O que são startups unicórnio?
Artigo atualizado em 22 de fevereiro de 2022
De forma clara e objetiva, startups unicórnio são aquelas que conseguem obter o valuation de US$ 1 bilhão com capital fechado — ou seja, antes de realizarem o IPO (initial public offering). Segundo o CB Insights, atualmente há mais de mil startups bilionárias pelo mundo, sendo a maior delas a chinesa Bytedance com o valor de mercado de US$140 bilhões — e logo em seguida vem a Space X, fundada pelo magnata Elon Musk, que atualmente tem o valuation por volta de US$100.3 bilhões.
Atualmente o Brasil possui 22 startups bilionárias, sendo a Neon a mais nova a fazer parte do clube. Apesar do país passar por diversas turbulências econômicas, o Brasil ainda é o país da América do Sul com o maior número de unicórnios.
Como surgiu o termo ‘startups unicórnio’?
A expressão unicórnio foi criada em 2013, pela fundadora da Cowboy Ventures, Aileen Lee, para se referir a 39 startups que tiveram uma valorização bilionária — o que era um fato impressionante no cenário da época. Inicialmente, o termo ficava mais restrito a empresas de software fundadas após 2003, de capital privado e de valor superior a US$ 1 bilhão.
Hoje, não há tanto essa delimitação de campo, e também há uma discussão sobre a importância da classificação dessas startups como unicórnios. A questão surge justamente por esse feito bilionário não ser mais tão raro, e segundo a própria Ailleen Lee em artigo para o TechCrunch: “O termo unicórnio de US$ 1 bilhão perdeu a maior parte de seu significado. Já foi um indicador de uma startup demonstrando sucesso anormal, o marcador de um outlier positivo a ponto de a empresa em questão merecer o apelido de reforço.”
Surge então uma nova classificação para marcas que merecem um título de destaque: os dragões. Essas são as startups que possuem o valuation acima de US$ 10 bilhões em capital fechado. Dentro do top tier se encontram apenas 19 empresas pelo mundo — e antes de anunciar seu IPO, no final de 2021, o Nubank era a única empresa brasileira entre eles.
Unicórnios e suas gerações
Dentro do ecossistema de inovação brasileiro, é possível notar a distinção das startups unicórnios em dois grupos, que o Distrito identificou como gerações. Essa diferenciação entre as empresas se define muito pelo momento em que o mercado se encontrava quando elas foram criadas e também quando elas se tornaram unicórnios.
A primeira geração teve que provar para investidores que empresas com tecnologias incorporadas em seu core business tinham um modelo de negócio confiável, e por isso tiveram que passar por um longo período de validação. Como a cultura de startups já era mais difundida principalmente na América do Norte e Europa, essas empresas tiveram que buscar investimentos de fundos internacionais, e como consequência, demoraram mais para atingirem o valuation de um bilhão.
Enquanto isso, as empresas da segunda geração encontraram o caminho mais livre, e conseguiram trilhar sua trajetória em um terreno mais propício para o investir em startups.
Conheça os maiores unicórnios do mundo!
Além de contarem com benchmarks e cases de sucesso para se inspirar, as empresas da segunda geração surgiram num momento em que a transformação digital começava a ganhar popularidade e conquistar espaço entre as corporações, o que impulsionou o crescimento delas. Ultimamente, pode-se perceber que as rodadas de investimento estão com o ticket médio cada vez mais altos, o que corrobora com a tese de que conquistar o tão sonhado valuation bilionário já não é uma tarefa tão árdua como foi um dia.
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Primeira geração
A primeira geração de unicórnios é composta por startups fundadas até 2013 que atingiram o valuation de US$ 1 bilhão até dezembro de 2019. Outro ponto levado em consideração para a classificação foi o background dos fundadores: entraram para a lista aquelas empresas que foram o primeiro empreendimento do criador da marca.
Algo possível observar nesta geração é que os modelos de negócio voltados a marketplaces foram os que atingiram a meta bilionária primeiro. Dentro desse grupo, os negócios dedicados tanto ao público geral como ao público empresarial ficaram em equilíbrio, não tendo espaço para os modelos B2G ou B2B2C. Outro ponto interessante a ser ressaltado é que a maior parte dos unicórnios dessa geração são do setor de Fintechs.
Para as startups da primeira geração, o tempo médio para se tornarem unicórnios foi de 6,9 anos.
Segunda geração
Para ser classificada como unicórnio da segunda geração, a startup deve ter alcançado o primeiro bilhão em valor de mercado a partir de janeiro de 2020. Esse ano foi escolhido por ser um marco para o mercado de inovação aberta, uma vez que o ambiente das startups estava mais consolidado e os fundos tinham maior disponibilidade de capital para investimento. Nessa época também, a América Latina começou a ser vista como um terreno fértil para startups de sucesso, o que naturalmente começou a chamar a atenção de grandes fundos de investimento.
Dentro dessa classificação é possível notar que, ao contrário da primeira geração, a maioria dos fundadores desses unicórnios já haviam liderado algum empreendimento previamente. Isso significa que essas empresas tiveram seus alicerces mais sólidos, construídos com a experiência anterior dos founders.
O que pode-se observar das empresas que entraram para a segunda geração é que apesar do marketplace ainda ser um modelo de negócios popular, o SaaS (Software as a Service) começa a ganhar espaço, e aqui também existe uma predominância das empresas que oferecem serviços B2B. Ao contrário da primeira geração, as Retailtechs começaram a dominar o espaço entre as unicórnios a partir de 2020.
Mesmo com um caminho mais livre para trilhar, o tempo médio para que essas startups alcançassem o título de unicórnio foi um pouco superior à geração anterior: 7,7 anos. Esse número foi inflacionado principalmente pelos dois outliers do grupo: VTEX e Unico.
Terceira geração
Apesar de cedo, já é possível notar um padrão se formando para o surgimento da terceira geração das startups unicórnio. Assim como a geração anterior, esta nova leva de empresas se tornarão unicórnios ainda mais rápido, e receberão rodadas de investimento com valores cada vez maiores.
Alguns dos pontos que serão fundamentais para a próxima geração são a implementação do 5G, que irá permitir que as tecnologias se expandam a níveis exponenciais e também o Marco Legal das Startups, que visa criar um ambiente regulatório favorável para empresas inovadoras.
Ao observar o atual cenário da inovação aberta, é de se esperar que startups do setor de HRtechs, Healthtechs e Agtechs sejam a próxima potência de unicórnio.
Levando em conta todos os recordes e marcos históricos de 2021, o Distrito traz para essa edição do Corrida dos Unicórnios 16 nomes de startups que acreditamos serem as próximas a ultrapassarem a meta de um bilhão de dólares em valuation, levando em consideração métricas de captação de investimento, de valuation médio e Dataminer Score.