Black Friday: impacto e tendências do e-commerce pós-pandemia
Artigo atualizado em 18 de novembro de 2021
A Black Friday movimenta bilhões em compras ao redor do mundo todos os anos. Ainda que tenha início nos Estados Unidos, no período logo após o dia de Ação de Graças, a data ganhou grande expressividade globalmente com a constatação de que oferece benefícios tanto aos varejistas quanto aos compradores.
Neste período, final de novembro, as lojas oferecem descontos maciços para incentivar os compradores a consumir produtos e serviços em lojas físicas e, agora mais do que nunca, online.
Com datas sazonais se tornando cada vez mais complexas, a Black Friday se tornou muito mais que um período pontual de promoções, ao menos para os varejistas. Há um grande trabalho nos bastidores, que envolve extensas pesquisas de mercado, planejamentos que duram um ano inteiro e amplos investimentos. Para Helisson Lemos, Chief Innovation Officer na Via Varejo, “falar de Black Friday é também acompanhar as mudanças de comportamento dos nossos clientes e do mercado”.
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Efeitos da pandemia no mercado
A pandemia e o isolamento social pararam o mundo no ano passado, criando incertezas em quase todos os aspectos das operações comerciais. À medida que vamos retomando o ritmo e começamos a nos recuperar da crise de saúde, uma coisa fica cada vez mais clara: os comportamentos de compra sofreram mudanças expressivas, com um profundo impacto no e-commerce.
De acordo com pesquisa realizada pelo PayPal, nos seis primeiros meses de 2021 já existiam quase 1,59 milhão de lojas online, 22,05% a mais do que em 2020, quando o comércio digital saltou em 40%.
Dados da NeoTrust reforçam esse cenário. Em termos de faturamento, somente entre janeiro e março de 2021, o e-commerce já transacionou mais de R$ 35,2 bilhões, o que representa um aumento expressivo de 72,2% em comparação com 2020.
E o número de retailtechs permanece em crescimento. No primeiro trimestre de 2021, os dados do Distrito apontam para 801 retailtechs mapeadas, portanto, 12 startups atuantes a mais do que no ano anterior, apenas nos três primeiros meses.
Além disso, é possível observar algumas tendências se intensificando:
- Consumidores do comércio online se tornaram ainda mais receptivos ao comércio internacional no último ano, abertura que também é válida na hora de experimentar novas marcas e formas de comprar;
- O smartphone é a principal ferramenta dos consumidores online, uma vez que 78% dos pagamentos online são realizados nele;
- Os métodos de pagamento mais comuns são os cartões, parcelamento, boleto bancário e Paypal.
Heloísa Romão, CEO da El Gato, e-commerce de roupas e acessórios que teve um bom desenvolvimento durante o período de isolamento social, comenta que “o crescimento desse período foi muito importante e vai ajudar a definir o cenário do mercado nos próximos meses. Pessoas que demorariam 2 anos para chegar até a compra online, foram alcançadas em 6 meses. Então, é algo promissor”.
Este é um cenário que veio para ficar. Ao que tudo indica, esta será a Black Friday mais digital de todos os tempos. Além de novos consumidores terem adquirido o costume de fazer compras online durante a pandemia, os já adeptos do comércio digital experimentaram novas facilidades lançadas com o fechamento das lojas físicas. Entre elas, mais opções de entrega e retirada dos produtos, novas formas de comprar como o Live Shopping e a venda em redes sociais, no chamado Social Selling e WhatsApp, também conhecido como o Conversational Commerce. Tudo isso aproximou ainda mais o mundo das lojas físicas dos clientes digitais, criando uma realidade sem distinção entre on e offline. O relacionamento e a venda omnichannel serão as principais características desta Black Friday e do futuro próximo pós-pandemia.
