Como a KPMG começou a se reinventar para o futuro
Artigo atualizado em 17 de setembro de 2019
“O que para nós muitas vezes era o fim, agora é o começo”, diz sócio da KPMG sobre a Leap, serviço que tem o intuito de ajudar grandes empresas a inovar”
No começo de 2017, um grupo de executivos brasileiros da KPMG, uma das maiores empresas de auditoria e consultoria do mundo, começou a se reunir com o propósito de responder a uma pergunta: “qual é o futuro do nosso negócio?” Confirmaram o que já sabiam: que não há uma resposta pronta e empacotada para uma questão complexa como essa.
“Todo mundo que aposta em um modelo de futuro específico tende a errar”, diz Oliver Cunningham, sócio-líder de Digital Transformation da empresa. “A saída está em não fazer grandes apostas, mas em entender a regra do jogo e criar modelos que se adaptem bem a ela. A chave é criar um modelo de alta adaptabilidade.”
O Nascimento da Leap
Em setembro do ano passado, uma das principais ferramentas da KPMG para se adaptar ao futuro foi lançada em parceria com o Distrito: um ecossistema de startups, batizado de Leap, que conecta empreendedores, investidores, empresas e universidades, com o objetivo de solucionar problemas de grandes companhias e antecipar tendências. “Olhamos para fora e para dentro do Brasil e chegamos ao Distrito. Enxergamos o mundo de forma muito parecida”, diz Cunningham. “Queremos romper com o modelo proprietário, para um modelo aberto.”
Isso já está acontecendo na prática. Para se ter uma ideia do que significa esse movimento em uma empresa como a KPMG, Cunningham resume assim: “antes, entregávamos um Power Point para o cliente, agora entregamos código e muitas vezes uma operação digital inteiramente nova e operacional com equipe, modelo de negocio e modelo operacional”.
Tradicionalmente, um serviço de consultoria incluía a realização de workshops, entreciras, estudos que terminavam em um relatório. “Hoje, colocamos desenvolvedores em campo, que efetivamente constroem e executam a solução para este cliente. O que era para nós o fim, agora é o começo.”
Para isso, a Leap criou um sistema de monitoramento, com um exército de bots, que levanta informações de mais de 12 mil startups no país. Essas empresas em estágio inicial podem ter tecnologias e soluções que se encaixam em algum projeto tocado pela KPMG. “Parte da nossa lógica é nunca reinventar a roda. Queremos juntar funcionalidades para criar coisas novas.”
Mais de 20 clientes de segmentos como mercado financeiros, indústria química, infraestrutura e bens de consumo já foram atendidos pela consultoria por este novo modelo.
Essa revolução interna, que passa por abrir as portas para inovações que estão do lado de fora, exigiu da Leap um perfil diferente de profissional, que combine o domínio técnico de sua área de formação, com um modelo mental chamado de Systems Thinking e a capacidade de criar experiencias desenhadas com profunda empatia. “É preciso ter uma forte carga de empatia, sem pensar apenas na melhor solução, mas em como as pessoas vão consumir”, explica Cunningham. “Esse profissional ainda não existe em escala no mercado, é preciso formá-lo.”