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Como calcular o Valuation

Como calcular o Valuation

27 de julho de 2020
6 minutos de leitura
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Artigo atualizado em 27 de julho de 2020

Você teve uma ideia inovadora e, com muito esforço, criou uma startup. Agora, é hora de ir atrás dos investimentos para alavancar esse negócio. Mas como fazer isso sem saber o quanto a sua empresa vale? E se você está do outro lado da mesa, procurando investir, como ter certeza de que está fazendo um bom negócio? A resposta para essa pergunta está no valuation, processo de avaliação que permite saber o valor de uma empresa. Neste texto, entenda o que é valuation, saiba qual sua importância e conheça os principais métodos para fazer esse cálculo.

O que é valuation?

Valuation (ou, em português, avaliação de empresas) é uma metodologia que permite conhecer o valor de uma empresa. Desse modo, o empreendedor pode buscar investimentos e até saber qual seria um preço justo caso coloque seu negócio à venda. O investidor, por sua vez, pode projetar o valor das ações da empresa para o futuro, estimando o retorno que pode ter caso invista. 

No caso das startups, é importante também entender os conceitos de pre-money valuation e post-money valuation. O primeiro é a avaliação da startup feita antes de ela receber aportes financeiros. O post-money, por sua vez, é o valuation feito depois de um aporte. Ele considera o pre-money acrescido do aporte.

Há diversas formas de calcular o valuation. O fluxo de caixa descontado (FDC) é uma das mais conhecidas. Mas há outras técnicas, como análise comparativa de múltiplos e avaliação do histórico de múltiplos. 

No entanto, ao falar de valuation, é preciso fazer algumas ressalvas. Primeiro, o valor atribuído ao negócio é feito com base em estimativas. Por isso, na realidade, os resultados podem ser diferentes do que os cálculos previam. Os resultados podem ainda variar conforme o método e os números usados. E há, ainda, fatores subjetivos envolvidos. Portanto, tenha em mente que o valuation não é uma ciência exata.

Qual a importância do valuation?

Para os empreendedores, o valuation permite negociar de forma justa e também ter um argumento para buscar investimentos. Isso vale especialmente para startups, em que a captação de investimentos faz parte do modelo de negócio. 

Nesse caso, o valuation é fundamental, pois é um indicador do quão atrativa para o mercado a startup é. Mas não é só isso: internamente, conhecer o valor do negócio serve para projetar cenários, o que auxilia na gestão.

Para os investidores, por sua vez, o valuation possibilita encontrar boas oportunidades de negócio oferecidas pelo mercado de capitais — empresas com boa gestão, rentáveis e eficientes. Também ajuda a evitar armadilhas, como negócios arriscados e com preços altos demais por conta de especulação.

Como calcular o valuation de uma empresa?

Há diversas metodologias para calcular o valuation de uma empresa. Neste post, vamos falar dos quatro principais. 

1. Método do fluxo de caixa descontado 

Esse é o método de cálculo de valuation mais conhecido. Em comparação com outros métodos, é bastante preciso. 

Para calcular o valuation dessa maneira, é preciso analisar o fluxo de caixa da empresa, observando fatores como receitas, despesas e custos. É preciso também estabelecer a taxa de desconto, que representa a desvalorização do dinheiro ao longo do tempo. Depois, soma-se todos os fluxos de caixa, subtraídas as taxas de desconto. O valor encontrado é o valuation da empresa.

2. Método de múltiplos de mercado

O método de múltiplos de mercado, também chamado de avaliação relativa, é usado para comparar os múltiplos do negócio avaliado com o de outros que atuam no mesmo setor do mercado. Um múltiplo é o nome dado a um indicador que serve como parâmetro para comparar diferentes empresas de um mesmo segmento. Para isso, pode ser usado o lucro, o faturamento, dentre outras informações. 

A metodologia é mais simples de usar, permitindo avaliações rápidas. Mas requer que a pessoa que fizer o valuation tenha conhecimento do mercado em que se insere a startup. Encontrar uma empresa parecida também pode ser uma dificuldade. Os dados de transações recentes, fundamentais para o valuation, também podem estar indisponíveis.

3. Método de liquidação de ativos

É utilizado quando os sócios decidem vender a empresa ou encerrar as atividades. Nesse caso, é preciso somar todos os ativos e subtrair os passivos. 

Nesse caso, consideram-se os bens materiais da empresa, como computadores e móveis, que podem ser transformados em dinheiro rapidamente. A ideia é que o comprador consiga estimar o valor que vai obter caso não possa mantê-la funcionando e seja preciso liquidá-la.

4. Método do capital de risco

Esse método parte do ponto de vista do investidor, avaliando o retorno financeiro que uma empresa pode trazer dentro de determinado período. O método é bastante usado com startups, que têm grande potencial de geração de lucro. 

Com base nele, o investidor consegue saber quanto pode ganhar caso retire o investimento. Também ajuda o investidor a decidir o valor máximo a ser investido para conseguir o retorno desejado, no prazo de sua preferência. 

Cuidado com avaliações fora da realidade

No caso das startups, é importante ter cuidado com avaliações fora da realidade. É preciso interpretar valuations acima do esperado com cautela. Mesmo startups promissoras devem ser avaliadas de maneira justa, sem dimensionar para menos ou para mais. 

Aqui no blog do Distrito, por exemplo, já falamos sobre o caso da WeWork, que viu sua avaliação de mercado ir de mais de 100 bilhões de dólares para 10 bilhões em poucos meses.

Por fim, vale dizer que fazer valuation não é a tarefa mais simples. O processo de avaliação de uma empresa é complexo, são várias as metodologias disponíveis e cada uma tem suas indicações e especificidades. 

Portanto, seja para a startup que quer buscar investimentos, seja para o investidor, é recomendado pesquisar sobre o tema, fazer cursos e, se possível, contar com um especialista em avaliação de empresas durante o processo.


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