Fintechs brasileiras receberam mais de US$ 14,8 bilhões desde 2018
Artigo atualizado em 29 de fevereiro de 2024
As fintechs brasileiras receberam mais de US$ 14,8 bilhões em aportes desde 2018. Só nos dois primeiros meses desse ano, foram US$ 168 milhões distribuídos em 25 rodadas de investimento. A saber, na América Latina como um todo, startups de todos os setores receberam, juntas, mais de US$ 41 bilhões no mesmo período. Dessa forma, fica evidente que as fintechs desempenham um papel fundamental no venture capital.
Para Tiago Ávila, Head of Data & OPS, “O volume investido revela que as fintechs constituem hoje o setor mais maduro dentro do ecossistema, capaz de atrair os maiores cheques. Ainda assim, há um espaço gigantesco para evolução deste setor”, afirma.
Prova disso é que, de acordo com dados do Distrito, as fintechs brasileiras caírem drasticamente — passando de US$ 2,68 bilhões em 2022 para US$ 1,03 bilhão em 2022. Mesmo diante dessa queda, esse foi o setor que mais captou investimentos no ano passado.
Além disso, 4 dos 10 maiores deals do ano ficaram por conta das fintechs (QiTech – US$ 200 mi, Creditas – US$ 70 mi, Nomad – US$ 61 mi e Clara – US$ 60 mi).
O capital distribuído em estágios
Desde 2018, o estágio Series C foi o que concentrou maior volume de aportes, com US$ 3,6 bilhões investidos em 50 rodadas. Os estágios Series A e B também surpreenderam, com US$ 2,2 bilhões e US$ 3,4 bilhões, distribuídos em 269 e 108 aportes, respectivamente.
“A evolução na maturidade do sistema é clara, com cada vez mais startups superando o que chamamos como o ‘vale da morte’, estágio que coloca em prova a qualidade da solução, sua aderência com as dores do mercado e a capacidade de sustentação e crescimento desses negócios”, pontua Ávila.
Nos estágios iniciais (Anjo, Pré-Seed e Seed), foram mais de 1250 aportes, o que indica ainda um claro apetite de investidores em apostar e financiar em novos projetos.
Apetite dos investidores em fintechs brasileiras
Com US$ 70,4 milhões, a Warburg Pincus foi a gestora de venture capital que mais investiu em fintechs brasileiras em 2023. Em seguida, se destacaram a Valor Capital e a Clocktower Technology Ventures, com US$ US$ 29,8 milhões e US$ 29,1 milhões, respectivamente.
Além disso, as corporações também não ficaram de fora, visto que essas startups são essenciais para impulsionar a inovação. A Inovabra Ventures, iniciativa de Corporate Venture Capital (CVC) do Bradesco, já aportou mais de US$ 40 milhões nessas startups. Similarmente, Qualcomm Ventures, CVC da Qualcomm Incorporated, já destinou US$ 48 milhões para fintechs.
Fusões e Aquisições
Não é surpresa que as fintechs se destacaram quando o assunto é operações de fusões e aquisições. Mesmo com o inverno vivenciado pelas startups em 2023, ocorreram 23 operações.
Apesar da forte atuação das corporações, a maturidade do ecossistema já tem possibilitado que outras startups, em estágios mais avançados, também participem ativamente das transações de fusões e aquisições. Enquanto as grandes empresas foram responsáveis por 46,2% destas movimentações, as startups colocaram-se como adquirentes em 48,1% das negociações realizadas ao longo do ano.
Como a crise impactou as fintechs brasileiras?
Uma crise sem precedentes marcou o ano de 2023. A quebra do Silicon Valley Bank, a guerra na Ucrânia e o aumento da taxa de juros a nível mundial chacoalhou o mercado.
Nesse ínterim, as startups foram atingidas por um inverno rigoroso que fez os investimentos caírem em 51,4% no primeiro semestre de 2023 em comparação ao semestre anterior.
Obviamente, as fintechs brasileiras não saíram impune desse inverno. Dada a escassez de capital e o conservadorismo dos investidores, elas tiveram que se reinventar.
“Em 2023, acredito que muitos se voltaram para análises internas e, como vimos na mídia, isso levou a diversos lay-offs e reestruturações. Isso ocorreu porque os fundos tornaram-se muito mais seletivos em relação aos ativos nos quais investem”, avalia Julia De Luca, investment banking – tech coverage do Itaú BBA, “o que começa a acontecer nesse setor é a consolidação das teses”.
Assim, embora a crise econômica tenha abalado o setor, as fintechs mostraram que sua resiliência foi fundamental para sobreviver a tempos difíceis.
E o que podemos esperar para 2024?
Assim como já adiantado por Julia De Luca, para 2024, podemos esperar uma consolidação do setor. A tendência é que empresas menores e especializadas busquem fusões para formar entidades maiores, impulsionadas pelo limite de crescimento individual e pela necessidade de captar novos recursos.
No que tange ao mercado de venture capital, muitos fundos ainda detêm recursos significativos. Contudo, a alta nas taxas de juros tornou investimentos menos arriscados mais atraentes, fazendo com que os fundos adotassem uma postura de maior cautela, concentrando-se em empresas já presentes em seus portfólios.
A expectativa é que, com a abertura do mercado de ações americano e a entrada de empresas de tecnologia ainda privadas na bolsa, haja uma reciclagem de capital, atuando como um gatilho para novos investimentos. Embora seja improvável que o mercado retorne aos níveis de 2020 e 2021, um retorno aos níveis de 2019 já seria considerado uma recuperação significativa.
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