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Quais são os setores mais afetados pela covid-19?

Quais são os setores mais afetados pela covid-19?

11 de agosto de 2020
10 minutos de leitura
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Artigo atualizado em 11 de agosto de 2020

Dado o contexto da crise que estamos enfrentando com a disseminação do coronavírus (covid-19), a economia como um todo tem sido, e ainda será, altamente impactada. No início de 2020, muitas dúvidas surgiram quanto ao futuro do mercado. Muito se falava sobre a queda de investimentos tanto na bolsa quanto em Venture Capital.

No entanto, após meses de pandemia, nós já conseguimos compreender, de fato, o real impacto e percebemos que ao longo dos meses o medo e a preocupação foram passando e muitos setores demonstraram estarem aquecidos.

esmo neste momento  de crise alguns setores conseguem desempenhar ou, pelo menos, têm sido mais demandados do que outros. A seguir, compartilhamos a visão que nós do Distrito Dataminer temos sobre os impactos em cada um deles.

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Setores que tiveram mais liquidez no primeiro semestre de 2020

No primeiro semestre de 2020 percebemos que pandemia também parece ter um impacto grande no crescimento dos exits. Segundo levantamento realizado pelo Distrito Dataminer, diversas startups que estavam mantendo taxas de crescimento em torno de 30% – 40% ao mês, tiveram que lidar com a queda vertiginosa de sua expansão. No entanto, ao levarmos em consideração a perspectiva de grandes empresas, elas podem se beneficiar consideravelmente com esse cenário.

Do ponto de vista dos investidores, com 11 aquisições, as adtechs foram as que mais atraíram o interesse de grandes companhias trazendo liquidez para os investidores no primeiro semestre de 2020. Em seguida, vem o setor de FinTech, com seis M&As, seguido de FoodTech, RetailTech, EdTech e T.I. todos com três eventos contabilizados.

Das 44 aquisições que ocorreram no mercado no primeiro semestre de 2020, 14 delas já haviam tido investimentos mapeados pelo Distrito Dataminer anteriormente. Ou seja, em 14 oportunidades os investidores tiveram retorno em seus investimentos.

infográfico

Setor de HealthTech se destaca

Um dos pontos que acompanhamos de perto neste estudo de fechamento do primeiro semestre foi sobre a trilha de investimentos em cada setor para identificar as melhores chances de sucesso para os investidores.

No quadro abaixo trouxemos esse cruzamento nos primeiros meses de 2020. Nele, podemos perceber que os setores de AdTech (advertising, media e marketing), FinTech e HealthTech se destacaram no 1º semestre de 2020 tanto em número de investimentos quanto em dispersão entre os estágios de investimentos.

Também vale notar a evolução de agtechs, proptechs e hrtechs que têm se desenvolvido rápido e chamado cada vez mais atenção de investidores neste ano de 2020.

Dentre todos esses setores gostaríamos de explorar aqui um em especial: HealthTech.

Na tabela a seguir é interessante notarmos o fato de que as startups da área da saúde foram as que mais receberam investimentos no estágio Series B em 2020. Fato que é muito interessante mas não chega a ser surpreendente! E vamos te explicar o porquê.

infográfico

Setores altamente impactados logo nos primeiros meses de covid-19 (março – abril)

O seguinte trecho demonstra uma análise feita por nosso time logo nos primeiros dois meses de pandemia da covid-19. É interessante estar atento a como isso mudou e demonstra qual foi a reação inicial do mercado nesse período.

HealthTech

A corrida contra o covid-19 fez com que órgãos e agentes da saúde pública, além de grandes corporações, fossem atrás de startups que tivessem soluções e/ou serviços para oferecer neste momento. Seja para tirar dúvidas e diagnosticar pacientes, para gerenciar melhor os turnos e leitos dos hospitais ou até mesmo para encomendar medicamentos e outros equipamentos médicos. Além disso, startups que oferecem serviços de “assistência médica em casa”, como kits diretos ao consumidor, consultas digitais (telemedicina) e dispositivos biométricos, também foram positivamente impactadas.

FoodTech

Vimos que com o fechamento de diversos estabelecimentos, as darks kitchens, mercearias digitais, mercados on-line e startups que auxiliam na entrega se beneficiaram com a quarentena obrigatória.

PropTech e ConstruTech

Dois dos setores mais sensíveis às crises econômicas são o  imobiliário e de construção civil. Com pilares da economia como: acesso ao crédito, taxa juros, taxa de desemprego e índice de confiança do consumidor sendo afetados, certamente as proptechs foram afetadas.

Entretenimento

Com diversas casas de show fechadas pela disseminação do coronavírus (covid-19), além de eventos cancelados ou postergados, empresas de compra e venda de tickets online viram suas receitas caírem bruscamente. Outras empresas que atuavam diretamente na organização dos eventos foram bastante impactadas nesse momento.



Setores afetados moderadamente pelo covid-19

FinTech

Os pagamentos digitais e startups que auxiliam no controle orçamentário podem se beneficiar em um mundo avesso ao contato e a pessoas com o budget mais apertado. Entretanto, a desaceleração do mercado certamente prejudicará muitas empresas no setor, incluindo aquelas focadas em serviços de robô adviser, negociação e transferência de dinheiro e câmbio.

RetailTech

Com o fechamento dos estabelecimentos e shoppings centers as empresas têm migrado para um modelo de comercialização totalmente digital. Isso tem levado a um aumento de demanda para startups que possibilitam controlar melhor o comércio de produtos, como ERPs. 

