normalidade’ traz um caminho sem volta para a busca por algo mais híbrido”, conta Daniel Pedrino
Artigo atualizado em 2 de março de 2022
Há quem ache que o Ensino a Distância (EAD) seja algo recente, porém a plataforma de ensino Descomplica atua no nicho desde 2011, quando pouco se falava sobre o EAD. A edtech começou trazendo ao mercado uma solução acessível e descomplicada para ajudar os estudantes do Brasil inteiro a passarem no ENEM e ingressarem nas principais universidades do país.
Desde então, a empresa cresceu muito e hoje, além do curso pré-vestibular, possui outros focos: Enem e vestibular, graduação, pós-graduação e diversos cursos livres. Todas as modalidades estão dentro da plataforma da plataforma de ensino da startup, e são lecionados de forma criativa, utilizando elementos da cultura pop e muita descontração para tornar o estudo cativante e disponível para todos.
Daniel Pedrino, Presidente da Descomplica, em entrevista ao Distrito, compartilhou um pouco sobre a trajetória da plataforma, a tecnologia usada, o futuro da empresa e muito mais. Confira a conversa!
Caminho para o sucesso
Em dez anos, a Descomplica passou de uma plataforma de cursinho pré-vestibular para a maior empresa de educação digital do país, com cursos de graduação e pós-graduação. Como foi a construção dessa marca num país onde há pouco investimento em educação?
A construção da marca Descomplica, nesses 10 anos, foi feita ligada ao nosso propósito genuíno e transparente de levar conteúdo de qualidade para o aluno. A marca, desde o primeiro dia, foi construída para que a gente pudesse oferecer a solução para os alunos que quisessem buscar algum conteúdo, naquela época relacionado ao preparatório para vestibular, e que encontrasse na Descomplica uma empresa de educação que oferecesse de maneira transparente e justa para ele o ensino.
A gente sempre buscou o momento mágico do aluno — aprendi e agora entendi como isso funciona — e a gente acha que isso deveria ser feito de uma maneira descomplicada e para todos. A grande maioria dos nossos conteúdos são abertos a todos e descomplicados, porque a gente entendeu que a construção da marca se daria por foco obsessivo em três coisas.
O primeiro é a tecnologia. A gente entende que a educação é feita a centenas de anos da mesma maneira e a gente investiu pesado em tecnologia para ter a melhor plataforma, o melhor sistema de engajamento do aluno e a melhor maneira de ajudar o aluno com tecnologia na palma da mão para aprender. Hoje nosso time de tecnologia tem mais de 250 pessoas.
O segundo é o conteúdo com muito entretenimento, uma aula de trigonometria ou de história da arte tem que ter entretenimento, e isso é possível. Conseguimos falar de exemplos de empreendedorismo com humor e dar uma aula de soft skills usando elementos da cultura popular.
Por fim, mas o principal de todos, é o professor. O bom professor pode dar aula até debaixo da água. O professor que ainda não está preparado para o mundo digital não consegue. Temos um investimento bem significativo para encontrar esses professores no Brasil e para capacitá-los, a fim de que eles possam dar um salto cada vez maior e ensinar os alunos de maneira habilidosa.
Investindo nos objetivos da empresa
De 2011 pra cá, a Descomplica conseguiu mais de US $114 milhões em investimentos. Como vocês elencam as prioridades entre os setores da empresa para distribuir o budget?
A Descomplica é uma empresa de educação digital e a gente vem evoluindo durante todos esses anos, entendendo a mudança de comportamento social do jovem e olhando para onde a gente poderia fazer investimentos que fossem mais aderentes. Quando a gente olha, o investimento tem dois aspectos: um deles é para a necessidade atual da companhia, onde a gente tem que colocar mais recursos e investir mais para aumentar a nossa base de alunos, e outra é a visão de médio a longo prazo, onde a gente tem que começar a construir a tecnologia e novas maneiras de ensinar que serão o futuro da companhia.
A gente dividiu esse pensamento e a alocação de capital, parte nos negócios atuais – que estão se desenvolvendo e crescendo drasticamente -, e parte incubando novas apostas e novas tendências que, na nossa opinião, vão fazer a mudança no setor educacional no futuro.
Em termos de áreas, todo investimento de capital nosso é priorizado no olhar do aluno. Todo investimento que é feito é realizado com base no que é melhor para o nosso cliente. Por isso, a maior parte do nosso investimento está em três áreas: customer experience, produto/tecnologia e o aprendizado.
Olhando para o futuro do ensino
Quais são os próximos passos da empresa?
São os mesmos passos desde o começo: continuar sendo uma empresa de educação para todos e que seja descomplicada. Que a gente consiga simplificar aquilo que sempre foi complicado ao aprender e que vá de encontro ao que as pessoas estão buscando profissionalmente.
