Cerca de 30 milhões de brasileiros são empreendedores. Desses, a maioria (51%) são negros. Apesar disso, os empreendedores negros são os que mais enfrentam dificuldades em termos de acesso ao crédito, formalização e crescimento.

Neste artigo, entenda um pouco mais sobre o cenário do empreendedorismo negro no Brasil, seus desafios e 4 projetos que estão transformando o ecossistema de inovação. Boa leitura!

O que é o empreendedorismo negro e qual sua importância?

Antes de começarmos, é importante entender o que é o empreendedorismo negro e como ele avança no Brasil.

De acordo com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), o empreendedorismo é a capacidade de identificar oportunidades e transformá-las em negócios.

Quando olhamos mais de perto, podemos notar que o empreendedorismo pode ser subdividido em algumas categorias, como o empreendedorismo feminino e o empreendedorismo verde, por exemplo.

É nessa hora que entra o empreendedorismo negro.

O empreendedorismo negro, então, nada mais é que o movimento que reúne negócios idealizados e comandados por pessoas negras (pretas e pardas).

Esse movimento também desempenha um papel extremamente importante para a sociedade brasileira.

Além de fomentar a diversidade, também proporciona mais empoderamento para a população negra, que vê no empreendedorismo uma forma de superar barreiras, diminuir desigualdades e fortalecer a comunidade.

Na próxima sessão, conheça o perfil dos empreendedores negros no Brasil.

Quem são os empreendedores negros no Brasil?

Hoje, o Brasil possui cerca de 30 milhões de empreendedores, sendo a metade deles negros.

Ademais, juntos, esses empreendedores movimentam cerca de 24% do PIB e um montante de R$ 399 bilhões em renda própria.

Segundo um levantamento do Preta Hub, 43% deles começam a empreender por necessidade devido à dificuldade em encontrar emprego e 51% sempre quis empreender.

Além disso, 91% querem ampliar seu negócio nos próximos anos.

Outro ponto importante é que esses empreendedores fomentam o movimento black money, que veremos mais pra frente. Assim, cerca de 29% trabalham com parceiros e priorizam parceiros negros.

Por fim, a inovação também corre nas veias desses empreendedores. Atualmente, cerca de 36% deles trabalham com inovação.

Desafios do empreendedorismo negro no cenário brasileiro

O Brasil é um país que ainda carrega muitas desigualdades, criando um cenário extremamente desafiador para pessoas negras.

Isso também reflete nas barreiras encontradas por empreendedores negros. Conheça algumas dessas barreiras.

Acesso a crédito

Segundo uma pesquisa do Sebrae e FGV, pessoas negras têm mais dificuldades de conseguir empréstimo em comparação às pessoas brancas.

Cerca de 51% dos negros donos de negócios procuraram empréstimo nos últimos 2 anos.

Desses, 47% tiveram seu pedido negado – este índice chegou a 34% entre empreendedores brancos

Formalização

De acordo com o IBGE, em 2019, 82% dos empreendedores negros não tinham CNPJ – para empreendedores brancos, este índice era de 60% no mesmo período.

Além disso, 34% disseram que enfrentaram muito preconceito para abrir seus negócios, o que impacta na sua formalização.

Superando desafios com o movimento Black Money

Para superar estes desafios, foi fundado o movimento Black Money.

Black Money literalmente significa “dinheiro negro” e trata de uma iniciativa que visa aumentar a circulação de dinheiro entre a comunidade negra.

Nina Silva, uma das fundadoras do movimento, defende que ao contribuir para a ascensão financeira de outros negros, toda a população negra é beneficiada.

Contudo, o movimento Black Money não se restringe a gastar dinheiro em empresas fundadas e gerenciadas por pessoas negras. Ele também incentiva a contratação, financiamento e promoção de pessoas negras no mercado de trabalho, a fim de criar mais diversidade e inclusão no mercado de trabalho.

E isso traz resultados concretos para a economia brasileira: segundo o Preta Hub, 56% das pessoas preferem comprar em empresas que apoiam a diversidade racial.

4 projetos de impacto de empreendedorismo negro

Agora que você já sabe sobre o cenário do empreendedorismo negro no Brasil e a importância do movimento Black Money, conheça 4 projetos que não só revolucionam o ecossistema de inovação, como também geram impacto positivo para a sociedade.

