Startup Alice promove disrupção de modelos tradicionais de planos de saúde
Artigo atualizado em 4 de março de 2022
Startup Alice cresce em média 21% ao mês e promove uma revolução no modelo de planos de saúde.
Apesar de apenas 3 em cada 10 brasileiros possuírem plano de saúde, segundo dados do DataSenado, mesmo os que são assistidos por uma operadora, nem sempre são beneficiados por um bom serviço. A maioria dos planos cuidam de seus pacientes apenas quando eles já estão doentes, além de não faltarem histórias de má experiência com planos: burocracia para marcar procedimentos, mau atendimento, cancelamento indevido e aumentos abusivos sem a transparência necessária estão entre as principais queixas dos consumidores.
Por isso é de se surpreender que uma startup de plano de saúde tenha se tornado a queridinha dos investidores e de seus clientes, com um grande potencial de transformar o mercado de operadoras de planos, e tudo isso com menos de dois anos de vida. São esses os atributos da healthtech Alice, que nasceu durante a pandemia e tem alçado grandes voos.
Completamente adepta da tecnologia, o usuário contrata digitalmente um plano de saúde da Alice. Com um forte discurso de focar em prevenção em vez de doença, o plano inclui uma equipe composta por enfermeiro, médico, nutricionista e preparador físico. Os profissionais montam um plano de ação dependendo dos objetivos do usuário – por exemplo, manter uma doença crônica sob controle ou se preparar para uma maratona.
Mas afinal, quais os diferenciais dos produtos da Alice e o que a fez crescer tão rapidamente e se tornar um verdadeiro case de sucesso? Neste artigo, apresentamos algumas das estratégias da startup para quem quer se inspirar a aprender.
Quem é a Alice
Criar uma operadora que cuidasse do processo de saúde de ponta a ponta e resolvesse os principais problemas das pessoas em relação ao tema foi a grande sacada dos sócios André Florence, Guilherme Azevedo e Matheus Moraes, fundadores da Alice.
A operadora – que é uma das apostas do Distrito para virar unicórnio este ano – é formada por um time de especialistas que inclui médicos, enfermeiros, nutricionistas e preparadores físicos que estarão presentes no cotidiano do paciente. A ideia é que o plano não seja utilizado apenas quando a pessoa fique doente, pelo contrário, ele deve prevenir o surgimento de doenças. E grande parte deste atendimento é feito digitalmente: um dos diferenciais é que a Alice informa que consegue resolver cerca de 90% dos casos por meio digital.
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Como tudo começou
Os empreendedores se conheceram por meio da rede do fundo de investimento semente Canary, em 2019, e decidiram empreender.
Todos os sócios trazem grande experiência do ecossistema de inovação: Florence foi diretor financeiro na 99, enquanto Moraes foi presidente. Já Azevedo foi um dos co-fundadores da startup de saúde Dr. Consulta. Os três acompanharam a fase de escala dessas startups.
Eles lançaram a Alice em março de 2019 e levaram 15 meses para desenvolver a healthtech, incluindo sua regulamentação em janeiro de 2020, quando a startup conseguiu sua licença como operadora de saúde pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
No início, fizeram uma experiência para amigos e familiares, mas pouco depois veio a pandemia e eles decidiram segurar o lançamento oficial para entender melhor o cenário e deixar o produto completamente pronto.
A primeira venda da Alice foi realizada em julho de 2020. Em seu início, a healthtech era focada no público que não tinha plano ou estava insatisfeita com seu atual e oferecia apenas uma opção de contratação, que dava acesso aos hospitais Oswaldo Cruz e Sabará, à maternidade Pro Matre, e ao laboratório Fleury, além de uma rede de médicos especializados. Aos poucos, foi aumentando sua rede e tornando as opções de planos cada vez mais personalizadas. Atualmente conta com um grande destaque: a Casa Alice, clínica e laboratório disponível em todos os planos.
