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Levamos 4 perguntas para 4 fintechs: veja o que elas responderam

Levamos 4 perguntas para 4 fintechs: veja o que elas responderam

22 de julho de 2022
11 minutos de leitura
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Artigo atualizado em 22 de julho de 2022

As fintechs são as startups que, além de mais numerosas no Brasil, também são as que mais movimentam volume de investimentos. No entanto, construir uma startup focada no financeiro não significa garantia de sucesso ou facilidade de encontrar fundos dispostos a aplicar dinheiro na sua empresa.

Falando sobre as particularidades de cada subsetor, desafios de crescimento e perspectivas para o futuro, o Distrito convidou quatro startups para responder às mesmas perguntas. Conheça agora as estratégias e objetivos da Omie, TerraMagna, Belvo e Open Co.

Levamos 4 perguntas para 4 fintechs - Open Co
Levamos 4 perguntas para 4 fintechs - Omie
Levamos 4 perguntas para 4 fintechs - Belvo
Levamos 4 perguntas para 4 fintechs - Terra Magna

1. Quais as expectativas e tendências para seu nicho em 2022?

Omie: Avaliamos algumas tendências que já são uma realidade, mas que devem ganhar ainda mais força, como a migração e gestão de dados direto na nuvem, uso de Inteligência Artificial (IA) e a integração de jornadas, todas pensadas para que as empresas possam atingir mais rapidamente o seu pleno potencial. Uma dessas principais tendências e, que estamos impulsionando, é que o ERP deixe de ser algo monolítico e isolado para se tornar a supervia de informação que conecta todo o ecossistema onde o negócio está inserido. Portanto, já podemos visualizar na prática um cenário onde uma pequena empresa está digitalmente conectada a seus clientes e fornecedores, aos prestadores de serviço, concessionárias de serviços públicos, bancos, financeiras, governos e contadores – todos compartilhando a mesma versão de dados e em tempo real, sempre com toda a segurança e anuência do empresário sobre seus dados, visando mais produtividade e transparência, reduzindo retrabalhos, tarifas e taxas de juros.

Open Co: Crescimento acelerado de soluções de buy-now-pay-later com mais competição com o crediário tradicional e o parcelado no cartão de crédito, permitindo maior penetração das fintechs de crédito no segmento de pagamentos. O movimento de fusões e aquisições deve continuar aquecido também dado o cenário global menos favorável.

Terra Magna: Nosso mercado bancário é complexo, burocrático e lento. Esse fato somado ao nosso potencial de produção agropecuária, que bate recordes a cada ano, mostra o cenário fértil que temos pela frente.  Segundo dados oficiais do Governo, a contratação de crédito rural somou R$209 bilhões em nove meses da safra 2021/22, valor 25% superior ao mesmo período da safra anterior. Com o aumento da demanda e a aquisição cada vez mais presente das novas vias de financiamento pelos produtores rurais, distribuidores de insumos e pela indústria em si, o esforço das fintechs será muito mais baseado em conseguir fundos para atender ao mercado do que em conquistar novos clientes.

Belvo: A principal expectativa com certeza está em como será a experiência no Brasil, que será primeiro país da América Latina a ter um modelo de Open Finance regulamentado. México e Colômbia também podem trazer novidades interessantes nesse sentido, apesar de não estarem tão avançados na trajetória. Já nesse contexto de um mercado mais avançado para implementar essas soluções, algo que será um fator de competitividade para empresas é o que chamamos de produtos de enriquecimento dentro do Open Banking, ou seja, ir além de meramente buscar os dados financeiros do consumidor e entregar insights mais sofisticados voltados a gerar inteligência para a empresa e usuário a partir desses dados. 