Em termos de visão, cada vez mais a gente quer se tornar uma empresa de educação digital e que a solução possa estar na mão de todas as pessoas do mundo que possam precisar de educação digital em algum momento da vida.
Nós começamos sendo uma empresa que preparava os alunos para o vestibular, depois para concursos públicos, para graduação, para pós-graduação e uma empresa que oferece soft skills em diversos cursos livres e de extensão. Uma empresa que prepara empresas para treinar os melhores colaboradores.
A cada momento a gente quer estar mais presente em toda a jornada de vida. A nossa visão sobre para onde a gente está indo é que a gente seja essa solução de aprendizado, no ensino básico ou no último curso que alguém vá fazer na vida, que cada um consiga utilizar a Descomplica em um click, e que se divirta e aprenda com a gente e veja que no final de tudo o que fazemos é gerar mais renda e realizar o sonho das pessoas que estudam aqui.
O impacto da pandemia e o “novo” normal
Acredita que as mudanças sociais e econômicas que aconteceram com a pandemia tiveram impacto na trajetória de crescimento da empresa? E quais são as possíveis consequências que a volta à normalidade podem trazer?
Essas mudanças tiveram impacto na Descomplica de duas maneiras: a primeira é no possível pré-conceito do uso de ensino digital no Brasil. As pessoas, no início da pandemia, foram jogadas para essa modalidade e tiveram que experimentar. A parte boa é que o cenário obrigou a todo mundo a buscar mais conhecimento sobre a modalidade de educação digital e a parte ruim é que a maioria das soluções hoje no Brasil são ensinos a distância. No final das contas, o que temos é o ensino presencial gravado e a experiência com essa modalidade não foi tão boa.
Entretanto, a parte positiva nisso tudo é que as soluções como Descomplica que nasceram digitais cresceram muito. Observamos um crescimento bem importante pós-pandemia. E mais do que isso, a retenção dos alunos que continuam estudando com a gente é bastante expressiva. O NPS na graduação da Descomplica é superior a 70, o que é muito raro no mundo inteiro.
Outro aspecto relevante para a discussão é que, essas mudanças que aconteceram no Brasil e no mundo com a pandemia, tornaram o abismo social cada vez maior. O poder de compra do brasileiro diminuiu, a diferença entre classe A e D aumentou ainda mais, com isso, nosso propósito: aprender é para todo mundo, atrelado à maneira como a praticamos o melhor conteúdo do mundo com preço acessível que caiba no bolso dos brasileiros, possibilitou a oferta de um ensino de qualidade em um momento no qual as pessoas se viram sem poder pagar por educação.
A “volta à normalidade” traz um caminho sem volta para a busca por algo mais híbrido, a presencialidade nunca vai deixar de existir, mas vai existir uma ressignificação da presencialidade no ensino. As pessoas vão querer continuar se encontrando, mas para interagir, para jantar, trocar conhecimento juntos. A gente percebe o aumento de soluções como a Descomplica, com tecnologia, com conteúdo de entretenimento e bons professores para poder evoluir e que não necessariamente a gente precise ficar 2 ou 3h no trânsito para isso. O aprendizado digital possibilita uma melhor qualidade de vida hoje.
Entrando em novos segmentos
Você poderia nos explicar sobre os drivers de crescimento que a descomplica observou para entrar em cursos ead de graduação e cursos relacionados a especialização?
A nossa missão sempre foi tornar a Descomplica uma plataforma de ensino digital em todas as fases da vida do brasileiro. Em 2017 e 2018, começamos a estudar quais seriam os próximos 10 anos da empresa e entendemos que havia uma oportunidade e os nossos alunos pediam por isso.
Lançamos a faculdade digital em 2020, lotando as primeiras turmas rapidamente. Entendemos que existe um perfil de aluno mais jovem e digital que estava buscando uma solução que não encontrava no mercado. Hoje, preparamos os alunos para o vestibular, temos mais de 5 milhões de usuários por mês, uma base de dados que possibilita a compreensão do comportamento social e para onde as profissões do futuro estão rumando, montamos a faculdade em torno disso.
Foi um caminho natural e chegamos ao segundo ano da faculdade com mais de 100 mil alunos matriculados entre graduação e pós-graduação, o que talvez é uma das maiores taxas de crescimento orgânico no país, o que mostra que fizemos a lição de casa, estamos prontos para evoluir e isso é só o começo.
Rumo ao valuation de US$ 1 bi
A plataforma de ensino online Descomplica está em nosso radar de aspirantes à unicórnio para este ano. Acesse a lista completa de aspirantes e confira nossa análise de mercado e contexto que leva cada um deles para o caminho de desenvolvimento acelerado.