Intraempreendedorismo Feminino: como construir uma carreira em uma empresa como a Danone Nutricia
Artigo atualizado em 15 de dezembro de 2020
Quando pensam em indivíduos criativos e inovadores, muitas pessoas se lembram dos empreendedores. Mas dentro de empresas que já existem no mercado também há colaboradores com as habilidades de grandes nomes das startups.
São os intraempreendedores, pessoas que não começaram uma startup, mas que inovam dentro das empresas em que trabalham, resolvendo problemas de maneira criativa e competindo em um mundo cada vez mais digital.
Assim como o empreendedor, o intraempreendedor também precisa ser apaixonado por resolver desafios, aceitar que correrá riscos e ser criativo para transformar a empresa em que trabalha. A diferença é que o foco do intraempreendedor é transformar a empresa de dentro para fora, focando, geralmente, em um desafio específico dentro da sua área de atuação.
Descobrir novas oportunidades de negócio, inovar nos processos internos, e ganhar competitividade são algumas vantagens do intraempreendedorismo.
Mas há ainda outro benefício, menos comentado: o intraempreendedorismo pode ajudar a acelerar o caminho de lideranças femininas promissoras nas empresas, reduzindo uma desigualdade de gênero persistente A ideia é que, por meio do intraempreendedorismo, mulheres possam se inserir mais rapidamente nos cargos de liderança.
Neste artigo, conheça a trajetória profissional da nutricionista Carla Frontini, que já passou por empresas como Unilever e Danone e hoje está à frente da área de novos negócios da Danone Nutricia, e inspire-se com a sua história de intraempreendedorismo feminino.
Conheça a trajetória de Carla Frontini, da Danone Nutricia
A história da nutricionista Carla Frontini com a inovação teve início em 2009, quando ela começou a trabalhar pela primeira vez na Danone. Recém-formada no curso de nutrição do Centro Universitário São Camilo, ela queria entrar para o ambiente corporativo e foi contratada pela multinacional de produtos alimentares como analista de desenvolvimento de distribuidores.
Foi na área que viu os primeiros sinais de inovação. “O head da área, ao me contratar, disse: ‘procurávamos alguém fora da caixa, queremos mudar algumas formas que trabalhamos aqui'”, conta. Com esse anúncio, ela se sentiu empoderada, e começou a trazer mudanças para o programa de que cuidava. Ficou no cargo por um ano e meio.
Em paralelo, procurou se especializar, cursando MBA em administração na Fundação Getúlio Vargas (FGV). Depois de conseguir uma licença não-remunerada de seis meses, partiu para um mestrado em marketing na Università Bocconi, em Milão, na Itália.
Quando voltou, foi alocada em uma área que estava começando na Danone, a de treinamento, e pode cuidar também de um negócio sustentável da empresa, chamado Kiteiras. Mas ela queria mais para a carreira. Então prestou o processo de trainee da Unilever e foi aprovada.
“Na Unilever entrei em customer development e fui transferida para Natal e depois para Recife para exercer vendas no varejo tradicional. Morar no Nordeste abriu muito minha cabeça e me ensinou muito dos meus valores profissionais”, conta sobre a experiência.
Ainda na Unilever, foi para São Paulo e assumiu trade marketing durante um ano. Também cuidou do desenvolvimento de canais e foi PMO de um projeto em que liderou 72 pessoas de diversas áreas. Esse projeto acabou se tornando a primeira startup da Unilever.
“Foi uma fase muito difícil, de muita provação, resiliência e tive que me aprofundar demais em coisas que não fazia ideia que existiam”, diz. “Fundada a startup, eu fui mordida pelo bichinho da inovação e não parei mais.”
Foi quando uma ex-chefe a convidou para voltar para a Danone, na antiga divisão de baby nutrition, para cuidar de trade. “Aceitei o desafio, em menos de um ano eu saí de uma pessoa na minha gestão para seis, incorporei mais duas áreas e liderei trade marketing no processo da fusão com a divisão de nutrição especializada”, conta.
Depois, foi convidada a tocar a área de novos negócios da Danone Nutricia, onde está hoje. Ela liderou o programa de conexão com startups, focando na transformação cultural das áreas, em cada um dos mentores e colaboradores envolvidos.
“Eu aprendi muito olhando o que outros negócios fazem, hoje me sinto honrada e amo fazer palestras e mentorias para manter vivo o ecossistema que é minha fonte de aprendizado”, diz.
Participação das mulheres nas grandes empresas
Carla Frontini diz ter tido sorte de trabalhar em duas empresas que valorizam a participação da mulher, de modo que não sentiu desrespeito mesmo no ambiente de vendas, majoritariamente masculino. Alguns clientes, no entanto, não lidavam da mesma forma com ela.
“Cheguei a ouvir de um deles a seguinte frase: ‘você é tão bonita, inteligente, por que fica se metendo aqui no chão de loja? Arranja um marido e curte a vida’”, conta.
Sobre a participação feminina nas grandes empresas, especialmente em cargos de liderança, ela acredita que ainda é tímida. Para ela, as mulheres estão ganhando espaço, mas lentamente e a altos custos.
“Sinto que as empresas estão atentas à necessidade dessa diversidade. Na Nutricia tivemos um caso de promoção de uma gerente gestante ao board. Fiquei super orgulhosa! Dela e da Danone”, diz. “Mas apesar de dentro de casa (escritório) eu sentir segurança, vejo muitas mulheres ainda abrindo mão da carreira corporativa porque precisaram se dedicar mais a maternidade e a casa, querendo mais flexibilidade”.
Outro ponto é que, para ela, as mulheres ainda não são tão unidas quanto deveriam. “Agora que sou mãe, sinto ainda mais esse peso. Frequentemente me questiono qual deveria ser minha prioridade, para que eu coloquei o Fernando (meu filho) no mundo, qual meu papel na empresa, na sociedade e em casa. Exerço uma função provocativa, me considero uma pessoa ‘divergente positiva’, e acho que as mulheres deveriam lutar mais pelo que pensam”, diz.
Liderança feminina nas startups
Para Carla Frontini, as startups têm lideranças femininas que se identificam com as dificuldades encontradas pelas mulheres no mercado de trabalho, e que encontram na startup a flexibilidade que precisam para usar o tempo que quiserem. “Muitas das executivas que largaram os empregos pós-gestação encontraram nas startups um lugar seguro (mesmo cheio de incertezas) para implementar suas ideias e de fato serem ouvidas”, diz.
Em comparação com as empresas mais tradicionais, ela vê nas startups um ambiente que permite mais criatividade, ousadia e liberdade. “Trabalhar em startups é muito diferente do que trabalhar em grandes corporações, pois exige perfis distintos, mas que podem se complementar. A B2Mamy por exemplo faz isso muito bem ao conectar mulheres empreendedoras a grandes empresas e juntas usarem suas fortalezas para transformarem e crescerem os negócios de ambos os lados”, conclui.
Quer bater um papo com a Carla Frontini para evoluir sua startup mais rápido? Ela é uma das mentoras no Distrito For Startups, um programa onde conectados você a mentores, investidores, especialistas em grandes negócios, eventos, parceiros e profissionais de mercado de diversas áreas.