AfroSaúde

A Afrosaúde é uma startup brasileira que conecta pacientes a profissionais negros de saúde e bem-estar de todo o Brasil. A plataforma oferece uma variedade de serviços, incluindo consultas online e presenciais, exames, educação em saúde e programas customizados com as metas de diversidade e inclusão das empresas.

Reconhecemos que a saúde é um direito fundamental e a desigualdade nessa área é uma questão crítica. Quando se trata de saúde mental, temos números alarmantes, sobretudo após a pandemia. Por isso, nossos esforços são direcionados para abordar as disparidades que afetam especialmente as comunidades marginalizadas, enfatiza Igor Rocha, CEO da AfroSaúde.

A empresa conta com grandes corporações na sua carteira de clientes, que conta com nomes como Nubank, Mondelez, BASF e Amil.

Assim, a organização não só democratiza o acesso à saúde, como também atua como catalisador na diminuição da desigualdade racial.

Planty Biotech

Cuidar do meio ambiente não é mais opcional, pelo contrário: é extremamente obrigatório se quisermos construir um legado pras próximas gerações.

Com isso em mente, a startup brasileira Planty Biotech começou a desenvolver soluções biotecnológicas com o menor impacto ambiental possível.

Com foco em utilizar a natureza como fonte de inspiração e não de exploração, a startup não só produz cosméticos veganos, com matérias-primas biotecnológicas, como também desenvolve pesquisas em biologia sintética, para o desenvolvimento de soluções inovadoras para a indústria.

Além disso, a empresa também possui um banco de dados de biodiversidade que disponibiliza informações de espécies da flora brasileira para outros desenvolvimentos da biotecnologia.

Com isso, a Planty Biotech não só cria alternativas tecnológicas para o desmatamento da natureza, c0mo também auxilia na construção de um futuro cada vez mais sustentável.

naPorta

As desigualdades do Brasil se manifestam de diferentes formas. Às vezes, tarefas consideradas simples, como o recebimento de encomendas de compras online, podem não ser uma realidade para uma grande parte da população que reside em locais com dificuldades de acesso.

Para sanar essa dor, nasceu a naPorta, logtech especializada em entregas nas comunidades, áreas rurais, ribeirinhas e regiões com restrições.

Em parceria com a Google, que selecionou a startup para seu programa de fomento a empresas com pessoas negras em seu quadro societário, criou uma solução de endereço digital, que permite que moradores de regiões com restrição de acesso tenham seu endereço exato não só para realizar compras online, mas também para resolver outras demandas relacionadas à energia elétrica e saneamento básico, por exemplo.

Dessa forma, a empresa está ajudando a democratizar o acesso ao comércio eletrônico, a promover a inclusão social e a impulsionar a economia circular.

Creators

Na era das redes sociais, trabalhar bem a comunicação é essencial. Assim, contar com parceiros que são experts no assunto é fundamental.

Este é o papel da Creators, martech que oferece uma plataforma de marketing de influência para marcas e criadores.

A startup já passou por três acelerações do Google e, hoje, conta com mais de 8 mil criadores e cerca de 60 clientes ativos.

Além disso, a Creators possui uma tecnologia proprietária que tem o objetivo de aumentar a diversidade de gênero, raça e região nas marcas.

Desse jeito, atua como protagonista no aumento de representatividade na mídia.

Quer saber um pouco mais sobre essa startup? Conversamos com a Nohoa Arcanjo, cofundadora da empresa, que compartilho conosco sua trajetória. Confira aqui!

Como você pode apoiar outras iniciativas do empreendedorismo negro?

Conforme vimos no início desse post, a luta por uma sociedade mais justa e igualitária ainda está longe de ter um fim.

Além disso, muitos profissionais negros enfrentam diversos preconceitos para formalizarem e escalarem seus negócios.

Com o sonho de mudar essa realidade, a For Black Hands (FBH) nasceu com objetivo de facilitar as conexões entre as empresas e profissionais negros, gerando empregabilidade e transformação social.

Para apoiar a causa, no evento C-Level Club, a venda de ingressos e o valor arrecadado será totalmente revertido para apoiar a startup.

Ao investir no evento e explorar as oportunidades de parceria, você não apenas contribui para a transformação social, mas também fortalece sua organização ao abraçar a diversidade e a inclusão.