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Case 2023: O que foi discutido na Conferência Anual de Startups e Empreendedorismo

Case 2023: O que foi discutido na Conferência Anual de Startups e Empreendedorismo

23 de novembro de 2023
8 minutos de leitura
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Artigo atualizado em 23 de novembro de 2023

Na última quarta-feira (22) começou a 10ª edição da CASE 2023 (Conferência Anual de Startups e Empreendedorismo).

O evento, que acontece desde 2014, nasceu com o objetivo de gerar conexões e insights valiosos para quem faz o ecossistema de inovação acontecer.

Quer saber quais foram os pontos debatidos no evento?

Então continue a leitura e fique por dentro dos maiores hot topics do ecossistema de inovação brasileiro.

 

Inteligência artificial é um ponto de inflexão

A inteligência artificial (IA) já é uma realidade no dia a dia dos brasileiros, e isso não poderia ser diferente no universo das startups.

Essa tecnologia tem se tornado tão significativa que está transformando radicalmente a sociedade como a conhecemos hoje e no CASE 2023 não faltaram debates sobre o tema.

Para Júlia Salles, diretora da Kaszek, a IA representa um ponto de inflexão que vai permitir que o novo seja construído.

Ela também acredita que a IA, especialmente na América Latina, é um meio para atingir um fim pautado nas dores não só dos empreendedores, mas da sociedade no geral.

Carol Riley, da AWS, vai além:

“No futuro, talvez a gente nem precise falar de IA porque ela estará em tudo”, enfatiza.

IA generativa é revolução, mas pode ir além

Quando falamos sobre IA generativa, as possibilidades de transformação são ainda mais evidentes.

Marcos Gurgel, diretor de corporate venture do Ifood, compartilhou um exemplo desse potencial transformador.

Em um dos projetos do unicórnio, 70% dos restaurantes cadastrados na plataforma aceitaram que a IA os ajudasse na descrição de seus produtos na plataforma e, desses, 95% preferiram a descrição gerada pela tecnologia.

Com isso, esses restaurantes chegaram a vender até 10 vezes mais que aqueles que não utilizaram a ferramenta.

Porém, isso não significa que a IA deve ser limitada à geração de prompts ou textos.

Para Leandro Neves, CEO da startup Weni, os prompts são apenas a ponta do iceberg: grandes modelos podem e devem ser aplicados nos mais diversos casos de uso.

Para o empreendedor,

“A startup que não usar a genai não vai conseguir inovar. E a startup que ficar presa […] a prompt não terá diferencial tecnológico”, conclui.

Complementarmente à essa visão, Sérgio Fernandes, CEO da Copybase, defende que a IA tem que reduzir tempo e custo, não o contrário.

Por isso, o empreendedor acredita que o ideal é usar a IA para além do ChatGPT, aliando referências certas com as pessoas certas.

Apesar da IA, não podemos esquecer o fator humano

A inteligência artificial é o assunto do momento, mas isso não significa que o fator humano deve ser deixado de lado.

Eridan Lengruber, COO da Scooto, é enfática: “As pessoas querem a facilidade da IA, mas a garantia do humano”.

Para a empreendedora, quando falamos de IA no atendimento ao cliente, a curadoria humana faz toda a diferença, uma vez que a IA ainda não é capaz de entender completamente as subjetividades, mas já caminha para isso.

“Hoje a IA está tentando ser cada vez mais fluida na comunicação, trazendo emoções, sensações, ironia e linguagem natural, por isso a curadoria humana vai ser a profissão do futuro”, declara.

Por sua vez, Antonio Alberti, autor do livro “Novos Renascimentos: Impactos da Tecnologia na Transformação Completa da Sociedade”, defende que os valores humanos devem ser centrais na criação e utilização de IAs.

Segundo o pesquisador, valores como ética e justiça devem ser centrais no desenvolvimento e uso da IA geral, fazendo com que a tecnologia seja movida por propósito e não por interesse.

“Precisamos ter em mente onde a gente quer chegar, se não qualquer lugar serve”, conclui.

Drex: o impacto do real digital

Previsto para chegar ao público em 2024, o Drex, uma representação digital do Real, já está no radar dos empreendedores.

Para alguns, o Drex é uma grande tendência para o próximo ano.

Para Vitor Pajaro, investidor na Astella, o principal impacto que o Drex possui é seu potencial de democratizar o acesso ao crédito no Brasil.

