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Terceira idade e tecnologia: a necessidade de inclusão e a adaptação do mercado

Terceira idade e tecnologia: a necessidade de inclusão e a adaptação do mercado

1 de maio de 2020
5 minutos de leitura
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Artigo atualizado em 1 de maio de 2020

Texto enviado por Nicolle Perico, UX Designer na ilegra — empresa global de design, inovação e software

Os 60 são os novos 40: os “novos seniores” trabalham, se exercitam, se locomovem e continuam independentes de seus familiares. Além disso, estão cada vez mais utilizando recursos tecnológicos.

Em um primeiro momento, ler que os seniores fazem uso de tecnologia pode não nos parecer condizente com a realidade, mas é o que vem acontecendo. Decorrente do aumento da expectativa de vida e pelo maior apelo de convívio social (presencial ou a distância), eles têm utilizado cada vez mais smartphones e tablets.

A população mundial de idosos tem tido um crescimento significativo, cerca de 3% nos últimos anos, e deve chegar a 1,4 bilhão em 2030, de acordo com a ONU. E não precisamos ir tão longe: quando analisamos os números no nosso país, vemos que 13% da nossa população é formada pelo público sênior, o que é um número bastante representativo (cerca de 29 milhões de brasileiros).

Segundo uma pesquisa feita pelo SPC Brasil, os sêniores detêm poder alto de compra e estão com a vida financeira mais estável, o que aumenta seu potencial de consumo e sua disposição para gastar mais — e em produtos de melhor qualidade.

Dados como esse mostram uma crescente importância deste público para o mercado, fazendo com que empresas de diversos ramos, como o financeiro por exemplo, estejam direcionando suas pesquisas e investindo cada vez mais em ações e produtos customizados.

Resumindo, os sexagenários de 2020 ainda trabalham, consomem bastante, utilizam o transporte público e estão cada vez mais conectados e adaptados às novas tecnologias.

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Contexto atual

Quando pensamos no contexto atual em que estamos vivendo na pandemia do Covid-19, e com esta faixa etária sendo um dos principais grupos de risco de contaminação, a utilização de tecnologias para as mais diversas tarefas torna-se ainda mais essencial. Seja para a atuação ainda no mercado de trabalho ou para minimizar o distanciamento físico exigido hoje, métodos de trabalho remoto e de manter contato com amigos e familiares passaram a fazer parte dos novos hábitos de todos.

Somando a esse novo cenário, especialistas em geriatria já apontavam que o uso de smartphones e outros aparelhos geram aprendizado de uso e estimulam a manutenção do sistema cognitivo, sendo extremamente benéfica. Cabe às empresas pensarem em soluções que possam facilitar o uso da tecnologia para este crescente público e estimularem seu uso.

Os profissionais à frente de soluções na experiência do usuário, criação e solução de produtos de tecnologia, sejam eles físicos ou digitais, têm a possibilidade (e o dever) de se atentar a isso. Assim como no design inclusivo e no design universal, há a necessidade de  conscientização pelos diversos públicos durante o processo projetual — sendo a terceira idade, mais do que nunca, parte deste contexto.

Experiência do usuário

Fontes e áreas de clique maiores, calibre no contraste de cores, atenção no uso demasiado de elementos em tela e informações claras de uso são alguns poucos exemplos que podem facilitar a utilização de produtos digitais para os idosos. Além disso, muitas soluções podem, mais que incluir usuários seniores, ajudá-los a levar a vida mais facilmente. Veja alguns exemplos abaixo: 

  • Bancos e soluções financeiras: é possível facilitar o uso de aplicativos e soluções digitais de bancos e empresas do ramo financeiro, tornando o sênior hábil para fazer suas transações e pagamentos sem ter que se deslocar até uma agência. Esse público também é o mais vulnerável a fraudes, portanto pensar soluções que os proteja mais é algo que precisa ser olhado;
  • Serviços de entrega: assim como soluções bancárias, aplicativos de entregas também podem aumentar a autonomia do sênior frente a atividades corriqueiras. Relatórios de tendências de todo o mundo apontam um aumento de retiradas e entregas em domicílio. Portanto, atentar para essa experiência é fundamental;
  • Auxílio saúde: dispositivos e aplicativos de monitoramento, alertas e lembretes já têm sido usados para a manutenção e controle da saúde do sênior. Contudo, há um espaço para que haja uma maior adoção, incluindo planos de saúde mais adaptados e customizados à realidade dessa faixa etária. Muito se fala da ampliação do “e-health” e do “home care” nesse novo contexto que vivemos;
  • Comunicação e inclusão social: já sendo os mais utilizados por esse público, os aplicativos de troca de mensagens reduzem a sensação de isolamento que atingem muitos seniores, e os aproximam de seus familiares;
  • Entretenimento: atividades recreacionais distraem e possibilitam um passatempo extra a eles, como também podem estimular as capacidades motora e cognitiva, e até prover interações sociais.

Estes são apenas alguns exemplos de como podemos facilitar a vida da população da terceira idade, tanto frente ao contexto atual, quanto para o futuro. Algumas tendências, tornam-se ainda mais fortes. Entre elas,a ausência de contato físico e também de papéis. Novos hábitos a partir dessa virada de chave precisarão ser incorporados e, portanto, a inclusão digital desse grupo mais vulnerável torna-se iminente.

 E a sua empresa, já está pensando neste público?

*Nicolle Perico é UX Designer na ilegra, empresa global de design, inovação e software

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