Transformação digital: o que é e porque investir
Artigo atualizado em 13 de janeiro de 2022
A descoberta da roda, o advento da escrita, da moeda, até a Revolução Industrial e chegando no mundo hoje, com a tecnologia blockchain, internet das coisas, inteligência artificial, robótica, e por aí vai… O fato é que desde quando temos registros históricos a transformação faz parte do desenvolvimento humano.
Contudo, é essencial ter em mente que a transformação digital vai muito além do desenvolvimento de mecanismos e tecnologias que impactam e facilitam diretamente o cotidiano. Ela tem a ver com as exigências de uma nova realidade e a necessidade de mudanças radicais na forma como estruturamos nossas empresas e – por que não – a nossa sociedade.
O que é a transformação digital, quais são os seus impactos e como começar? É o que vamos discutir a seguir.
O que é transformação digital?
A transformação digital é o processo que envolve a utilização de tecnologias digitais para criar novos – ou modificar – modos de funcionamento de negócios, cultura e experiências do cliente com o objetivo de atender às mudanças de comportamento e de demandas do mercado como um todo. É a reinvenção na era digital.
Como sabemos, as mudanças trazidas pelos avanços tecnológicos acontecem cada vez em ritmo mais acelerado e, por isso, a transformação é um infinity game que as empresas se submetem constantemente para acompanhar o gap tecnológico que tende a aumentar com o passar do tempo (e dos avanços científicos). Nesse processo, não é possível estabelecer uma linha de “começo, meio e fim” justamente porque se trata de uma constante, ou seja, o movimento de ordem é a mudança.
Observe a evolução de tecnologias ao longo do tempo e como ela tem se intensificado:
A transformação digital transcende funções tradicionais como vendas, marketing e atendimento ao cliente. Em vez disso, ela começa e termina com a forma de pensar e estruturar um negócio, com a sua cultura e a maneira como os clientes participam dela. À medida que passamos do papel para as planilhas e aplicativos inteligentes para gerenciar grandes empresas, temos a chance de reimaginar como essas corporações realizam transações tendo a tecnologia como principal aliada.
Pensar, planejar e construir digitalmente prepara as organizações para serem ágeis, flexíveis e prontas para crescer. Além disso, à medida que embarcam na transformação digital, muitas empresas dão um passo para trás para questionar se estão realmente tomando as decisões certas e, com isso, se tornam cada vez mais capazes de sustentar crescimentos em larga escala.
Gustavo Araújo, cofundador do Distrito, contou um pouco mais sobre o processo de transformação que as empresas precisam adotar. Confira!
Qual a diferença entre digitização, digitalização e transformação digital?
Digitização é a passagem do analógico para o digital
Há pouco tempo, as empresas mantinham registros em papel. Quer fossem escritos à mão em “livros-razão” ou digitados em documentos, os dados de negócios eram analógicos, portanto, coletar e compartilhar informações envolvia documentos físicos (xerox, fax, etc).
Com a popularização dos computadores, a maioria das corporações passou a converter esses registros em arquivos digitais e esse é o processo de digitização: a conversão de informações físicas para o digital. Dessa forma, encontrar e compartilhar informações se tornou muito mais fácil, mas os processos de utilização dos registros digitais ainda eram muito parecidos com os analógicos.
Os sistemas operacionais dos novos computadores foram projetados em torno de antigos métodos de encontrar, compartilhar e fazer uso das informações, o rompimento com o analógico não foi completo na digitização.
A digitalização é o uso de dados para simplificar o cotidiano
O processo de usar dados para tornar a forma como trabalhamos mais simples e eficiente é a digitalização. Assim, não é sobre mudar a forma como fazemos negócios ou criamos novos produtos, mas diz respeito a como podemos aperfeiçoar processos agora que temos os dados instantaneamente acessíveis e não trancados em um armário.
Para exemplificar, pense no atendimento ao cliente, seja no varejo, em um produto Saas ou em um call center. A digitalização mudou o serviço para sempre, tornando o registro de informações fáceis e rapidamente recuperáveis. A base do atendimento não mudou, mas o processo de atender os clientes, solicitar um atendimento em diferentes etapas, buscar dados e oferecer informações relevantes se tornou muito mais eficiente quando a busca pelos registros de cada um deles foi simplificada.
Ao passo que a tecnologia digital evolui, novas ideias para utilizar essas novas tecnologias começaram a surgir, indo além de realizar os mesmos processos com agilidade. Aqui, a ideia de transformação digital passou a tomar forma.
A transformação digital agrega valor a cada interação
Como dissemos anteriormente, a transformação digital é um jogo infinito. Assim, ela modifica e atualiza as interações com o usuário constantemente. Com ela, as empresas dão um passo para trás e revisitam tudo o que fazem, desde sistemas internos até os pontos de contato com os clientes, on e offline.
