Metaverso: nova aposta das gigantes da tecnologia
Artigo atualizado em 19 de outubro de 2021
Parece até um episódio de Black Mirror, mas o metaverso voltou a ser assunto quando o Facebook anunciou o investimento de US$ 50 milhões e 10 mil empregos na Europa para desenvolver um projeto que une realidade virtual e realidade aumentada para permitir que os usuários interajam com verdadeiros mundos digitais.
Há alguns meses a Epic Games, empresa por trás do Fortnite, também anunciou o investimento de US$ 1 bilhão levantado para financiar “sua visão de longo prazo para o metaverso”.
Mas o que é a novidade apontada por especialistas como a nova aposta dos gigantes da tecnologia e que promete ser o próximo capítulo da internet?
O que é o metaverso?
Para começar, vamos entender o que a palavra ‘metaverso’ significa. Meta (μετά) vem do grego e significa ‘além’ ou ‘depois de alguma coisa’. Verso corresponde a ‘lado’, ‘parte’ ou ‘mundo’. Então, metaverso é um ambiente digital que seria uma evolução do que temos até hoje em termos de tecnologia e ambientes virtuais.
Dessa forma, o metaverso pode ser entendido como um universo digital compartilhado e com experiências variadas, totalmente imersivas, interativas e realistas. Aqui, essa realidade não é exatamente o realismo gráfico proposto pela realidade virtual, mas sim, um ambiente que proporciona tarefas e possibilidades de ação naturais, com a presença de elementos que já fazem parte da nossa realidade cotidiana.
Não se trata apenas de um jogo ou uma rede social. A tecnologia propõe a construção de todo um ecossistema vasto, ambientado em um espaço virtual coletivo que recria experiências reais a partir da integração de diversas ferramentas. Claro que tudo isso se torna muito mais imersivo em realidade virtual, mas esta não é uma obrigação. Além disso, a presença de marcas neste ambiente é o que o torna ainda mais atrativo para o mercado.
Para ilustrar, pense em um MMORPG – jogo online de interpretação de personagens que suporta uma grande quantidade de players simultâneos -, onde você pode criar uma avatar – que até se pareça com você – e explorar um mapa variado para conhecer o mundo daquela ‘realidade’. Porém, sempre existe uma limitação, uma certa quantidade de ações e atividades que o usuário pode realizar – sem contar que em determinado momento o próprio game tenta direcionar as interações através de missões, campanhas, etc.
E se você desejasse passar algum tempo perambulando pelo mapa, conversando com outros jogadores, criar uma carreira, consumir produtos nesse mundo e fazer o que a sua criatividade permitir?
Alguns jogos simulam algo próximo do que estamos falando aqui, exemplo evidente é o Fortnite – jogo online desenvolvido pela Epic Game. Claro que o jogo continua sendo um battle royale, com partidas que caminham para um objetivo pré-estabelecido. Porém, pense na quantidade de avatares personalizados e franquias que já fizeram parcerias com a Epic Games, na produção de eventos, como shows de artistas badalados, como Ariana Grande e Travis Scott.
- Em abril de 2020, Travis Scott atraiu 12,3 milhões de jogadores para o evento.
Se essa ideia for desenvolvida para uma área em que o combate não será prioridade e seja possível passar o tempo nesse universo, este pode ser o primeiro metaverso massivo e duradouro que veremos.
O termo ‘metaverso’ se originou em um livro chamado ‘Snow Crash’, escrito em 1992 por Neil Stephenson. A obra pertence ao gênero cyberpunk e fala do chamado ‘metaverso’ como uma espécie de sucessor evoluído da internet, com maiores possibilidades de interação e avatares com inúmeras possibilidades de ação. O tema pegou e a indústria de AI começou a desenvolver soluções do tipo.
É possível afirmar que o primeiro grande experimento que buscou colocar em prática o metaverso foi o Second Life, lançado em 2003, mas a tecnologia da época limitou bastante a experiência imersiva da plataforma. Hoje em dia, podemos dizer que Roblox e Fortnite estão caminhando no sentido de construção do metaverso, expandindo cada vez mais as experiências e simulações, mas ainda há um longo percurso pela frente.
O que esperar do futuro?
Ainda é cedo para afirmar com certeza se tantos projetos vão conseguir sair do papel. Contudo, já faz algum tempo que o Facebook busca construir o seu ‘próprio universo virtual’, concentrando notícias, bate-papo, vídeos e tudo o que julga ser necessário para manter seus usuários online em um mesmo lugar.
O objetivo ainda não foi totalmente concretizado, mas nós conhecemos o último passo dado pela empresa: Zuckerberg comentou em seu perfil do Facebook que deseja construir um tecido que conecte diferentes espaços digitais e supere limitações físicas.
O blockchain ´é um recurso com alto potencial dentro da construção e manutenção de metaversos, uma vez que a descentralização de informações e a possibilidade de implementar uma economia própria tem tudo a ver com esse conceito.
Um dos primeiros exemplos que vimos da nova tecnologia na prática, foram as salas de videoconferência Horizon Workrooms, que ainda estão cruas e limitadas, mas podem ser adotadas para o modelo de trabalho remoto.
O timing disso tudo não é só uma coincidência. A pandemia do novo coronavírus acelerou esse processo e ajudou a impulsionar essas ideias.
Em um comunicado recente, a empresa de Zuckerberg comparou a criação de um universo digital com o início da internet e afirmou que “este não é um produto que uma companhia poderá desenvolver sozinha” e “assim como a internet, o metaverso existe independentemente de o Facebook estar lá ou não”. Completou ainda que o projeto não será desenvolvido da noite para o dia e muitos dos produtos se tornarão realidade entre 10 e 15 anos a partir daqui.
Por fim, a gigante da tecnologia contou que o objetivo do investimento é que o produto final seja desenvolvido de forma responsável e os recursos serão usados para que as novas tecnologias sejam “inclusivas e empoderadoras”.