AdTech

Soluções utilizadas para atrair mais usuários aos e-commerces e compreender melhor o comportamento das pessoas no mundo virtual tem sofrido com os cortes de budgets de grandes empresas.


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O que startups renomadas estão fazendo para lidar com a crise

O sucesso de qualquer empreendimento depende diretamente da participação ativa de todas as partes envolvidas no modelo de negócios das companhias, os chamados stakeholders. Claro que o envolvimento ativo dessas partes não garante que o processo seja totalmente eficiente, mas permite pelo menos, que um ponto de equilíbrio seja encontrado. O que minimiza riscos e impactos negativos na execução desse processo.

Por conta disso, logo no início da pandemia da covid-19, muitas empresas e startups saíram na frente com soluções capazes de diminuir o impacto que seus principais stakeholders estão sofrendo neste momento. 

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Loft

A Loft, por exemplo, anunciou a criação de fundo de cerca de R$ 5 milhões para auxiliar na renda de trabalhadores do setor de construção civil, que estão em casa por conta da crise do novo covid-19. A iniciativa se deu em parceria com a Decorati. O fundo foi criado pela própria companhia em parceria com clientes que aceitarem a interrupção das obras feitas em seus imóveis, mas que antecipem os pagamentos.

Ifood

Devido ao coronavírus e as medidas de isolamento social, trabalhadores autônomos e pequenos negócios tendem a sofrer mais do que as grandes empresas. Pensando nisso, a companhia criou dois fundos. Um primeiro no valor de R$ 2 milhões, destinado a todos os entregadores que estão no grupo de risco. E um segundo no valor de R$ 50 milhões que destinado para assistência a restaurantes, com foco especial nos pequenos estabelecimentos locais.

Amazon

Essa prática também tem sido adotada lá fora. A Amazon, por exemplo, também anunciou a criação do fundo Neighborhood Small Relief Fund, no valor de US$ 5 milhões, direcionado a pequenas empresas, que possuem menos de 50 funcionários ou tenham um faturamento anual menor de US$ 7 milhões e que estejam localizadas em Seattle, sede da companhia.

Netflix

Outra gigante que também adotou essa estratégia é a Netflix. A companhia confirmou que está captando um fundo de assistência de US$ 100 milhões para trabalhadores que foram afetados pela interrupção causada pelo covid-19 na maioria das produções de cinema e televisão.

Todas essas companhias perceberam que, em tempos de crise, é essencial manter alguns stakeholders mais protegidos. É impossível que o modelo da Loft e da Decorati funcione sem que existam pessoas disponíveis na construção civil. O mesmo se dá para os modelos do iFood, Amazon e Netflix. 

O que os gestores de Venture Capital fizeram no início da pandemia da covid-19

A maior parte dos gestores de Venture Capital são compostos por empreendedores e executivos de grandes empresas que já obtiveram sucesso e conhecimento do mercado e se juntaram para participar de negócios em fase inicial e levá-los a saltos exponenciais. 

Os investidores de Venture Capital, no geral, só são remunerados quando suas investidas conseguem escalar a ponto de atrair o interesse de grandes empresas e serem adquiridas ou, quando abrem capital na bolsa de valores – informações que estamos constantemente monitorando a apresentando em nosso serviço de assinatura do Inside Venture Capital no Brasil.

Esse processo, desde o aporte de capital até a liquidação do investimento, pode ter a duração de até dez anos (segundo a tese dos maiores gestores), e, não ocorre com todo o portfólio, visto que algumas dessas startups acabam encerrando suas operações no meio do caminho.

Por isso, nesse mercado é preciso considerar que um elevado percentual dessas empresas acabam encerrando suas operações e, que as sobreviventes devem ser capazes de retornar o capital investido sobre todas as outras.

Dessa forma, em momentos como este que colocam à prova a sobrevivência das investidas, a preocupação dos gestores têm sido enorme. Não é atoa que as reuniões de conselho têm sido feitas com uma frequência maior do que em um período normal. Agora, mais do nunca, é o momento dos investidores darem o suporte necessário e ativo para que suas investidas consigam contornar esse período de crise. Principalmente no direcionamento financeiro e estratégico, através de planos de contingência, modelos para equilíbrio financeiro e preservação de caixa e suporte jurídico. 

Por exemplo, a Canary, por meio de Mate Pencz e Florian Hagenbuch, organizou um Townhall para suas investidas e rede de empreendedores na última semana. Você pode conferir todos os conselhos que eles deram sobre a crise, o que apuraram com benchmarks de outros países, além de quais estão sendo as boas práticas para operações e fundraising neste momento.

Outra gestora renomada no mercado brasileiro que também abriu o jogo foi a Astella. A idéia é ajudar os empreendedores a endereçar três desafios: gestão remota de colaboradores, controle e gestão de riscos e mapeamento de oportunidades.

Por sinal, a Astella em conjunto com a Shawee, lançou o Megahack Covid19. Um hackathon, que será realizado de forma digital, e que tem por objetivo desenvolver soluções que podem minimizar danos e construir maneiras inovadoras de superar os desafios econômicos trazidos pela pandemia global do Covid-19.

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Desde o meio do ano passado o time do Distrito Dataminer tem se dedicado em estudar todo o mercado de Venture Capital aqui no Brasil. Começamos construindo uma base de rodadas de investimento, fusões e aquisições deste mercado – hoje já são mais de 3.500. Depois, começamos a fazer posts e estudos exclusivos sobre o tema. Agora, decidimos dar um passo a mais e passar a informar as pessoas de forma recorrente, por meio desta newsletter.

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