2. Quais novas tecnologias você enxerga dentro do seu mercado?

Omie: Acredito que a Inteligência Artificial (IA) seja um ponto forte do segmento de ERP e que deve se aprimorar. Utilizamos IA para resolver uma das maiores dores de cabeça para empreendedores e contadores: determinar a aplicabilidade de regras fiscais e alíquotas de imposto numa transação de venda. A ferramenta, além de determinar as alíquotas, ainda monitora automaticamente todos os produtos e mercadorias da empresa, analisa o segmento da empresa – indústria, comércio, ou importadora, entende por recorrência para quais regiões ou estados a empresa realiza operações e configura todos os impostos devidos para cada cenário, de acordo com a legislação vigente aplicável para a empresa. O usuário, que antes precisava de uma equipe de especialistas para entender qual alíquota ou imposto deveria incluir na nota fiscal, agora recebe tudo isso pronto. Até mesmo o parágrafo e artigo do trecho da lei do estado que justifica determinado imposto na nota fiscal é destacado pela nossa solução.

Open Co: Tecnologias relacionadas a validação de identidade digital, prevenção à fraudes e análise de comportamento têm evoluído rapidamente e se tornado cada vez mais presentes em nosso mercado. Além disso, toda a parte de gestão de dados sensíveis com a evolução do Open Finance, se torna ainda mais crítica.

Terra Magna: Recentemente, tivemos um boom de surgimento de fintechs no agronegócio brasileiro. Mais do que novas tecnologias, em si, devemos ver nos próximos anos a evolução de ferramentas que nos permitam quantificar o risco das lavouras dos produtores e da capacidade de recebimento dos distribuidores de insumos. E a qualidade dessas análises está também diretamente ligada ao potencial de checagem de compliance socioambiental. Com esses dados em mãos, podemos mitigar os riscos previsíveis – dentro de um mercado que representa alta lucratividade, mas que opera com riscos inatos. A sofisticação desses processos permitirá uma captação cada vez maior de recursos via fontes alternativas, com retornos atrativos para os investidores.

Belvo: Acho que podemos citar três pontos-chave no desenvolvimento tecnológico para o open finance. Primeiramente, o constante refinamento dos dados através de data science e modelos de machine learning é fundamental para nós, porque isso pode impactar diretamente o valor que as empresas vão tirar dos dados financeiros. Também no sentido de agregar valor, obviamente é preciso desenvolver constantemente uma infraestrutura que seja confiável e resiliente dado o aumento da demanda e o alto número de dados a serem processados através de plataformas de API como a nossa. E, finalmente, a segurança: é essencial que players deste mercado trabalhem na pesquisa e desenvolvimento de novas técnicas e padrões que permitam o compartilhamento de dados sensíveis com a máxima segurança, como com a criptografia avançada. Este é um campo muito promissor e que está avançando rapidamente, e temos um time dedicado aqui na Belvo.

3. Qual o maior desafio de trabalhar com o seu público nicho?

Omie: Percebemos que a maior parte das PMEs brasileiras está acostumada a conviver com grandes ineficiências e erros em suas operações diárias, derivados de gerir o negócio sem ajuda de tecnologia – com papel e caneta ou planilhas em Excel. Esse empresário entende essa situação como “normal para quem ainda é pequeno”, e portanto não está ativamente buscando uma solução. Dessa forma, o desafio está em criar um modelo de distribuição que vá além do digital, que sensibilize essas empresas e as façam enxergar que as novas tecnologias já podem resolver seus problemas operacionais e gerenciais por um custo que o empresário consegue pagar. Encontramos esse modelo de distribuição na parceria com uma categoria que, da mesma forma, se beneficia muito da organização que a tecnologia proporciona às empresas: os contadores. 

Open Co: Historicamente o crédito no Brasil foi trabalhado com um viés de dívida, com taxas altas, inadimplência alta e produtos confusos que levaram a população em geral a ter uma relação pouco saudável com suas finanças, vide o cheque especial, que de especial não tem nada, e o parcelado e rotativo do cartão de crédito. Nosso maior desafio é trabalhar com nosso público-alvo uma relação saudável e sustentável, onde o crédito é utilizado como uma ferramenta, uma alavanca de crescimento e viabilização de conquistas.

