A importância da comunidade de inovação na trajetória de Juliana Innecco, da Sinqia
Artigo atualizado em 8 de abril de 2021
Existem várias formas de se aproximar do ecossistema de inovação. Seja por meio de cursos, eventos ou o próprio networking. Para quem deseja trabalhar na área, as comunidades de inovação são um ótimo caminho, pois fomentam a troca de experiências entre profissionais e entusiastas.
Foi dentro de algumas comunidades que Juliana Innecco encontrou o apoio e orientação que precisava quando decidiu fazer sua transição de carreira. Atualmente, ela é Head de Inovação do Torq Labs, laboratório de inovação da Sinqia, empresa líder em transformação digital e inovação do setor financeiro no Brasil.
Conheça a trajetória de Juliana e como ela conseguiu conectar suas diferentes experiências ao longo da carreira.
De Engenheira Ambiental à Gerente de Produto
Desde criança, Juliana Innecco gostava de estudar o meio ambiente e sempre teve uma grande preocupação com a natureza. Por conta desses interesses, fez curso técnico de Meio Ambiente e na faculdade optou pelo curso de Engenharia Ambiental e Sanitária. Aos 16 anos, começou a fazer estágio em empresas do setor, e com 21 entrou na COBRAPE, companhia de engenharia focada na iniciativa pública.
Foi durante um projeto da COBRAPE, em 2014, que Juliana teve seu primeiro contato com o conceito de Product Owner, também conhecido como Gerente de Produto. “Fiquei responsável por acompanhar o desenvolvimento de um software. Como eu nunca tinha trabalhado em projetos de tecnologia, comecei a estudar e entendi que estava tendo um papel de PO”, relata.
Nessa época, Juliana passou a questionar sua carreira e percebeu que não estava mais feliz naquela posição. “Sempre fui motivada pela possibilidade de impactar diretamente a vida das pessoas, mas na prática nós descobrimos que nem tudo é tão simples e cartesiano, que existem várias coisas no meio do caminho”.
O apoio da comunidade de inovação
A partir disso, ela começou a pesquisar por outras áreas e percebeu que tecnologia e inovação sempre chamaram sua atenção. Juliana criou um plano de mudança de carreira e passou a se relacionar com a comunidade de inovação: grupos de pessoas que trabalham ou são interessadas na área e se unem para trocar metodologias e experiências.
Foi quando ela conheceu a Mulheres de Produto, iniciativa da qual faz parte até hoje. “Aprendi muito com a comunidade. Foi com ela que descobri o que realmente é gestão de produto e entendi a rotina de quem trabalha na área,” comenta. Juliana foi se aproximando cada vez mais do ecossistema de inovação, por meio de comunidades e de cursos, como o de Digital Product Leadership, da Tera.
Depois de um processo que envolveu muito networking, planejamento e aprendizados, no início de 2019, Juliana deu o primeiro passo formal para sua transição de carreira. Ela entrou na agência de criação Vollup, para atuar no desenvolvimento de produto para a Flix, insurtech focada na venda acessível de seguros residenciais. “Pude colocar em prática o que eu tinha aprendido com a comunidade, cursos e experiências anteriores”.
Juliana teve a oportunidade de entender de perto as dores de uma startup em fase de captação e acompanhou os fundadores em reuniões com investidores e de apresentação do produto. “Nesse período, eu também tive um apoio muito grande da comunidade, incluindo de outras pessoas que estavam passando pelo mesmo processo e se disponibilizaram a compartilhar experiências.”
Experiência corporativa
Após ter trabalhado tão próxima a startups, Juliana teve sua primeira experiência com inovação corporativa quando entrou na Ingenico, multinacional francesa líder mundial em tecnologia de meios de pagamentos, que teve uma fusão com a Worldline em novembro de 2020. Juliana entrou no time de inovação para ser responsável pelo pilar de soluções digitais e acompanhou o processo de transformação digital da empresa.
Seu maior projeto foi o desenvolvimento da solução de Pix da companhia, para o qual teve que estudar sobre Open Banking e Fintechs. “Foi super desafiador porque, além da regulamentação ser bastante dinâmica, ainda tínhamos que provar para o board global que o Pix era uma grande aposta,” explica. Durante esse processo, Juliana também começou a ter um olhar mais estratégico para o ecossistema, com o objetivo de trazer inovação focada em softwares para perto da companhia.
