Creditas: “continuaremos avançando em nosso objetivo de ajudar as pessoas a realizarem seus sonhos”, conta Sergio Furio
Artigo atualizado em 16 de março de 2022
Creditas: Fintech que quebrou o monopólio de juros: entrevista com fundador da Creditas
O ecossistema de fintechs no Brasil encontrou um cenário ideal para o seu desenvolvimento, muito por conta dos serviços caros, com diversas taxas e sem um atendimento de qualidade por parte dos maiores bancos atuantes no país, mas também pela grande quantidade de brasileiros fora do sistema bancário, com cerca de 45 milhões desbancarizados antes da pandemia, segundo o Bacen (Banco Central do Brasil).
Por conta desse cenário, algumas fintechs se desenvolveram e estão se tornando grandes players no setor, como é o caso da Creditas, que além de fazer parte do grupo de startups brasileiras que alcançaram o marco de unicórnio, é também uma das principais plataformas online de crédito do Brasil.
Seu fundador, o espanhol Sergio Furio, teve a ideia de fundar a startup em 2012 quando ouviu de sua namorada brasileira que os juros cobrados no Brasil superam a marca de 200% ao ano.
E assim, acabou criando uma das maiores referências entre as fintechs nacionais, ao lançar um produto com poucos players na época: concessão de crédito com garantia em imóvel e carro ou consignado, o que reduz os juros e as parcelas das dívidas dos consumidores.
Entenda um pouco mais sobre a estratégia da empresa e confira a entrevista que realizamos com Furio.
Aquisição da BCred
Qual foi a estratégia por trás da aquisição da BCredi? Quando começaram as discussões sobre o assunto?
A Creditas foi fundada em 2012 com o objetivo de reduzir as taxas de juros no Brasil, reestruturar o endividamento das famílias e ajudar os brasileiros a realizarem seus projetos de vida, oferecendo empréstimos com taxas mais acessíveis e maiores prazos de pagamento. A modalidade home equity foi nosso primeiro produto e conseguimos virar referência no Brasil não só pela nossa capacidade de crescer de forma acelerada, mas, mais importante, pela digitalização e por criar um processo de estruturação que virou referência.
Conheço Maria Teresa Fornea (Tete) há anos e sempre trocamos nossas experiências no setor. Sempre acreditamos no potencial da Bcredi por tudo o que ela construiu, pelo time de alta performance e pela forte atuação, que tem grande foco em canais de B2B2C, com o desenvolvimento de soluções de “LaaS” (lending-as-a-service).
Analisando todos os vieses, entendemos que juntando nossas forças – a digitalização e experiência da Creditas, com a forte atuação B2B2C e expertise da Bcredi, podemos ter um crescimento ainda mais acelerado e com eficiência. Então, unir as duas empresas se demonstrou uma forte e positiva alternativa para potencializar ainda mais nosso propósito: o de ajudar as pessoas a alcançarem seus objetivos com um crédito saudável.
Próximos passos
Quais os próximos passos após aprovação da operação pelo Cade?
Após a aprovação do Cade, a Tete vira nossa VP de crédito imobiliário, integrando a operação da Bcredi, que vai passar por um processo de transição e integração durante 2022. A integração de colaboradores, clientes e parceiros começará após o processo de aprovação pelo Cade e tudo acontecerá de forma gradual. Vamos unir as boas práticas de ambas empresas para redesenhar nossos processos, aproveitando tudo o que foi desenvolvido por cada uma. Dessa forma, conseguiremos oferecer a melhor solução para clientes e parceiros. A Bcredi traz também uma plataforma de LaaS que é um “plug and play” para que nossos parceiros possam oferecer nosso produto home equity em formato white-label totalmente integrado.
Crescimento acelerado
Vocês estão mirando alguma outra aquisição estratégica ainda este ano? Em quais setores ainda pretendem entrar?
Nascemos como uma empresa de crescimento acelerado e queremos que isso se mantenha porque operamos em um mercado enorme e ainda somos muito pequenos. Temos, sim, uma agenda estratégica de M&A focada sempre nas nossas três verticais de atuação: Imóveis, Auto e Salário.
No que diz respeito ao modelo de negócios da Creditas, como balancear o crescimento acelerado e a busca por lucratividade?
Seguimos crescendo de forma acelerada. Apesar da pandemia, em 2020 conseguimos dobrar nossa receita e portfólio de crédito. Fechamos Q3-2020 ao nível de Q1-2020, finalizando o trimestre com setembro como nosso melhor mês e receita de R$ 30.4 milhões. Desde 2016, crescemos mais de 100 vezes e esperamos ter muitos anos de crescimento pela frente.
Unicórnio
O que significa, na prática, o título de unicórnio para a Creditas e como isso impacta nos objetivos estratégicos da empresa?
Nada muda. Seguimos trabalhando como no primeiro dia. Queremos evitar qualquer tipo de distração e focar no que melhor sabemos fazer: trabalhar duro e seguir resolvendo problemas complexos, que ajudem milhões de brasileiros.
Planos para o futuro da Creditas
Qual o próximo passo da Creditas após o reconhecimento como unicórnio?
Com o investimento que recebemos em nossa rodada Series-E, de US$255 milhões, a Creditas passou a ser avaliada em US$1,75 bilhões. Com isso, continuaremos avançando em nosso objetivo de ajudar as pessoas a realizarem seus sonhos e com o processo iniciado em 2019 de ampliar nossa oferta de produtos em três grandes frentes:
– Fintech: um ecossistema completo de serviços financeiros, moderno, digital e com produtos de baixo custo para nossos clientes;
– Consumer Solutions: uma oferta de soluções que permite utilizar todo o potencial de um imóvel (home solutions), veículo (auto solutions) e salário (Creditas @work), assim como a primeira loja virtual do Brasil que permite pagamento com desconto no salário do funcionário (Creditas Store);
– México: após reinventar o mercado brasileiro, estamos determinados a entregar a mesma experiência disruptiva ao consumidor mexicano;
Cenário competitivo
Quais são, hoje, os principais competidores da Creditas: empresas tradicionais, novos negócios disruptivos ou players internacionais?
Com a expansão da Creditas, operamos em múltiplas áreas e nossa concorrência são principalmente os players tradicionais da indústria financeira. No mercado de home equity, por exemplo, estamos felizes que recentemente os bancos entraram com interesse renovado, isso cria um melhor ecossistema e permite popularizar o produto entre os brasileiros.
Levando em conta todos os recordes e marcos históricos de 2021, o Distrito traz para essa edição do Corrida dos Unicórnios 16 nomes de startups que acreditamos serem as próximas a ultrapassarem a meta de um bilhão de dólares em valuation, levando em consideração métricas de captação de investimento, de valuation médio e Dataminer Score.