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Qual a importância do compliance na estratégia ESG das corporações?

Qual a importância do compliance na estratégia ESG das corporações?

21 de outubro de 2021
4 minutos de leitura
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Artigo atualizado em 21 de outubro de 2021

Compliance é um termo já usual no mundo dos negócios, pela necessidade cada vez maior das empresas serem geridas com ética e transparência. Mas o que nem todos sabem é que ele também pode ser um importante aliado na estratégia ESG das organizações.

Em todos os pilares do ESG (ambiental, social e governança corporativa), o compliance pode atuar para garantir mais solidez e seriedade para as atividades de um negócio. “Muitas empresas falam de ESG sem ter o programa de Compliance. O ESG é o telhado que se coloca por último. Sem fundação sólida, a casa cai”, alerta Patricia Punder, advogada especializada em Compliance, em entrevista para a LEC – Legal, Ethics & Compliance.

Ao longo deste artigo, explicaremos melhor como se dá essa relação, mas primeiro vamos entender o que é compliance? 

Compliance: conceito e surgimento

No âmbito institucional, o compliance é o conjunto de diretrizes que rege as atividades dos negócios para que os mesmos estejam de acordo com a lei. Assim como temos regras de moral e ética para cumprir como seres humanos, as empresas também precisam atuar em conformidade com seu papel na sociedade.

A origem do termo já indica isso: compliance vem de comply, verbo em inglês equivalente a “cumprir”. Já as práticas com esse objetivo surgiram no início do século XX, nos Estados Unidos, após a criação de órgãos como o FDA (Food and Drug Administration) e leis anticorrupção. Portanto, compliance está diretamente ligado à existência de agências reguladoras que controlam as atividades econômicas e garantem sua conformidade.

A relação entre compliance e ESG

Segundo Ana Paula Candeloro, diretora executiva de Compliance do UBS BB e autora do livro Compliance 360º, antes da temática ESG surgir como pauta nas empresas, muitas trabalhavam iniciativas de sustentabilidade ambiental, impacto social ou de governança de forma isolada, sem atrelar à estratégia do negócio. O objetivo era minimizar possíveis resultados negativos de suas atividades, de forma pontual. “Hoje vemos uma urgência em uma abordagem de gestão mais ampla, humanizada, holística, transversal, que promova a associação dos temas ESG e ODS, além de uma melhor clareza sobre o propósito maior nos negócios e qual legado a empresa quer deixar”, explica a especialista.

Nesse contexto, o compliance pode ajudar a guiar as empresas em suas ações, tornando iniciativas de sustentabilidade e impacto social mais eficazes, por exemplo. Além disso, compliance e ESG são dois temas que envolvem ética e respeito, portanto, a combinação entre os dois pode potencializar seus resultados. 

Combinação de sucesso

imagem de Ana Paula Candeloro, diretora executiva de Compliance do UBS BB
Ana Paula Candeloro é diretora executiva de Compliance do UBS BB e autora do livro Compliance 360º

Ainda de acordo com Ana Paula Candeloro, conciliar compliance e ESG pode trazer benefícios como:

  • Evitar as diversas modalidades de “washings” (ex: lavagem de dinheiro);
  • Garantir um compromisso mais efetivo e continuado, com programas duradouros, métricas e avaliações mais sofisticadas, integrando os parâmetros ESG na matriz SWOT (a matriz é a chave para que essas questões deixem de ser vistas como problemas de imagem, risco reputacional e sejam incorporadas aos negócios, dando o reconhecimento dos seus impactos sobre a lucratividade das empresas);
  • Endereçar o tema como pauta fixa em reuniões de Diretoria, destacando preocupação com efeito dos riscos climáticos sobre os negócios da companhia, inclusão social e Direitos Humanos (considerando que a vertical do “S” teve um destaque importante durante a Pandemia);
  • Auxiliar na obtenção de certificações;
  • Inibir práticas desleais e atos de corrupção e fraude dentro das empresas;
  • Coordenar comitês que tratam de temas que integrem as 3 verticais do ESG, separadamente (governança social, governança ambiental, governança corporativa);
  • Estimular engajamento de stakeholders externos (como fornecedores e comunidades de entorno) no momento de criação de políticas que os afetem;
  • Dar mais luz ao debate sobre externalidades negativas da companhia e correlação com riscos reputacionais.

“Desta forma, mais uma vez, prova-se o valor agregado do Compliance no contexto da Governança das empresas, e desta vez na Governança que integra as verticais ambiental, social e corporativa (ESG)”, afirma Ana Paula.