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Conheça a Green Mining: startup focada em Logística Reversa

Conheça a Green Mining: startup focada em Logística Reversa

8 de dezembro de 2021
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Artigo atualizado em 8 de dezembro de 2021

Não é de hoje que a preocupação com os resíduos gerados pela sociedade preocupa a todos. Segundo os dados do Panorama dos Resíduos Sólidos da Associação Brasileira de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), hoje, no Brasil, são descartados em torno de 79 milhões de toneladas de lixo por ano. Além disso, um estudo do WWF mostra que o Brasil é o quarto país que mais produz resíduos sólidos no mundo. 

Uma startup que tem feito um trabalho relevante para mitigar os impactos ambientais – e também sociais – da geração de resíduos urbanos é a Green Mining. A empresa desenvolveu uma tecnologia de Logística Reversa inteligente para reaver embalagens que são descartadas pós-consumo e devolvê-las ao ciclo de produção. 

Em uma conversa com o CEO da Green Mining, Rodrigo Oliveira, descobrimos que seu envolvimento com a Logística Reversa já acontecia desde 2013: “Desenvolvi um projeto pela Fral Consultoria, empresa na qual atuo com planejamento, gerenciamento e implantação de sistemas municipais de limpeza urbana. Era relacionado à logística reversa de resíduos sólidos da construção civil”, nos contou Rodrigo. 

Nessa mesma época o CEO se uniu com mais dois sócios desenvolvedores e juntos criaram um software de georeferenciamento de resíduos descartados em lixões, o que foi o pontapé inicial para que, em 2018, criassem a Green Mining. O projeto foi pensado inicialmente para participar do programa 100+ Accelerator, da Ambev, que estava buscando soluções para reduzir os impactos ambientais das garrafas de vidro, e deu tão certo que foi aprovado e recebeu um aporte de US$100 mil dólares da cervejaria. 

Um desafio que a startup encontrou foi cumprir a legislação, Artigo 33 da lei 12.305/2010, que impõe a recuperação de embalagens pós-consumo aos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, de forma independente do poder público. Porém esse obstáculo foi superado e hoje, a Green Mining é uma das únicas soluções que cumprem com essa lei de forma fiel, além de fazer isso sem uso de mão de obra explorada, uma vez que os catadores, carroceiros e cooperados são contratados no formato CLT pela empresa.

A Green Mining usa o conceito de Mineração Urbana para definir o trabalho feito pelos coletores. Esse conceito baseia-se na mineração natural, em que é feita a extração de material virgem da natureza, mas nesse caso o material encontra-se no meio urbano. Através dessa mineração – e com a parceria com a Ambev – o projeto obteve resultados grandiosos logo nos primeiros quinze dias, e Rodrigo complementa: “Hoje, atingimos a marca de 2 milhões de quilos de materiais coletados e encaminhados para reciclagem, e além do vidro, fazemos a coleta de outros materiais como plásticos, papelão, papel cartão e metais. Ou seja, sem essa parceria (com a Ambev), sem esse começo, não teríamos chegado onde estamos hoje”.

Entenda mais sobre os impactos e os planos para o futuro da startup, além do ponto de vista sobre a preocupação do mercado referente à agenda ESG na entrevista abaixo:

Quando falamos sobre logística reversa, logo pensamos na questão ambiental, mas a Green Mining também promove um grande impacto social. De que forma esse impacto está ligado aos objetivos da empresa

R: O fato de existirem pessoas em cima dos lixões ou nas ruas minerando nos lixos para acharem materiais recicláveis e conseguirem vender para comprar um prato de comida é desrespeitoso, desumano. Por isso, a Green Mining contrata e capacita ex-catadores de rua por meio de um processo seletivo. Um dos principais pilares da iniciativa é contratar formalmente, com todos os direitos trabalhistas garantidos e equipamentos de proteção individuais (EPIs). 

A Green Mining surge para ser uma solução tecnológica e rentável que traz a eficiência na recuperação de recicláveis e que permite remunerar e dar dignidade às pessoas envolvidas na cadeia, com a governança que a tecnologia blockchain nos permite oferecer. Uma verdadeira prática ESG. 

Quais são os planos da Green Mining para o futuro? Vocês atuam em  São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Já miram a expansão?

R: Mesmo com todos os desafios impostos pela pandemia, neste ano, desenvolvemos novos equipamentos, começamos a recuperar novas embalagens, mas, principalmente, dedicamos tempo para deixar nossa tecnologia preparada para chegar na mão do consumidor. Queremos continuar oferecendo ao mercado soluções inteligentes e eficientes de logística reversa, respeitando os trabalhadores envolvidos na cadeia e viabilizando que a indústria possa cumprir seu papel na responsabilidade compartilhada. Nosso objetivo é continuar crescendo em número de projetos, em Estados atendidos e ampliação do nosso time de coletores.

Nos últimos anos a proeminência do tema ESG e pactos globais com os ODS da ONU, fizeram com que mais empresas começassem a se preocupar com o seu impacto ambiental. Vocês enxergam essa preocupação do mercado como algo genuíno? 

R: Totalmente genuíno. A urgência de ações em relação aos impactos ambientais, infelizmente, está cada vez mais escancarada em todo o planeta. Todos os nossos clientes e parceiros se envolvem de corpo e alma nos projetos e entendem a necessidade de agir. 

A logística reversa tem espaço para muitas soluções dentro e fora do país, mas ainda é um tema relativamente recente e com baixo conhecimento geral. Acreditamos que a evolução tecnológica deve ser uma aliada do meio ambiente, não o contrário. A tecnologia já é utilizada para proporcionar avanços e eficiência em iniciativas sustentáveis. Entendemos que temos uma grande responsabilidade nesse sentido de, junto com grandes empresas, promover ações de reciclagem,  reaproveitando materiais e assim,  diminuir esses impactos.