Hoje, o mercado já está estabelecido na era digital, ou seja, ser digital não é um diferencial, mas sim uma condição para fugir da obsolescência. Dessa maneira, empresas de todos os tipos e de diversos segmentos desenvolvem formas inteligentes, eficazes e disruptivas para alavancar seus negócios.
A Netflix é um exemplo claro. Começou como um serviço de pedidos pelo correio e precisou interromper o negócio de aluguel de mídias físicas. Então, as inovações digitais tornaram possível o streaming de vídeo em larga escala. Hoje, a empresa enfrenta redes tradicionais de transmissão de televisão e estúdios de produção de uma só vez, oferecendo uma biblioteca crescente de conteúdo sob demanda a preços ultra competitivos.
O impacto da transformação digital: desafios e tendências
A digitalização deu à Netflix a capacidade não apenas de transmitir conteúdo de vídeo diretamente aos clientes, mas também de obter informações sem precedentes sobre hábitos e preferências de consumo. A plataforma utiliza esses dados para informar tudo, desde qual design ofereceu a melhor experiências aos usuários até quais são as principais procuras dos usuários e quais elementos dos filmes e séries são os preferidos da audiência, permitindo que os estúdios internos desenvolvam programas cada vez mais assertivos.
Isso é a transformação digital em ação: aproveitar as tecnologias disponíveis para desenvolver as melhores soluções.
Um dos principais desafios da transformação digital é entender o potencial de sua tecnologia. Novamente, isso não significa perguntar “como posso fazer o mesmo mais rápido?”, mas sim “do que nossa tecnologia realmente é capaz e como podemos adaptar nossos negócios e processos para aproveitar ao máximo os investimentos em tecnologia?”.
Antes da Netflix, as pessoas escolhiam os filmes para alugar indo às locadoras e vasculhando prateleiras de fitas e DVDs em busca de algo que parecesse bom. Agora, as bibliotecas de conteúdo digital estão disponíveis em dispositivos pessoais, com recomendações e análises baseadas nas preferências de cada usuário.
A transmissão de conteúdo por assinatura diretamente para as TVs, computadores e dispositivos móveis foi uma ruptura óbvia do negócio de aluguel mídia física. Contudo, para além do óbvio, a adoção do streaming também levou a Netflix a analisar o que mais poderia fazer com a tecnologia disponível. Isso resultou em inovações como um sistema de recomendação de conteúdo impulsionado por inteligência artificial.
Tecnologias que despontam como tendências para um futuro não tão distante entregam também um universo de possibilidades: metaverso, tecnologia blockchain, conteúdo nativo para as mais diferentes plataformas e por aí vai.
Como começar a transformação digital
Segundo a McKinsey, as empresas brasileiras que lideram a transformação digital no país se focam em 3 principais pontos: Estrutura organizacional – Experimentação – Jornada do Cliente. Portanto, a estratégia para implementar a transformação digital em uma corporação deve ser pautada em:
- Roadmap específico de iniciativas, que seja ambicioso, priorizado e alinhado aos diferentes níveis da empresa, servindo de base para a estratégia de digital e analytics;
- Dados e analytics capturados estruturalmente e integrados via infra-estrutura robusta;
- Talentos identificados, capacitados e retidos na quantidade necessária e que estejam preparados para um modelo de negócio mais digital e analítico;
- Mentalidade data driven, com o desenvolvimento de uma rigorosa cultura de tomada de decisões objetivas em nível estratégico, tático e operacional nas áreas de negócio;
- Foco no cliente, aumentar a satisfação do cliente por meio
de uma experiência aprimorada e comunicação de engajamento e encantamento. Na era atual, a experiência é um diferencial muito mais importante para o consumidor do que o preço. Ao priorizar o digital, as corporações devem fornecer vários pontos de contato, rastrear interações e facilitar o acompanhamento e a coleta de feedback dos clientes.
Além disso, a tecnologia digital, ferramentas e plataformas digitais precisam estar integradas ao novo método organizacional, para isso é necessário.
– Adotar ferramentas digitais para tornar as informações mais acessíveis em toda a organização;
– Implementar tecnologias de autoatendimento para funcionários e clientes;
– Usar diferentes canais para interação com os clientes.
Inovação Aberta como caminho para a transformação
A inovação aberta é um dos caminhos possíveis para a transformação digital, uma vez que as tecnologias necessárias para a revisão dos processos internos de uma empresa talvez não estejam dentro da organização.
Vale destacar ainda que as marcas que não só produzem tecnologia internamente, mas também adotam inovação de forma ágil, são aquelas que se destacam no mercado e são capazes de explorar o mar aberto e se desenvolver com maior facilidade. Trata-se da formação de ecossistemas.
Não para por aqui. Como mencionamos anteriormente, a transformação digital é um processo que não acaba, pelo contrário, ela incentiva as empresas a reconsiderar tudo, incluindo ideias tradicionais e/ou limitando, equipes e departamentos. Não é sobre uma campanha de marketing, mas pode significar derrubar barreiras entre departamentos e reorganizar as posições constantemente.