Panorama do mercado de fusões e aquisições de 2021
Artigo atualizado em 10 de fevereiro de 2022
M&As batem recordes e fortalecem tendência
2021 foi um ano recorde em fusões e aquisições no Brasil. Ao total, foram 247 transações do tipo M&A, um número quase 50% maior que a do ano anterior. Isso significa que 2021 foi o ano da recuperação econômica pós pandemia, uma vez que empresas se mostraram dispostas a encarar os riscos de efetuar uma aquisição, e também de que startups estavam exibindo maturidade suficiente para chamar a atenção de investidores corporativos.
Um dos fatores que fez com que 2021 se destacasse no mercado de Venture Capital foi que, pela primeira vez na história, os principais adquirentes foram outras startups, e não grandes corporações ou holdings, como vinha acontecendo até então. Esse e outros fatores são os primeiros sinais de tendências que irão ser estabelecidas ao longo de 2022.
No entanto, antes de começar a profetizar movimentos que ainda virão, é necessário ter um entendimento profundo do cenário atual. Neste artigo você encontra os principais pontos de destaques no que se refere a M&A’s de 2021, e quais apontamentos pode-se fazer para observar tendências para esse ano.
Startups realizam maior dos M&As
Como citado anteriormente, até 2020 a maior parte das fusões e aquisições eram realizadas por grandes corporações ou holdings. Essa é uma tática muito explorada por empresas que já estão mais avançadas no conceito de inovação aberta, pois permite que elas se apropriem de startups que ofereçam uma tecnologia que não só será usada internamente, mas também será comercializada e oferecida para o mercado no geral.
Um exemplo clássico dessa atividade é a Magazine Luiza, que em 2021 foi a maior adquirente e fez a aquisição de nove startups. Com o objetivo de ser uma marca referência para o público gamer, a varejista incorporou marcas como Kabum! e Jovem Nerd. No entanto, a sua estratégia de expansão não para por aí: outras retail techs e fintechs também foram fundidas à corporação, entre elas VipCommerce, Tonolucro, Bit55 e Juni.
Porém, em 2021 houve um movimento inédito no cenário econômico brasileiro: startups foram a maioria das adquirentes de outras startups. Do grupo de empresas com mais de 3 M&As realizados no ano, 5 são startups. Isso pode ser um indicativo de que essas empresas estejam ganhando porte cada vez maiores e se aventurando em não só eliminar a concorrência por meio de fusão, mas também em começar a explorar outras áreas para expansão de atividades.
Esse é um tipo de movimento que irá se tornar ainda mais frequente em 2022, por algumas razões. A principal delas é a questão cultural já inata em startups: por já nascerem embedadas no universo de inovação aberta, elas estão mais adaptadas e receptivas à proposta de realizar manobras de M&As, o que não é tão frequente em corporações devido à burocracia e receio de realizar investimentos de alto risco.
Maiores fusões e aquisições
Ainda seguindo com o padrão dos anos anteriores, Fintechs, Retailtechs e Martechs ainda são as startups mais procuradas para fusões e aquisições. Esses três setores somados representam quase a metade de todos M&A’s do ano, no entanto, a categoria de Real Estate apresentou um grande crescimento nesse tipo de investimento no ano passado.
Nesse aspecto, vale a pena observar o objetivo estratégico das adquirentes ao realizarem as compras dessas startups. Apesar dessa estratégia na maioria das vezes ser classificada como informação privada, pode-se constatar que a maioria delas estava focada em otimizar a estrutura de custos e aumento de eficiência na cadeia de suprimentos e/ou expansão de produtos para aumento da base de clientes.
Isso só reforça a teoria de que startups estão se tornando uma nova força comercial, conseguindo movimentar investimentos cada vez maiores e mais impactantes no mercado econômico mundial.
Tendências de M&A para 2022
Tendo em vista os dados apresentados, pode-se identificar três grandes tendências para o cenário de startups brasileiro:
- A continuação da crescente de M&A’s realizadas durante o ano, no entanto com as transações mais bem distribuídas entre setores que até então não eram tão populares entre investidores, como EdTech, Real Estate e BlockChain;
- A participação cada vez mais ativas de startups realizando fusões e aquisições de outras startups, uma vez que esse tipo de empresa está ganhando cada vez mais poder econômico e porte empresarial;
- A mudança do comportamento de grandes corporações que buscam adquirir startups, que agora irão buscar empresas que ofereçam complementaridade de seus produtos e expansão de suas atividades, e não mais apenas ferramentas de digitalização como acontece até o momento.