Os impactos da pandemia no mercado financeiro
Artigo atualizado em 20 de julho de 2021
Mais de um ano depois do início da quarentena no Brasil, os impactos da pandemia da Covid-19 no mercado financeiro ainda estão sendo sentidos, ainda que de forma diferente de 2020. A expectativa de retorno às atividades normais em todos os setores, com o avanço da vacinação, tem criado cenários mais otimistas, porém, consequências como fechamento de empresas, alto índice de desemprego e baixa lucratividade de negócios continuam perdurando em 2021.
Cenários assim são propícios para a criação de mais dívidas, deixando pessoas e empresas com dificuldades para quitá-las. Ainda não é possível ver toda a dimensão da crise e até quando ela irá durar, mas as empresas precisam tentar minimizá-la tomando atitudes proativas para garantir o mínimo de caixa em suas operações.
Segundo o relatório de Estabilidade Financeira do Banco Central (abril/21), o risco mais relevante para as empresas atualmente é o de inadimplência. Em segundo lugar, vêm os riscos fiscais, que ganharam impulso após a preocupação com o aumento de gastos emergenciais e a redução da arrecadação. Mas de que forma as empresas podem evitá-los?
Como evitar que os impactos da pandemia afetem o seu negócio
No segmento financeiro, as instituições rapidamente buscaram migrar o máximo de serviços e atendimento aos canais digitais, o que possibilitou o fechamento de muitas agências físicas. Além disso, o distanciamento social forçou a ida imediata de colaboradores ao home office, o que se mantém até hoje em muitas áreas, proporcionando também desalugar grandes escritórios e transferir aqueles que necessitam estar presenciais a prédios próprios ou locais menores e mais baratos. Tudo isso contribuiu para uma oportuna economia neste momento de crise, sem que afetasse as operações.
Mas os riscos de dificuldades devido a inadimplência ainda existem. De acordo com o report da Deloitte sobre “Impactos da Covid-19 no mercado de crédito”, alguns mecanismos podem ser colocados em prática para evitar grandes sustos, como monitorar os créditos adimplentes de risco elevado, analisar processos de renegociação e verificar as possibilidades de obtenção de novas garantias. Buscar entender quais mudanças causadas pela pandemia no comportamento dos clientes serão permanentes mesmo após o retorno das atividades normais também é importante, até para refazer modelos de negócios com base nestas previsões.
É preciso que o acompanhamento dos casos de grandes dívidas seja bem próximo, com direito a uma equipe especializada para lidar com as tratativas. Ter um plano de contingência para disrupturas financeiras e realizar um mapeamento de possíveis novos cenários de vulnerabilidade também é uma forma de evitar ser pego de surpresa e ter prejuízos que podem ser fatais para o seu negócio.
Ao mesmo tempo que é preciso permanecer atento com a crise que ainda persiste, ela também já nos proporcionou alguns valiosos aprendizados.
Lições aprendidas na pandemia
Algumas tendências que, não necessariamente surgiram na pandemia, mas vêm se fortalecendo ao longo do último ano e meio, ajudam a entender o que esperar do mercado financeiro e quais estratégias adotar nos próximos anos.
Atendimento via mobile banking e pagamentos por meio de canais digitais
Com a impossibilidade de utilizar agências físicas no período mais crítico da pandemia e a chegada do Pix, muitas pessoas que antes ainda tinham certo receio em usar canais digitais, acabaram se rendendo aos aplicativos para movimentar sua conta e realizar pagamentos. Por isso, fortalecer as estratégias digitais do seu negócio, bem como o atendimento online, deve estar na lista de prioridades.
Preocupação com a agenda ESG (ambiental, social e governança)
A pandemia criou um alerta ainda maior sobre as questões climáticas e relacionadas ao meio ambiente. Segundo dados da Simfund, Broadridge e GBI, de janeiro a novembro de 2020, US$ 288 bilhões foram injetados em investimentos sustentáveis em todo o mundo, um aumento de 96% em relação ao ano anterior. Estar cada vez mais inserido neste contexto, buscando realizar ações sustentáveis e de responsabilidade social, é, hoje, fundamental para os negócios que desejam permanecer saudáveis por muitos anos.
Cibersegurança nunca foi tão importante: a conscientização de usuários também
Em uma era digital como a que estamos vivendo, ter a certeza da segurança dos sistemas para evitar vazamento de dados de clientes e diminuir riscos de fraudes é pré-requisito para qualquer empresa do setor. Mas um fator que vem se tornando cada vez mais importante para as instituições financeiras é a conscientização dos usuários. Ultimamente, a principal arma dos cibercriminosos é a engenharia social, ou seja, a aplicação de golpes via manipulação para que as vítimas divulguem informações confidenciais ou realizem ações que a coloquem em risco.
Muito ainda pode mudar nos próximos anos em decorrência da pandemia e dos novos hábitos criados neste período, mas já é possível se planejar com base nas tendências que estão se fortalecendo neste momento e estudar outros riscos que podem vir a surgir.