Em fevereiro de 2021, surgiu a oportunidade de entrar na Sinqia, como Head da área de inovação. Nesta função, Juliana tem a chance de unir todas as suas experiências. “Quando falamos em carreira, parece que as coisas não se conectam ao longo da trajetória, mas agora estou conseguindo conectar minha expertise como engenheira, à experiência que tive ao lado de uma startup e depois com uma grande corporação. Na Sinqia, estou em uma função em que preciso olhar para tudo isso,” relata.
Em março de 2021, a Sinqia firmou uma parceria com o Distrito para colaborar em seu processo de inovação aberta. Na entrevista abaixo, Juliana Innecco comenta sobre os planos da sua área e sua visão sobre a diversidade de gênero na inovação.
Entrevista
Quais são as expectativas da Sinqia para a parceria recém-firmada com o Distrito?
Quando olhamos para inovação aberta, precisamos pensar em contribuir com expertise também, não só com investimento financeiro, para alavancar essas iniciativas. Nas relações com as startups, a Sinqia se posiciona muito como capital estratégico, o que chamamos de smart money. O Distrito vai ajudar a trazer uma oxigenação para esse trabalho que já desenvolvemos com o Torq Labs e CVC, através da inteligência de mercado que os reports proporcionam, além da ajuda para entender nossa jornada de inovação, já que estamos passando por uma reestruturação da área. Queremos nos aproximar do ecossistema para que possamos não somente aproveitar todos esses benefícios, mas também impulsionar o mercado financeiro.
Qual a importância da comunidade de inovação para quem quer migrar para essa área?
Quando você decide mudar de carreira, é normal passar por momentos de angústia, de questionamentos, e muitas vezes não sabemos se vamos ter apoio. Embora muitos homens tenham me ajudado nesse processo, eu falo muito sobre a comunidade feminina, porque as mulheres me fortaleceram muito. Elas me ajudaram a ter o entendimento de que podemos conquistar esses espaços, devemos nos posicionar, contornar a síndrome da impostora.
Conheci várias mulheres que também estavam em transição de carreira e tinham as mesmas dificuldades que eu, por isso entendi que não estava sozinha. Nesse processo, também conheci profissionais experientes, como a fundadora do Mulheres de Produto, Jacqueline Asano, que se tornou uma amiga e foi fundamental no meu processo de transição. Por isso, hoje eu quero devolver isso e trazer outras mulheres para esse mercado. Eu faço parte da comunidade Mulheres no Comando, na qual dou mentoria para outras mulheres. Quero dar voz e dizer: vamos juntas!
Como incentivar mais mulheres a trabalharem com inovação?
Quando eu entro em uma reunião e sou a única mulher, isso me deixa triste, porque eu quero dividir esse espaço com mais mulheres. Na inovação isso é ainda mais importante porque não se faz inovação sem diversidade. Precisamos trazer pessoas diferentes para a discussão, com visões e trajetórias diversas.
Também é importante fomentar cada vez mais iniciativas criadas por mulheres. Eu já sabia que o grau de representatividade feminina na área de inovação era baixo, mas quando descobri, pelo Female Founders Report 2021, que apenas 4,7% das startups no Brasil são fundadas exclusivamente por mulheres, eu fiquei impressionada com o número. Alguns trabalhos ajudam a mudar essa realidade, como o da WE Impact, venture builder com foco em empreendedorismo feminino, e da B2Mamy, que capacita e conecta mães ao ecossistema de inovação e tecnologia.
Como você avalia o cenário atual da diversidade de gênero no mercado da inovação?
Historicamente, as meninas não são incentivadas e instigadas a olhar para profissões como engenharia ou tecnologia. Existe uma construção da sociedade que torna difícil chegarmos a esses lugares. No entanto, eu vejo um movimento crescendo, muito puxado pelas companhias maiores, como Nubank, Magazine Luiza, XP, etc., que criam campanhas para trazer mais diversidade. É uma mudança cultural e é preciso falar sobre isso dentro das empresas, porque ela gera outras discussões. É uma mudança organizacional enorme e necessária, por isso precisamos do exemplo de grandes empresas para puxar isso.
A Sinqia, por exemplo, possui guildas de diversidade, em que os makers, como chamamos os colaboradores, discutem as diferentes diversidades e propõem ações para que a empresa seja cada vez mais diversa e inclusiva. Dentro da Guilda de Diversidade temos tribos de Mulheres, LGBTQI+, PCD, Questões Raciais e Saúde Mental.