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5 lições que aprendemos no C-level Club: AI Strategy

5 lições que aprendemos no C-level Club: AI Strategy

14 de dezembro de 2023
7 minutos de leitura
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Artigo atualizado em 14 de dezembro de 2023

Na última terça-feira (12), o Distrito e a KPMG Brasil realizaram o C-level Club: AI Strategy, um evento que reuniu especialistas em experiências centradas nas estratégias em inteligência artificial (IA).

Separamos algumas lições que aprendemos neste evento e que com certeza te ajudarão a traçar a estratégia da sua empresa!

C-level Club: A vez da inteligência artificial

Não dá pra negar que este ano o mercado de IA disparou. Não à toa, um levantamento do IDC concluiu que os gastos com IA devem chegar a US$ 500 bilhões, um aumento de 16% frente aos US$ 432 bilhões do ano passado.

Quando falamos em IA generativa (aquela usada para gerar coisas novas) os números são ainda mais surpreendentes: a BlackRock prevê que este mercado atinja US$ 1,3 trilhão até 2032.

Por fim, um levantamento da IBM constatou que 29% das empresas latino-americanas já usam IA.

Assim, empresas que não querem ficar para trás devem inserir IA na sua estratégia para ontem.

O uso da IA gera não só inovação, mas traz também muitas vantagens competitivas.

Esse foi o tema central do C-level Club: AI Strategy, que reuniu especialistas em IA para discutir como as lideranças corporativas podem inserir IA em suas estratégias e gerar novas oportunidades.

Eis o que aprendemos no C-level Club:

1 – As lideranças são o maior obstáculo para a estratégia de IA

Sandor Caetano

“Tinha uma liderança no meio do caminho, no meio do caminho tinha uma liderança.”

Foi assim que Sandor Caetano, data & AI do PicPay, começou sua palestra sobre os desafios na adoção de IA.

É isso mesmo que você leu: as lideranças são um enorme desafio para adoção de IA.

Isso porque a adoção de IA também significa uma mudança no processo decisório e “não necessariamente a melhor pessoa que tomava uma decisão no passado é a melhor para tomar uma decisão hoje com a IA.”, ressalta Sandor.

Se antes da IA as decisões partiam da premissa que os líderes tinham muitas qualificações e por isso poderiam tomar decisões mais assertivas, agora as decisões precisam ser baseadas em dados e previsões gerados pela IA.

Este processo pode ser muito infrutífero se as lideranças não entenderem que é preciso rever o processo decisório.

Ao mesmo tempo, é muito mais provável que uma estratégia de IA dê certo se vier de cima para baixo, ou seja, da diretoria para as pessoas que estão na linha de frente da operação, uma vez que os líderes são guardiões da estratégia da empresa.

Assim, uma liderança resiliente pode ser a diferença que falta para uma estratégia de IA dar certo.

2 – É necessário ter a mente aberta para o processo de transformação

Para além de uma liderança resiliente, as empresas precisam também ter a mente aberta para o processo de transformação.

Diego Barreto e Marienne Coutinho

“Empresas que não se preparam têm mais dificuldade. Empresas que têm a cabeça aberta para mudanças têm mais espaço para transformação”, destaca Diego Barreto, CFO do Ifood.

Isso significa que as empresas precisam entender e aceitar o fato de que errar faz parte do processo quando falamos em estratégia de IA.

Para Marienne Coutinho, Digital Transformation Partner da KPMG, “neste processo são vários tropeços, mas também são vários acertos e isso faz parte quando estamos falando de transformação digital”.

Além disso, precisam criar um ambiente onde as pessoas se sintam a vontade em testar, falhar e reconhecer essa falha sem medo de represálias.

“É preciso reconhecer quando as coisas não estão indo na direção que a gente quer e aceitar muito bem esse processo”, conclui Barreto.

3 – As empresas precisam olhar de trás para frente, em outras palavras, é preciso saber priorizar!

Todo mundo sabe que equilibrar vários pratos ao mesmo tempo é difícil.

Para uma adoção bem sucedida de IA, isso é praticamente impossível.

Por isso, para montar uma estratégia de IA que dê certo, é necessário manter os pés no chão e saber priorizar.

Para Sandor, “as empresas precisam olhar de trás pra frente e se perguntar onde está o que é mais valioso e estratégico para mim? E a partir daí correr atrás dos dados que precisa para desenhar um plano mínimo e usar o mínimo de ferramentas para essa solução”.

Não existe uma receita de bolo para isso, mas o executivo deixou algumas dicas:

  1. 1. Priorizar os objetivos de negócio;
  2. 2. Olhar para frente e entender o que se pode melhorar;
  3. 3. Fazer business case para se ter uma ideia do retorno e criar um direcional;
  4. 4. Fazer um benchmarking de talentos e tecnologias, que consiste em olhar para o mercado e ver os caminhos que já foram trilhados;
  5. 5. Redesenhar a organização e criar “jet skis”, projetos simples, fáceis e rápidos com um custo baixo caso falhem.

Neste último item, Diego Barreto complementa “É necessário fazer algo quick and dirty, ou seja, rápido e idiota no sentido de ser uma solução super simples”.

E o mais importante: 70-90% dos projetos de Analytics, IA e big data falham em atingir os objetivos iniciais, portanto é essencial que o foco seja no que de fato gera vantagem competitiva.

4 – Sem uma cultura organizacional forte não há tecnologia que vá para frente

Já faz alguns anos que a expressão “contrata-se pelo currículo e demite-se pelo comportamento” é usada no mercado.

Para Diego Barreto, essa expressão não poderia ser mais atual: “as empresas erram porque contratam pelo currículo”.

“Não estou dizendo que você precisa abrir mão das habilidades técnicas, mas tem um passo antes. Se aquela pessoa não se comporta como você precisa, você não vai conseguir instalar uma cultura que você acha importante. No Ifood, isso é fundamental. Como conseguimos passar por esse processo de transformação de uma empresa tech para uma empresa de IA? Porque nós somos muito chatos para contratar. Se não está muito bem alinhado com a cultura da minha empresa, não tem como trabalhar aqui”, enfatiza Diego Barreto.

Segundo o CFO, não adianta querer inovar quando o comportamento das pessoas colaboradoras está desalinhado com a cultura da empresa.

Assim, o primeiro passo para a implementação de uma estratégia de IA é a criação de uma cultura organizacional forte e bem enraizada.

5 – A estratégia de IA não precisa ser coisa de outro mundo

Já falamos aqui que a criação de uma estratégia de IA precisa ser “quick and dirty”.

Porém, alguns cuidados precisam ser tomados neste processo. Diego Barreto compartilhou uma dica de ouro:

“Nunca o seu primeiro produto de IA deve ser para o cliente final, pois não se sabe qual o nível de aceitação deste público. Da ‘porteira para dentro’ este nível de aceitação é muito mais alto já que depende de variáveis que você controla”.

Assim, as soluções de IA não precisam ser coisas de outro mundo. Elas podem ser mais simples e voltadas para facilitar processos internos.

“Quando evolui em tecnologia e IA, mesmo que simples, evolui a empresa inteira”, conclui Barreto.