Estratégias e diferenciais da Alice
Cuidado integral
A ideia da Alice é focar na prevenção e cuidado integral do paciente. Para isso, o usuário tem à sua disposição um time de saúde para cuidados 24 horas por dia, sempre disponível através do aplicativo. Esse time conhece o histórico do paciente, o que facilita o acompanhamento médico e dribla a necessidade de ir em uma nova consulta, precisando relatar todos os eventos relacionados à sua saúde.
Poder de marca
Inspirada no Nubank, uma das principais estratégias da Alice é seu poder de marca, que é um grande diferencial frente aos concorrentes. Focada no público jovem, a Alice busca ser uma “gestora de saúde”, posicionando-se como uma empresa que está preocupada com a saúde integral dos seus pacientes. A marca é extremamente relevante para o business, dado que os planos são mais caros que os tradicionais. Além disso, dentro das estratégias de posicionamento, nota-se elementos de “nós contra eles”, que engajam o público que está insatisfeito com as opções padrão presentes no mercado. Em resumo, a Alice diz “nós somos um plano para sua saúde e não um plano para doença”.
Tecnologia
Para a Alice, tecnologia significa melhora na experiência através do aplicativo, melhora na cadeia de relacionamento, menores custos operacionais e poder de escala.
No atendimento, a empresa integrou sua plataforma a dispositivos da TytoCare, os quais basicamente permitem a realização de exames dentro da própria casa dos pacientes, sendo possível visualizar o resultado imediatamente através do aplicativo. Para pacientes com covid-19 que apresentaram sintomas leves, a startup encaminhou oxímetros para acompanhar a evolução do quadro médico. Essas iniciativas, além de permitir atendimentos mais rápidos e eficientes, também significam redução de custos comparado ao encaminhamento a um hospital.
Remuneração com base em desempenho
A remuneração proposta pelas operadoras tradicionais é desalinhada com os interesses do plano e do paciente, pois os hospitais e laboratórios são remunerados pelo número de procedimentos que realizam, enquanto os planos de saúde precisam arcar por cada realização destes procedimentos, causando uma experiência ruim para o paciente.
Conhecido como value-based health, o modelo consiste em alinhar esses interesses. Na prática, a remuneração será conforme a performance do prestador de serviços, a operadora irá remunerar o hospital para resolver o problema do paciente, e se precisar de mais de uma cirurgia não pagará mais para o hospital, alinhando os interesses para oferecer uma melhor experiência em vista de resoluções práticas.
Principais desafios da startup
Um dos principais desafios em relação ao modelo de negócio da Alice está conectado à sua capacidade de escala. O time de saúde precisa realizar um acompanhamento contínuo dos membros, necessitando de uma interação humana, o que prejudica a redução de preços para atingir classes mais baixas e públicos mais amplos.
Uma solução encontrada pela empresa é o aumento da produtividade do time saúde por meio de telemedicina e análise de dados, tentando fazer consultas mais assertivas e velozes com o objetivo de solucionar as questões de saúde dos pacientes. Na prática, reduzir o tempo médio das consultas e aumentar a automação do suporte possibilita o profissional a atender a mais pessoas.
Resultados da Alice até hoje
Se, em dezembro de 2020, a Alice contava com cerca de 600 clientes ativos, hoje esse número já ultrapassa 7.000. “A nossa meta é nos tornarmos a maior gestora e operadora de saúde do Brasil em 10 anos”, disse o fundador e CEO da startup, André Florence em entrevista à Veja.
No início deste ano, mais uma novidade: o desejo de ir além dos planos de saúde para pessoas físicas desacreditadas de seus planos atuais ou sem cobertura médica para também mirar no mercado corporativo. Como resultado, a Alice concluiu em janeiro a sua primeira aquisição: a da startup Cuidas, de saúde corporativa. O valor da transação não foi divulgado.
Veja abaixo os principais números de destaque da empresa
- 7.500 membros (fevereiro 2022)
- NPS de 85 (média do mercado 47)
- 21% ao mês de crescimento médio no número de membros
- 18 Opções de planos modulares
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