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Por que as startups podem ser a solução para a habitação social no Brasil?

Por que as startups podem ser a solução para a habitação social no Brasil?

13 de agosto de 2021
5 minutos de leitura
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Artigo atualizado em 13 de agosto de 2021

Dados do IBGE informam que existem hoje mais de 13 mil favelas no Brasil, nas quais vivem cerca de 14 milhões de brasileiros. Com a chegada da pandemia, os números se agravaram: no último ano e meio, 20 mil famílias foram empurradas para moradias precárias só na cidade de São Paulo. Nesse período, a capital paulista ganhou 24 novas comunidades carentes.

Vivenda: a startup que ajudou a executar mais de 2 mil obras no país

A boa notícia é que muitos empreendedores brasileiros, com o auxílio da tecnologia, estão começando a encontrar soluções para o problema da habitação em nosso país. Um exemplo é o da startup de construção Vivenda, que surgiu em 2014 com o objetivo de realizar reformas de baixo custo em casas da periferia e de favelas de São Paulo. Até fevereiro de 2020, a construtech havia executado 2.500 obras, uma média de 35 por mês.

No início da crise da Covid-19, os sócios repensaram o modelo de negócio a fim de expandir os serviços para outras regiões do Brasil. Ao invés de operar com mão de obra própria, a Vivenda se transformou em um marketplace que reúne redes executoras de reformas populares e lojas de materiais de construção. Funcionou: no novo formato, os contratos da startup duplicaram. Até o final de 2021, a meta é adquirir a capacidade de efetuar 1.700 reformas por ano.

A primeira debênture de impacto social do Brasil

Em 2018, a venture builder Din4mo, o Grupo Gaia e o escritório de advocacia TozziniFreire estruturaram a captação de R$ 5 milhões para que a Vivenda financiasse até 8 mil reformas. Também graças à utilização de capital filantrópico, o risco foi reduzido e a atenção dos investidores tradicionais aumentou. Dessa estratégia de blended finance, nasceu a primeira debênture de impacto social do Brasil. Com cinco anos de carência e prazo de resgate de dez, o título de crédito permite que famílias paguem pela reforma em até trinta vezes. Cerca de 3 mil obras poderão ser realizadas apenas com o projeto piloto.

Startups de habitação social no Brasil

Além da Vivenda, o Brasil conta com outras 20 startups que trabalham no setor de habitação social. A grande maioria delas (17) se enquadra na subcategoria de ‘Negócios de Impacto Social’. Ainda existem as de ‘Água e Energia Limpa’, ‘Economia Circular’ e ‘Sustentabilidade’, de acordo com o banco de dados do Distrito.

Isobloco: tecnologia para construção de baixa renda

Outra startup de construção que se destaca em nosso ecossistema é a Isobloco, fundada em 2017 pelo engenheiro Henrique Ramos. Ela une concreto leve e aço para gerar um material que reduz o custo das habitações de baixa renda em até 30%. Também possui a vantagem de diminuir a geração de resíduos sólidos nos canteiros de obras, tornando o consumo de água menor e inclusive eliminando etapas da construção.

Segundo Ramos, ‘a habitação social deve atender critérios de rapidez na execução, salubridade, redução dos custos com energia elétrica, conforto térmico e acústico, além de utilizar materiais sustentáveis”. No Brasil, 90% das habitações sociais são consideradas insalubres e são construídas com critérios de qualidade e sustentabilidade reduzidos.’

Tendências em habitação social

Entre as tendências que vemos surgir no universo das habitações sociais, estão as chamadas Favelas 4.0. A Rede Gerando Falcões, por exemplo, criou o programa Favela 3D, cujo objetivo final é levar desenvolvimento para comunidades carentes de todo o Brasil. Localizada em São José do Rio Preto, interior de São Paulo, a Favela da Vila Itália foi escolhida como modelo para o projeto piloto. O fundador e CEO da Gerando Falcões, Edu Lyra, quer implementar toda a infraestrutura necessária para fazer da Vila Itália um lugar Digno, Digital e Desenvolvido (3D). 

Já os donos da Casa Protótipo de Autoconstrução Sustentável edificaram uma casa apenas com materiais sustentáveis, como adobe, tijolo de terra crua com fibra seca e massa de barro com fibras longas. Construído na cidade de Fortaleza, o projeto visa servir como modelo de residência resistente e de baixo custo, além de sustentável.

A iniciativa Teto Verde Favela também tem o potencial de melhorar a vida de milhões de brasileiros. O projeto é baseado na tese de doutorado de Bruno Rezende, biólogo formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Trata-se do cultivo de plantas das espécies litófitas e epífitas no próprio telhado de residências de favelas da capital carioca. O objetivo é amenizar as temperaturas escaldantes que atingem a cidade e podem ultrapassar os 40º Celsius no verão.

Por fim, o negócio de impacto social Safe Drinking Water For All (SDW) desenvolveu uma solução que utiliza a radiação solar para transformar água imprópria para o consumo em água potável. De acordo com o site da startup, mais de 1.500 pessoas já foram beneficiadas pelo sistema no Brasil. Em 2019, a SDW foi reconhecida internacionalmente com a Premiação da ONU Meio Ambiente e iniciou um planejamento de expansão pelo nosso país.