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Non-fungible tokens: NFTs podem se tornar sensação no Brasil em 2022

Non-fungible tokens: NFTs podem se tornar sensação no Brasil em 2022

11 de janeiro de 2022
4 minutos de leitura
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Artigo atualizado em 11 de janeiro de 2022

Em 2021, a obra de arte digital ‘Everydays: The First 5,000 Days’ foi leiloada na forma de um NFT por US$ 69,3 milhões, ou R$ 356 milhões na cotação atual. A peça, do artista Mike Winkelmann, foi uma das mais caras vendidas no último ano, quando o mercado mundial de NFTs movimentou mais de US$ 24,8 bilhões em negociações, de acordo com dados publicados pela startup DappRadar. Para se ter uma ideia do ‘boom’, as vendas totais de NFTs em 2020 não chegaram a US$ 94,9 milhões.

NFTs (non-fungible tokens) são criptoativos não fungíveis, isto é, possuem uma identidade única e não podem ser substituídos por outros. Exatamente por isso, eles conferem propriedade intelectual a bens originais e exclusivos, como um certificado de autoria online. Uma bela foto de uma paisagem postada no Instagram é um bem digital infungível. A imagem até pode ser copiada e compartilhada centenas de vezes, mas as reproduções serão apenas isso: cópias da fotografia original. 

Os tokens também são usados para representar, digitalmente, ativos não digitais. No mundo físico, um exemplo de ativo não fungível são os imóveis. Ainda que existam duas casas iguais, com a mesma metragem, número e disposição dos cômodos, construídas com o mesmo tipo de material etc., todo imóvel é infungível. Isso porque a localização de um imóvel é parte essencial das suas características, e como jamais haverá duas residências ocupando o mesmo lugar, os imóveis serão sempre bens únicos.

A propósito, a tendência da ‘tokenização’ inclusive já chegou ao mercado imobiliário brasileiro. Através desse recurso, é possível fragmentar uma propriedade e utilizar NFTs para simbolizar cada uma de suas partes. ‘Assim, essas frações se tornam negociáveis de forma descomplicada’, explica Luis Blecher, fundador e CEO da Toke, primeira plataforma de tokenização de ativos imobiliários do Brasil.

Um dos empreendimentos tokenizados pela startup é o Rev Veneza Condomínio Clube, em Sumaré, interior de São Paulo. Por R$ 355,69, é possível adquirir o equivalente a 1 m² do terreno onde o projeto será construído. Após a entrega das residências, os investidores podem vender seus tokens e ficar com o lucro decorrente da incorporação ou manter o patrimônio e obter renda através da locação do imóvel.

A representação digital de um ativo físico por meio de tokens é realizada através de smart contracts, ou ‘contratos inteligentes’, programas adotados para executar transações automaticamente sem a necessidade de uma empresa, governo ou qualquer outro intermediador. As informações do ativo, como nome do proprietário e direitos e responsabilidades das partes envolvidas, são registradas em blockchain, a mesma tecnologia descentralizada usada para autenticar transações com criptomoedas (Bitcoin, Ethereum). 

Conforme a definição da empresa de tecnologia IBM, blockchain nada mais é do que ‘um livro-razão compartilhado e imutável que facilita o registro de transações e o rastreamento de ativos em uma rede empresarial’. Por meio dessa corrente (chain) virtual, diversas pessoas podem adicionar e verificar informações relacionadas a trocas de valores ocorridas na internet, mas não alterar nem remover qualquer dado contido nela. É exatamente isso o que garante a segurança e confiabilidade de uma rede blockchain.

Quem também embarcou na onda das NFTs foram as startups. Em 2021, a brasileira Clearbook foi uma das primeiras empresas do mundo a tokenizar investimentos em startups por meio de crowdfunding, ou ‘financiamento coletivo’. Com a captação, o quadro de acionistas é digitalizado e escriturado em blockchain e as ações se transformam em tokens, facilitando sua gestão e movimentações futuras.

Por exemplo: caso uma empresa cuja participação acionária é representada por tokens precise realizar uma assembleia geral, será possível verificar a propriedade dos papéis mais rápido e simples e computar os votos de maneira mais eficiente do que a atual. Além do mais, qualquer atividade pode ser programada no smart contract que rege o token: alertas gerenciais em tempo real, regras de comunicação com os proprietários dos tokens, regras de distribuição de dividendos ou proventos, entre muitas outras.

Apesar dessas iniciativas, o hype dos tokens não fungíveis ainda está apenas engatinhando no Brasil. A boa notícia é que a novidade tem ganhado adeptos entre alguns dos nossos artistas e influenciadores digitais, o que deve ajudar a impulsionar sua popularidade por aqui neste ano de 2022. Uma oportunidade e tanto para empreendedores de inovação, capitalistas de risco e mentes criativas em busca de reconhecimento.