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HRTechs brasileiras receberam US$ 3,4 bilhões em duas décadas

HRTechs brasileiras receberam US$ 3,4 bilhões em duas décadas

7 de outubro de 2021
6 minutos de leitura
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Artigo atualizado em 7 de outubro de 2021

Em tempos de transformações tecnológicas cada vez mais velozes, muitos temem que as pessoas sejam substituídas pelas máquinas no trabalho. Mas o que tem acontecido, para além de certos cargos específicos que foram automatizados, é uma valorização cada vez maior de características humanas como criatividade, resiliência e pensamento crítico, atributos que compõem o valor do Capital Humano.  Afinal, somente pessoas possuem as competências necessárias para lidar com as atuais demandas de um mundo marcado por um cenário de tantas mudanças e incertezas.

Prova disso é o constante crescimento de investimentos nas startups que lidam com o tema: desde o ano 2000, as HRTechs brasileiras, ou seja, as startups voltadas para soluções de recursos humanos, já receberam US$ 3,4 bilhões em investimentos, ao longo de 310 deals feitos por fundos de venture capital nacionais ou estrangeiros, além de CVCs. É o que mostra o Distrito HRTech Report 2021 -, relatório que acabamos de lançar. 

Outra evidência de que cenários complexos e mudanças aceleradas exigem mais do capital humano, foi o impressionante crescimento deste mesmo tipo de startup durante a pandemia. Cinco dos dez maiores investimentos foram feitos de 2020 a 2021. Só neste ano R$1,5 bilhão foi aportado – faltando ainda um trimestre para encerrá-lo, o volume já está muito próximo ao valor total de aporte de 2019. 

Destrinchando os investimentos por categorias, percebe-se que eles são destinados majoritariamente para as startups voltadas a Aprimoramento e Cuidados, que agrupa soluções de Qualidade de Vida (US$ 2,4 bilhões), Benefícios, Desenvolvimento de Skills e D&I (diversidade e inclusão).  

Tendência de crescimento contínuo das HRTechs

Essa aceleração nos últimos anos é mais um indício de que o capital humano é um campo pleno de oportunidades e que deve se manter em ascensão nos próximos“, diz Gustavo Araujo, CEO do Distrito. Segundo ele, a busca por esses serviços aumentou durante a pandemia devido às condições criadas pelo trabalho remoto, a necessidade de desenvolvimento de novas habilidades e a busca pela qualidade de vida e saúde mental dos brasileiros. “Com as alterações provocadas pela Covid-19 no mundo do trabalho, e que muitos especialistas consideram permanentes, e a maior ênfase em saúde mental dos colaboradores, enxergamos um cenário próspero para o empreendedorismo de tecnologia.” 

É o que também apontam os números: a tendência é que tenhamos investimentos cada vez maiores nos próximos anos, uma vez que houve um grande aumento das Series A e B. Isso indica que quando essas startups voltarem a captar seus tickets serão ainda mais altos.

O que são as startups de capital humano

As HRTechs usam métodos como análise de métricas de desempenho, integração de dados, automação e acompanhamento de resultados para desburocratizar os processos de recursos humanos e otimizar a capacidade de decisão dos gestores. Com isso, os processos são facilitados, melhorando a jornada de quem procura emprego e de quem busca por talentos. Também utilizam da tecnologia para aprimorar a qualidade de vida e o desenvolvimento contínuo de habilidades dos colaboradores. 

Segundo o levantamento feito pelo Distrito, há hoje 356 startups fornecendo soluções para o desenvolvimento do capital humano no Brasil, que foram separadas em três categorias: aprimoramento e cuidados (140), contratação (116) e gestão (100). 

Entrevista AmbevOn

Um exemplo de como as corporações estão investindo no capital humano, especialmente no setor de skills, é o caso da Ambev, que lançou a AmbevOn, plataforma de aprendizagem que pretende ressignificar o conceito de educação corporativa nas organizações.

Veja abaixo, parte da entrevista que fizemos com Rebeca Guenka, Head of Learning na empresa. 

Rebeca Guenka, Head of Learning na empresa ambev

Como surgiu e o que motivou a criação da AmbevOn?

 Ela nasceu da reformulação da Universidade Ambev (UA), programa de treinamento e capacitação que existe há mais de 20 anos na empresa. Percebemos que o comportamento das pessoas mudou, assim como a forma de consumo de informação, disponibilidade de plataformas de conhecimento (streamings, podcasts, sites de busca), e

nós ainda estávamos com uma universidade corporativa que remetia a tempos antigos de ensino. Com isso, queríamos tornar a aprendizagem mais democrática e engajadora, trazendo diversidade de conteúdo, formatos e também levar protagonismo para nosso time. 

Hoje, a AmbevOn é uma plataforma de aprendizagem única e colaborativa, onde é possível compartilhar conteúdos de educação corporativa em diferentes formatos, muitas vezes a partir de exemplos da própria empresa, para fomentar o debate e construir, em conjunto, uma fonte para a aprendizagem contínua. O termo “ON”, inclusive, é utilizado porque demonstra as ideias de evolução, crescimento, continuidade e desenvolvimento, trazendo luz à ideia de modernidade, inovação e tecnologia. Até o momento, ela já atinge aproximadamente 16 mil funcionários e soma cerca de 180 mil acessos. 

De que forma a empresa engaja seus colaboradores a participarem da plataforma de aprendizagem? 

Procuramos estimular a busca do aprendizado contínuo de forma autônoma e autodirigida por meio da promoção de experiências transformadoras – de impacto e que estimule a curiosidade das pessoas – e ferramentas de uso intuitivo e que facilitem a procura por desenvolvimento. Para isso, buscamos constantemente adaptar a plataforma para que isso aconteça. Inclusive, reduzimos o número de iniciativas obrigatórias para dar essa autonomia aos nossos colaboradores. Os únicos treinamentos obrigatórios hoje são os de segurança e compliance.

Com as ferramentas que temos, conseguimos medir o número de acessos aos treinamentos e consultas à curadoria de conteúdo, sejam eles via podcasts, lives, livros, artigos, etc. Também utilizamos dados para compreender o quanto os colaboradores estão acessando determinado conteúdo, em que momento param o vídeo, qual tópico têm mais dificuldade, para, assim, conseguirmos desenhar as próximas experiências de cada um, de forma personalizada. A usabilidade das ferramentas e o retorno dos nossos participantes em cada treinamento, por exemplo, são dados que utilizamos para melhorar continuamente nossas experiências e ferramentas de aprendizagem.

Para ver a entrevista completa, assim como os dados do relatório, baixe gratuitamente o  Distrito HRTech Report 2021: Inovação por meio do Capital Humano, um estudo completo que revela como a inovação aberta está fomentando o desenvolvimento de profissionais para geração de resultados melhores.

O estudo apresenta as HRTechs que estão revolucionando o mercado com soluções pensadas para desenvolver competências, conhecimentos e habilidades que um profissional precisa para realizar suas funções na nova realidade de trabalho.