Rafa Forte, presidente da VTEX Brasil
Influência do social commerce
Não há como negar o poder das redes sociais para o comércio on e off-line. Além de comprar, os consumidores utilizam esses canais para pesquisar ofertas, buscar opiniões de outros usuários, tirar dúvidas, ou seja, se sentirem confiantes para consumir determinado produto ou serviço.
O tal do ‘boca a boca’ tomou proporções gigantescas com as possibilidades oferecidas pelas redes sociais. Você mesmo, provavelmente, já pediu indicação de algum produto ou indicou um serviço que gostou. Tudo isso faz parte do Social Commerce, uma estratégia de marketing poderosa para as marcas que desejam construir relacionamentos duradouros e de impacto com seus consumidores, além de impulsionar suas vendas, claro.
Para ter uma ideia da relevância do social commerce, o mercado varejista na China registrou US$ 186 bilhões em 2019, e, em 2021, o número de vendas saltou para US$ 351.65 bilhões, segundo o eMarketer.
Nos Estados Unidos, o Facebook é a principal plataforma de social commerce, com 56,1 milhões de compradores em 2021. O Instagram está em segundo lugar, com 32,4 milhões, seguido pelo Pinterest, com 32,4 milhões. O Brasil segue a tendência e, de acordo com dados do E-commerce Brasil, em 2020, foram mais de 1,3 milhões de novos usuários brasileiros nas redes sociais, levando as vendas do social commerce saltarem de 22% para 34%, em relação ao ano anterior. No país, o Instagram é responsável por 87% dessas vendas.
Segundo Fortes, “as redes sociais têm desempenhado um papel importante nas vendas, especialmente com os recursos de social selling do Instagram, Facebook e, mais recentemente, do TikTok. Na Black Friday deste ano, esta modalidade de venda deve representar uma grande fatia do total das vendas realizadas, principalmente pelo aumento no número de adeptos no período da pandemia e fechamento das lojas físicas. Os clientes querem navegar, escolher o produto e realizar a compra sem precisar sair da rede social”.
Surgimento do live commerce
O live commerce foi um formato que se provou eficiente para a divulgação da Black Friday. Em 2019, uma parceria entre a varejista Americanas, o Youtube e Felipe Neto trouxe essa nova proposta para a Black Friday brasileira.
Em 2020, o evento se repetiu e Felipe Neto divulgou os resultados em seu twitter: 8,5 milhões de visualizações. De acordo com a Research and Markets, a tendência deve movimentar US$ 600 bilhões no mundo todo até 2027.
Surgimento de outros meios de pagamento
Durante o evento, oferecer as mais diversas formas de pagamento é essencial para o sucesso de qualquer e-commerce. Os cartões de crédito, por exemplo, representam 59% das transações realizadas no comércio eletrônico. Dinheiro é a segunda opção mais popular, com 19% do total das transações. Isso pode ser explicado pelo fato de que 30% da população brasileira ainda não possui conta bancária e o pagamento via boleto bancário é um método bastante difundido e regulamentado pelo Banco Central Brasileiro.
É esperado que a chegada do PIX e sua popularização impulsione métodos de pagamento alternativos, como carteiras digitais e transferências bancárias durante o evento.
Previsões para a Black Friday 2021
Dado o cenário de alta inflação e de juros elevados, a edição da Black Friday deste ano é desafiadora. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estima que o faturamento da data deve chegar a R$ 3,93 bilhões, 3,8% maior do que o resultado de 2020, R$ 3,78 bilhões. Contudo, descontada a inflação acumulada no período de 12 meses, em termos reais, a data poderá ter uma queda de 6,5% no volume de vendas.
De acordo com a projeção da CNC, os setores que devem se destacar são:
- Móveis e eletrodomésticos (R$ 1,11 bilhão)
- Eletroeletrônicos e utilidade doméstica (R$ 910 milhões)
- Hipermercados e supermercados (R$ 780 milhões)
- Vestuário, calçados e acessórios (R$ 693,12 milhões)
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