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Venture Capital movimenta US$ 669 milhões no primeiro semestre de 2020

Venture Capital movimenta US$ 669 milhões no primeiro semestre de 2020

9 de julho de 2020
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Artigo atualizado em 9 de julho de 2020

O mercado de Venture Capital é bem recente no Brasil, com os primeiros fundos tendo surgido por volta de 2008. Desde então, o crescimento do setor vem sendo constante com evoluções no número de deals e no volume investido, como mostram os levantamentos realizados pelo Distrito.

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Podemos notar de maneira clara como a maturação do setor vem ocorrendo de maneira consistente. O ano de 2019 foi um ano fora da curva, tivemos diversas mega rodadas – como as de Nubank, Creditas, 5° Andar – que elevaram o volume investido para quase US$ 3 bilhões. Se considerarmos 2019 como um outlier, o ano de 2020 – mesmo com a pandemia – segue a tendência de consolidação do mercado de Venture Capital brasileiro.

Entre janeiro e junho de 2020 foram realizados 167 deals, que movimentaram US$ 669 milhões, um crescimento de 52% em comparação com os volumes movimentados entre janeiro e junho de 2018, quando foram aportados US$ 440 milhões.

Só neste mês de junho foram investidos US$ 156 milhões com um grande volume concentrado nos estágio Series B, com destaque para os aportes na Tembici, startup de mobilidade que captou US$ 47 milhões, pela Cortex, especializada na gestão de dados e que captou um Series B de US$ 22.3 milhões, pela fintech Remessa Online, que fornece serviços de envio de dinheiro ao exterior e anunciou uma captação de US$ 20 milhões e   pela Biz Capital, que fornece crédito para PMEs  e captou US$ 12 milhões.

Analisando o volume aportado em diferentes estágios aqui no Brasil, podemos notar uma tendência de crescimento na mediana dos aportes no estágio seed, o estágio series A rumando para uma mediana de US$ 4 milhões e o series B se estabilizando com uma mediana em US$ 20 milhões.

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No último dia 5, Tomasz Tunguz – venture capitalist na Redpoint – publicou uma análise do mercado de Venture Capital americano durante esses seis primeiros meses de um caótico 2020. No texto, Tomasz lembra dos impactos da crise de 2008 no mercado de investimentos em startups, que gerou uma redução de 40% no volume investido.

A crise do subprime levou os investimentos, realizados pelos gestores de Venture Capital, do patamar de US$ 3,5 Bi em 2006 para menos de US$ 2,3 Bi em 2008. Foram necessários quase vinte e quatro meses para que o mercado recuperasse os mesmos volumes de 2006.

O cisne negro da vez é a pandemia do novo coronavírus, mas será que os padrões da crise de 2008 vão se repetir? O que podemos apreender do comportamento dos VCs nesses primeiros meses de crise?

Tomasz Tunguz, com base em informações retiradas do crunchbase, nos mostra que todos os estágios de investimento foram impactados no volume de deals, com quedas  de 37% no estágio Seed, 23% no estágio Series B e 29% no estágio Series C. O estágio Series A, entretanto, apresentou um crescimento de quase 10% neste trimestre, contrariando todas as tendências.

Pelos números, podemos notar que o comportamento do mercado possui nuances completamente diferentes dos padrões de 2008, quando todos os estágios de investimentos iniciais, exceto o seed, apresentaram queda.

É interessante notar que a mediana dos deals sofreu um boom, com o valor médio do tamanho de aporte no estágio seed mais do que dobrando, e os valores médios dos estágios series A, series B e series C, crescendo 25%, 43% e 25% respectivamente.

Se temos o volume de investimentos caindo e as medianas subindo, é de se esperar que o número de dels tenha sofrido uma queda significante e é exatamente o que Tomasz Tunguz nos mostra. O número de deals entre o primeiro semestre de 2018 e o primeiro semestre de 2020 caiu de 1400 para em torno de 400 no estágio Seed, com os outros estágios sofrendo reduções próximas de 30% na quantidade de aportes realizados.

Os gestores conseguiram levantar volumes recordes de capital nos últimos dois ou três anos, mas a conclusão é de que o deploy, a aplicação, do capital está ocorrendo em uma velocidade menor, com os gestores sendo mais cuidadosos, aplicando em startups conhecidas ou realizando follow-ons. 

É interessante comparar os resultados do ecossistema brasileiro com o norte americano. Por aqui, temos uma variação bem menor no comportamento da mediana, indicando uma evolução estável dos investimentos em Venture Capital e que pode ser explicado pela diferença de maturidade dos dois países.

Entretanto, para podermos tirar qualquer conclusão precisamos analisar a média dos volumes investidos e o número de deals, além de entender as estratégias de gestores e founders do ecossistema brasileiro.

E foi justamente para ajudar o ecossistema de inovação brasileiro a analisar o mercado  e tomar melhores decisões quanto a captação de recursos, que o Distrito Dataminer criou o Inside Venture Capital Brasil, a MAIOR fonte de dados sobre o mercado brasileiro de Venture Capital. Assine agora e tenha acesso as principais estatísticas dos aportes realizados em startups brasileiras.