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Da garagem à Bolsa de Valores, entenda como funciona o IPO de startups

Da garagem à Bolsa de Valores, entenda como funciona o IPO de startups

4 de março de 2020
7 minutos de leitura
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Artigo atualizado em 4 de março de 2020

IPO da Uber, da XP, da Locaweb… É comum que os IPO de startups sejam notícia no mundo do empreendedorismo. Não é para menos. Ter uma oferta pública inicial (initial public offering, ou IPO) bem-sucedida é mesmo o sonho de muitos empreendedores. Mas você sabe realmente o que isso significa?

Um IPO acontece quando uma empresa vai fazer uma oferta pública de suas ações na Bolsa de Valores pela primeira vez, processo que também é chamado de abertura de capital. Para fazer um IPO, é preciso que os sócios resolvam vender parte da empresa para o público — o termo “público” no nome, aliás, vem daí, pois qualquer pessoa interessada pode efetuar a compra das ações.

Neste artigo, vamos explicar como funciona o IPO de startups e também mostrar alguns exemplos bem-sucedidos — e outros nem tanto.

Como funciona o IPO de startups

O IPO de startups, assim como de outros tipos de empresas, requer uma série de passos. Começa pelo planejamento, que é uma das etapas mais importantes. Isso porque não basta querer para abrir o capital. É preciso analisar uma série de fatores, como as expectativas futuras do setor em que o negócio atua. Se as respostas forem positivas, a ideia pode ser levada adiante.

Depois, vem o registro na Comissão de Valores Imobiliários, a CVM. Para fazer o IPO, essa etapa é indispensável. Depois do registro, é preciso ainda pedir permissão a esse órgão governamental para que a empresa seja listada na Bolsa de Valores.

Em seguinta, em parceria com a Bolsa de Valores, a startup cria um prospecto de oferta pública, que consiste em um documento com informações relevantes para os futuros investidores. Nele devem constar dados sobre a empresa e sobre as ações que serão ofertadas — por exemplo, a quantidade.

Caso tenha ficado muito interessado, um investidor pode querer comprar ações ainda antes do IPO. Nesse caso, ele deve solicitar uma reserva de ações, o que nos leva à etapa seguinte, a de administração das reservas. Com base nesse período de reservas, é possível avaliar a demanda pelas ações — o bookbuilding — que vai levar à precificação final.

Chega, enfim, o momento do IPO, que vai revelar se as expectativas criadas nos meses anteriores vão ou não se consolidar. Agora, a startup pode divulgar o resultado do IPO, ou seja, quanto recebeu nessa abertura.

O processo de IPO pode demorar meses e custar caro. Isso porque, por ser um processo complicado, é comum que empresas destinem uma pessoa para cuidar do assunto. É preciso montar uma equipe com profissionais como banqueiro de investimento, advogado, contador e especialista em CVM.

Como é a primeira vez que os donos do negócio abrem mão de uma parte da empresa, esse momento pode ser de apreensão.

No caso das startups, as incertezas têm mais um motivo. É que essas empresas inovadoras são marcadas pela busca por investimentos para crescer rapidamente. A preocupação com lucros fica para mais tarde. Na medida que recebem investimentos, as startups crescem e conseguem outras rodadas, aumentando seu valuation. Tudo isso sem, no entanto, gerarem lucro de fato. 

No momento do IPO, porém, isso pode contar de forma negativa, acarretando na perda de valor de mercado. Mas, sobre esse assunto, falaremos mais adiante.



Por que startups abrem capital?

O objetivo de todo IPO é a captação de recursos para as empresas, e com as startups não é diferente. O processo de abertura de capital pode trazer uma série de vantagens para a empresa. Primeiro, mostra ao mercado que a startup já cresceu o suficiente a ponto de precisar de mais capital para seguir se desenvolvendo. 

Falamos no início do post que o IPO é também o sonho de muitos empreendedores. Isso porque, com o processo, é a hora de finalmente eles tirarem proveito do que, muitas vezes, representou anos de trabalho. Vendendo um grande número de ações, os sócios podem obter uma grande quantia de dinheiro.

Mas nem tudo são flores. O processo exige uma quantidade de trabalho significativa, o que pode fazer com que líderes percam o foco dos negócios. Fazer o IPO também é um processo caro e burocrático, que exige pessoas especializadas no assunto, como já falamos.

Também é preciso observar que nem sempre os sócios ficam com o dinheiro das ações, uma vez que os investidores originais podem exigir que o dinheiro seja investido novamente na empresa. O proprietário fica ainda com menos controle sobre o negócio e, por fim, sua empresa pode enfrentar regulamentos mais frequentes, tanto da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) quanto dos acionistas, tornando públicos muitos detalhes sobre o negócio.

Existe ainda o ponto de vista do investidor, para quem esse movimento representa uma oportunidade de adquirir ações a um bom preço para depois vê-lo subir, obtendo um grande lucro. Mas atenção: como é a primeira vez que a ação é negociada de forma pública, os resultados são difíceis de prever. Pode ser que o valor dispare, mas pode ser que acabe caindo logo depois. Avaliar o risco que o investidor está disposto a correr é essencial. 

Exemplos de IPO de startups

Nem sempre o IPO de startups é bem-sucedido. Não é preciso pesquisar muito na internet para encontrar exemplos frustrados desse tipo de oferta. E é claro que isso também acontece em outros tipos de empresa. Mas, no mundo das startups, as expectativas são altíssimas. Por isso, os tombos também podem ser maiores.

Um dos fracassos mais retumbantes aconteceu com a WeWork em 2019. A rede de escritórios compartilhados chegou a ser avaliada em 47 bilhões de dólares. Só que o IPO deu tão errado que acabou sendo cancelado. Isso porque o pedido de abertura colocou uma lupa nos processos da empresa, mostrando que o crescimento rápido não era acompanhado por expectativas de lucro. 

Casos como esse, inclusive, contribuíram para especulações sobre a existência de uma bolha de startups unicórnio.

Mas também há bons exemplos, inclusive no Brasil. A Locaweb, por exemplo, viu o valor de suas ações disparar em quase 20%. A empresa de hospedagem de sites movimentou 1,4 bilhão de reais em sua abertura de capital. 

Outro bom exemplo é o da PagSeguro, empresa de meio de pagamentos do UOL que abriu capital em 2018. A startup levantou 2,27 bilhões em sua oferta pública inicial na Bolsa de Nova York. Foi o maior IPO na Bolsa de Nova York desde a abertura de capital da Snap, feita em março de 2017.

Ainda no hall das brasileiras bem-sucedidas, temos o IPO da startup XP Investimentos, feito em 2019. As ações estrearam na Nadasq com alta de mais de 20%, captando US$ 2,25 bilhões. Foi o nono maior IPO do mundo no ano em que foi realizado.

Empresas como Uber, que perdeu valor de mercado, e Facebook, que viu o valor das ações despencar, também tiveram maus IPOs.

E você, gostou de saber mais sobre como os IPO de startups funcionam? Continue acompanhando o blog do Distrito para ficar por dentro do mundo das startups e do empreendedorismo!

Conheça os IPOgrifos

Em nosso estudo Corrida dos Unicórnios listamos algumas das empresas brasileiras que fizeram IPO e explicamos o porquê de as apelidarmos dessa maneira. Além disso, entenda mais sobre o IPO de empresas como Arco e Locaweb.

Na imagem falamos mais da nova categoria IPOgrifos que criamos para falar das empresas brasileiras que fizeram IPO.