Healthtech TEM Saúde quer mudar a relação dos brasileiros com a saúde privada
Artigo atualizado em 1 de setembro de 2021
No Brasil, apenas 22,1% da população possui algum plano de saúde, segundo dados da ANS divulgados em dezembro de 2020. Os demais quase 79,9% dependem do SUS para ter acesso a serviços médicos ou odontológicos. Para esses mais de 165 milhões de brasileiros que não são contratantes de qualquer plano, uma alternativa que vem crescendo nos últimos anos são os produtos de saúde privada, que buscam trazer o acesso à saúde privada através de preços mais acessíveis. Esse espaço começou a ser ocupado com as clínicas populares (a exemplo de Dr. Consulta e Cia da Consulta) e atualmente já se encontra potencializado em diferentes formatos de acesso à rede privada.
“Dois modelos são predominantes no país: o SUS e a saúde suplementar. Mesmo já existindo diversas iniciativas de acesso à saúde privada, poucas conseguiram transformar a jornada do paciente a ponto de ter uma relevância no mercado como os dois modelos acima”, afirma Hugo Begueto, CDO da TEM Saúde. A startup é uma das 124 healthtechs que viabilizam acesso à saúde no país e recentemente firmou uma parceria com o Distrito para acelerar ainda mais a transformação na área da saúde por meio da inovação aberta.
Fundada em 2015, a healthtech trabalha com um modelo de conta saúde, no qual o cliente pode fazer recargas e pagar por consultas médicas ou exames em laboratórios particulares credenciados a preços especiais. O conjunto de soluções da TEM Saúde ainda conta com descontos em farmácias, tratamentos odontológicos, teleconsulta e atendimento domiciliar. O objetivo da startup é ser a melhor solução de atenção primária à saúde, com uma experiência que incentiva o comportamento de prevenção por meio de uma plataforma de tecnologia e ciência de dados, que também oferece acesso a crédito e serviços mais acessíveis para o paciente.
Confira como a TEM Saúde está trabalhando para mudar a relação dos brasileiros com a saúde privada na entrevista abaixo:
Entrevista com Hugo Begueto
1. Quais os principais desafios da TEM Saúde para transformar o cenário da saúde no Brasil e de que forma estão trabalhando para superá-los?
Hoje estamos em pleno contato com o público que essencialmente tem o SUS como porta de entrada de saúde. Esta, em sua maioria, ocorre em momentos de necessidade justamente por não haver um caminho realmente efetivo – e que entregue uma jornada com a excelência e rapidez necessárias – para cuidar da atenção primária deste indivíduo. Com este racional, para inovar na saúde dos brasileiros, nós percebemos que um modelo híbrido de atuação é o melhor caminho e temos investido nele.
A partir do digital, conseguimos compreender melhor quem são os nossos usuários e oferecemos a melhor e mais rápida experiência para eles. Já a estratégia de entrada no mundo físico implica em trabalhar com o ambiente em que estes usuários se sentem mais confortáveis. Sendo impossível cumprir 100% da sua jornada no digital, estamos criando espaços físicos com alguns serviços como atendimento presencial, coleta de exames, educação para telemedicina e até ponto de venda para os produtos, visando um melhor atendimento e melhor orientação aos usuários.
Além disso, a segmentação também é um elemento forte na nossa estratégia. Quando você começa a analisar o comportamento do público, você passa a oferecer aquilo que realmente é necessário para aquela pessoa naquele momento e que caiba no bolso. Entendemos que para fornecer uma jornada que seja realmente relevante para o usuário, é preciso entender a fundo o que estes precisam e desejam.
Também entendemos que é preciso entregar mais do que o acesso à saúde. É preciso conseguir viabilizar o acesso dos nossos usuários e fazemos isso através de produtos de facilitação financeira. Atualmente, mais de 70% das recargas feitas no nosso cartão são parceladas, em um formato de financiamento. Ou seja, isso indica que a necessidade de crédito para um paciente cumprir a jornada de saúde é real. No Brasil, você compra tudo com crédito e a saúde não tem como ser diferente, até pelo ticket. Isso também ajuda na nossa oferta de serviços. Nós entendemos que não precisamos ter todas as soluções aqui dentro, mas podemos conectar as melhores. Por exemplo, existem vários players relevantes na telemedicina e tomamos a decisão de criar conexão com todos e oferecer o melhor produto para cada um dos clientes.
2. Como a tecnologia e a inovação estão presentes na TEM Saúde hoje?
A inovação e a tecnologia são a base da transformação que estamos fazendo. Nós já vivenciamos um primeiro momento de inovação no mercado de saúde, antes mesmo da pandemia, e agora vimos a necessidade de fortalecer algumas questões. A principal delas é a relação com nossa base de usuários e a importância de entregar uma experiência que realmente faça sentido. Hoje temos 1,5 milhão de usuários ativos, então todas as nossas decisões precisam passar por uma análise de dados e estudo de comportamento.
A inserção de novas tecnologias nos ajudou a ter muito mais espaço para a inovação. Estamos transformando 100% da nossa experiência, com o lançamento de um novo aplicativo e site, virada de marca, entrada de novos produtos e até uma área de dados com data lake para facilitar nosso trabalho de segmentação. Com esse conhecimento, estamos conseguindo realmente entregar um produto e uma experiência que fazem sentido para o nosso público.
3. Quais são os principais focos dos projetos de inovação aberta da TEM Saúde neste momento e como tem sido a atuação do Distrito com eles?
Estamos em um momento de plena expansão e já identificamos alguns gaps internos relevantes de serem trabalhados. O primeiro deles é aprimorar nossa estratégia de M&A e o Distrito está nos ajudando com isso, principalmente através do contato com o ecossistema de inovação aberta. Nossa vontade de se conectar com outros players começou no ano passado, mas antes de nos tornarmos membros do Distrito, estávamos um pouco isolados e percebemos que seria muito mais trabalhoso e demorado fazer essa transformação sozinhos. Toda vez que queríamos contratar o serviço de uma startup, por exemplo, tínhamos uma dificuldade grande em saber quais estavam validadas e poderíamos confiar. Com o Distrito, não temos mais esse problema.
Além disso, também estamos querendo nos aventurar na feature de desafios do Distrito com o intuito de buscarmos soluções externas para questões internas, principalmente no desafio de criação de espaços físicos e segmentação de usuários. Essa possibilidade de abrir a casa é uma das partes mais bacanas dessa parceria! Por fim, internamente, nós também iniciamos um projeto de health lab para fomentar a inovação interna e aberta – apelidada de TEMx – e, além disso, estamos analisando a possibilidade de investir em startups com um VC nosso também.