Por sua vez, para Luiz Lopes, gerente de plataformas digitais na Tecban, o Drex é uma construção do dinheiro do futuro.

Sob o mesmo ponto de vista, Nathaly Diniz, head de tokens e regulação da Foxbit, o Drex é a transformação do sistema financeiro em tempo real.

Fundraising é uma tarefa constante para empreendedores

Engana-se quem pensa que é preciso queimar caixa antes de pensar na próxima captação.

Muito pelo contrário: founders precisam estar sempre pensando na próxima captação.

Além disso, ficou claro no CASE 2023 que founders devem sempre nutrir o relacionamento com seus investidores e pensar nessa relação como um casamento que precisa de parceria, compreensão e uma excelente comunicação.

Vitor Pajaro vai além: para ele, 20% a 25% do tempo das pessoas fundadoras deve ser dedicado para captação, um processo que pode ser bastante frustrante para os empreendedores.

Só para ilustrar, Natalia Lima, CFO da Nomad, compartilhou que a empresa precisou realizar mais de 100 conversas para conseguir sua última captação, que fez com que o unicórnio passasse para um valuation de R$ 1,8 bilhão.

Para ter sucesso na captação, os investidores devem trabalhar muito seu poder negociação.

De acordo com Camila Farani, investidora que ficou famosa por sua participação no Shark Tank Brasil, os empreendedores devem criar narrativas concisas, que trabalhem também com o emocional dos investidores.

Por fim, Pajaro complementou que founders também precisam sempre se preocupar com a saúde de seu captable, de forma que ele seja interessante não só para fundadores, como também para investidores.

ESG continua em alta e empreendedores não podem deixar a pauta de lado

“As habilidades do agora são humanas e o agora é a diversidade”.

Foi assim que Victor Lambertucci começou seu painel no CASE 2023.

Para o CEO da Profissas, não dá para falar de crescimento dos negócios sem falar de diversidade, uma vez que diversidade gera ideais novas, que por sua vez geram inovação, que como consequência cria receita para as empresas, numa espécie de círculo virtuoso.

Além da diversidade, as startups precisam se preocupar com outra questão urgente: a sustentabilidade.

De acordo com Cinthia Caetano, VP Corporate da Future Carbon Group, pensar no meio ambiente é pensar no futuro.

E não tem como pensar na perenidade das startups em um futuro cada dia mais incerto.

Por isso, empreendedores devem sempre manter o ESG no seu radar e utilizar a pauta para guiar seus projetos.

Qual o segredo para se tornar um unicórnio?

Embora este ano pouquíssimas startups brasileiras tenham entrado para o hall de unicórnios, a busca pelo título ainda continua entre os empreendedores.

E mesmo não tendo receita de bolo, Edson Rigonatti, partner na Astella, acredita que algumas premissas são básicas para startups que querem alcançar tal patamar gastando o mínimo possível.

Segundo o investidor, para alcançar uma eficiência do capital, é preciso:

  • Resolver problemas com softwares;
  • Buscar margem bruta significativa desde o dia 1;
  • Buscar um canal de distribuição proprietário;
  • Não resolver falta de conhecimento com dinheiro.

Leandro Piazza e Leonardo Burtet da 49 educação compartilham dessa visão.

Leonardo ainda acrescenta:

“Vende, atende, aprende e depois desenvolve”, complementa.

Já Leandro finaliza trazendo uma nova visão para o conceito de unicórnio, para o empreendedor:

“Unicórnio não necessariamente significa fazer 1 bilhão, mas ter sucesso na jornada empreendedora”, conclui.

O que ficou para reflexão do CASE 2023?

Em dois dias repletos de aprendizados, trocas e conexões, o CASE 2023 deixou algumas reflexões.

Primeiramente, não tem como ignorar a inteligência artificial, uma vez que ela veio para ficar.

Complementarmente, os empreendedores precisam avaliar as possibilidades de utilização da IA para além de chatbots e geração de textos e não deixar o fator humano de lado.

Do mesmo modo, é preciso ficar de olho no Drex, que tem um potencial de mudar o mercado financeiro em um movimento similar ao Pix.

Ademais, founders devem sempre se preocupar com o captable e não parar de captar nunca.

Por fim, a pauta ESG deve servir como balizadora do sucesso do negócio sempre.

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