Terra Magna: Não é uma questão de dificuldade e sim de criar as estratégias corretas para abraçar a diversidade. Entre elas está contratar lideranças femininas, profissionais negros e do movimento LGBTQIA+. Dessa maneira, teremos pessoas com “lugar de fala” para construir com a gente um time realmente inclusivo. Com o crescimento acelerado, agora precisamos olhar para isso com muita atenção. Temos o objetivo de sermos referência em fintechs do agro que se preocupam genuinamente com a inclusão. 

Belvo: Nosso principal desafio é que estamos operando num mercado em que o conceito de Open Finance ainda é relativamente desconhecido, tanto de empresas que podem se beneficiar das soluções do modelo quanto da própria população, para quem ainda não está claro qual é a vantagem de compartilhar seus dados financeiros. Isso é especialmente desafiador em mercados como o Brasil, no qual questões de segurança de dados são espinhosas para a população, que frequentemente sofre por falhas relacionadas ao armazenamento de informações pessoais, então é preciso trabalhar muito para apresentar a vantagem desse modelo para o consumidor e conquistar sua confiança. E é por isso que a segurança da nossa solução é a preocupação principal que temos na Belvo. Com a evolução do mercado e da regulamentação, esperamos que essa conscientização sobre o mercado melhore, como foi o caso em regiões da Europa, por exemplo.

4. Qual a maior dificuldade em criar um quadro de funcionários mais diverso e inclusivo, principalmente quanto à questão de gênero?

Omie: Trabalhamos para ter um time cada vez mais diverso e acredito que estamos no caminho certo. Olhando para o mercado, o principal desafio ainda é a diversificação de gênero, uma vez que o setor de tecnologia sempre foi formado, majoritariamente, pelo público masculino. Mas, nos últimos anos, dentro dos nossos campos de atuação, percebemos que as mulheres estão ganhando cada vez mais espaço, e temos orgulho de afirmar que quase metade dos cargos são ocupados por mulheres na Omie, inclusive na liderança. Também estamos estudando a criação de programas para vagas afirmativas, com o objetivo de ampliar ainda mais a diversidade em nossa equipe.

Open Co: Estamos inseridos em um mercado majoritariamente masculino. Neste sentido, é fundamental a empresa olhe pra isso com atenção e cuidado nesta construção. Caso contrário a tendência é que se mantenha o padrão que hoje buscamos constantemente alterar. Com o apoio de instituições e consultorias especializadas no assunto, buscamos essa diversidade, assim como aprendemos dentro deste processo, pois entendemos que a naturalização da diversidade se dá no contato constante com estes temas. Na Open, fazemos isso não simplesmente por ser uma prática de mercado ou uma tendência, mas sim porque faz parte do nosso DNA.

Terra Magna: A TerraMagna vai dobrar de tamanho neste ano. Temos mais de 150 vagas abertas e nossa meta é oferecer R$1,2 bilhão de crédito aos distribuidores de insumos e indústrias. 

Belvo: Ter um time realmente diverso em todos os níveis da empresa é um fator chave para atingirmos o impacto que desejamos, então fomentar isso é um valor crucial para a Belvo. Especificamente quanto à questão de gênero, nós estamos empenhados em solucionar o desafio de trazer mais mulheres para cargos de liderança e para os times de engenharia e produto. Algumas das iniciativas que temos nesse sentido vão desde patrocinar eventos focados neste público, ter sempre ao menos uma mulher no time de contratação para cada uma das vagas e priorizar candidatas mulheres no recrutamento até questões simples como garantir uma linguagem de gênero inclusiva na hora de publicar anúncios de contratação. Depois que essas mulheres entram para nosso quadro de funcionários, o incentivo à liderança continua através de sessões específicas de coaching e desenvolvimento. É uma preocupação existente em todas as etapas do processo e um compromisso fundamental para o nosso crescimento.

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