Grupo Barigui aposta em banco digital e quer alcance nacional
Artigo atualizado em 17 de setembro de 2019
Banco Bari chega ao mercado com operação focada em crédito com garantia de imóvel
Criado a partir de uma concessionária Fiat, em 1993, o Grupo Barigui, uma das empresas familiares mais tradicionais do Paraná, deu um passo importante nos últimos meses para estender seu alcance ao restante do país.
O conglomerado tem sob seu guarda-chuva 63 revendas de veículos na região Sul, uma corretora de seguros e uma companhia hipotecária. Portanto, a empresa obteve, no fim de 2018, autorização do Banco Central para transformar sua financeira em uma operação de banco digital – recém batizado de Banco Bari.
O lançamento de seu principal produto, um cartão de crédito com limite de R$ 1 milhão, com garantia de imóvel, virou notícia no mês passado por seu ineditismo no país.
O novo banco quer explorar um mercado com enorme potencial de crescimento. O home equity é um tipo de operação que usa imóveis como garantia para empréstimos. Nos Estados Unidos, essas linhas representam cerca de 15% do crédito residencial, enquanto no Brasil elas não passam de 2%.
“Além do cartão, teremos também conta corrente e poupança, com o objetivo de ajudar o brasileiro a poupar”, diz o presidente do Banco Bari, Rodrigo Pinheiro. “Queremos reduzir o esforço financeiro do brasileiro, oferecendo prazos maiores e com taxas menores.”
A chegada de Rodrigo Pinheiro
Pinheiro chegou ao Grupo Barigui em 2007 para montar uma operação de crédito imobiliário. Ele é português, sempre trabalhou no mercado financeiro e fez carreira no Banco Espírito Santo. Assim, desde o início dos anos 2000 monitorava o mercado de imóveis no Brasil à espera de uma oportunidade. Ele é um entusiasta das operações de Home Equity. Portanto, agora, foi responsável por transformar a Financeira do Grupo Barigui em um Banco. O projeto já nasce com uma carteira de R$ 800 milhões em home equity e com a meta de atingir R$ 1 bilhão em dois anos.
“Como financeira, tínhamos entraves legais que impediam algumas operações e nos obrigavam a contratar terceiros. Por isso, decidimos virar um banco”, conta Rodrigo. O foco no mercado imobiliário só foi possível, segundo ele, porque nos últimos anos, uma série de mudanças na legislação por parte do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tornou o produto mais escalável. “Muitas dessas mudanças, inclusive, foram provocadas por nós.”
Parceria do Distrito Spark com a Barigui
O banco tem hoje 200 colaboradores. Parte da equipe de tecnologia começou trabalhando no Distrito Spark CWB, um hub de inovação para startups em Curitiba. O próprio grupo Barigui, junto com Rumo e Bosch, é mantenedor do espaço. Hoje, o time está em um prédio próprio. “O grupo tem investimentos em outras startups e estamos sempre buscando ideias novas e analisando novos negócios”, diz Pinheiro. “Ser mantenedor do Distrito faz parte dessa estratégia.”
O banco já investiu em uma startup de Curitiba voltada para educação financeira -um dos pilares de sua operação. O projeto foi lançado inicialmente com o objetivo de ensinar crianças a poupar. Mas deve se tornar uma plataforma mais ampla, para ajudar não apenas esse público, mas qualquer pessoa que queria aprender como guardar dinheiro, mesmo que não seja cliente do Bari.
A cultura das startups já está, de certa forma, no DNA do grupo. Uma das fintechs mais promissoras de Curitiba surgiu no início do ano passado, a partir de um spin-off da Barigui Companhia Hipotecária. A Bcredi oferece crédito imobiliário em um processo 100% online e, hoje tem o Banco Bari como um dos sócios. “A ideia é que novos negócios e novas soluções surjam desse relacionamento com startups no ecossistema de Curitiba. Estamos só começando.”
Ficou curioso sobre o cartão de crédito?
O Bari card, de bandeira Elo, tem o maior limite de crédito do Brasil. Ele pode chegar a R$ 1 milhão para quem possui bem imobiliário avaliado acima de R$ 2 milhões. O valor do limite corresponde a até 50% do valor do imóvel usado como garantia.
O cliente pode sacar até 90% do limite. Nesse caso, ele contrata uma operação de crédito – em processo 100% digital – com parcelamento em até 120 meses. Para parcelamentos de até R$ 30 mil, a taxa mensal é de 1,99% ao mês.
Para valores acima disso, o cliente pode fazer uma operação de home equity. Ou seja, empréstimos dentro do limite de crédito disponível, com taxas a partir de 1,09% + IPCA, variando conforme o tipo do imóvel.