Pular para o conteúdo
VoltarVoltar
As Insurtechs como parte de um mercado segurador ecossistêmico

As Insurtechs como parte de um mercado segurador ecossistêmico

9 de outubro de 2018
11 minutos de leitura
time

Artigo atualizado em 9 de outubro de 2018

Sem dúvidas, o mercado de insurtech está transformando o mercado segurador. Para saber como, chamamos alguns especialistas do setor. Eles não compartilharam sua visão do mercado conosco, como também apontaram a importância dessas insurtechs para o crescimento do setor. Boa leitura!

A criação de um mercado segurador ecossistêmico

Por Murilo Riedel, CEO da HDI Seguros

O surgimento das insurtechs vem alavancando inovações no mercado segurador. Com inteligência, muitas dessas empresas têm desenvolvido soluções tecnológicas específicas para determinadas partes da cadeia de valor, que estão fortalecendo o setor e permitindo, por exemplo, que companhias tradicionais se tornem mais leves, práticas e capazes de oferecer serviços personalizados e mais adequados ao consumidor atual.

Primeiro, é importante lembrarmos que os padrões de consumo estão mudando em uma velocidade sem precedentes e que isso impacta diretamente nos negócios. Neste processo de reconhecimento e desenvolvimento célere de produtos e serviços atrativos, a busca por sinergias com potenciais parceiros pode ser muito mais eficiente do que a competição.

Por isso, acreditamos na construção de um mercado segurador ecossistêmico, do qual as insurtechs devem fazer parte, bem como empresas de outros mercados que tenham negócios sinérgicos.

Este modelo de negócios permite ganho de escala, velocidade frente à evolução tecnológica, praticidade na compra de um produto e serviço, além de beneficiar de maneira direta a rede de corretores que compõe um dos pilares mais importantes da cadeia de valor de uma seguradora.

Na Europa, onde a transformação digital do mercado segurador está um pouco mais madura, o investimento em startups de tecnologia de seguros cresceu para mais de US$ 500 milhões em 2017, ante US$ 147 milhões em 2016, segundo dados divulgados pela consultoria CB Insights. A canalização de recursos para o desenvolvimento de tecnologia digital é uma tendência observada em diversos países, inclusive no Brasil, e isso não é à toa. Estamos caminhando para a disrupção em diversas esferas dos negócios e devemos olhar de forma positiva para estas mudanças.

Dessa forma, enxergamos as insurtechs atuando fortemente como agregadoras para seguradoras, corretores e fornecedores especializados do setor. Com soluções tecnológicas é possível hoje, por exemplo, permitir que o cliente realize de forma simples e prática a vistoria de seu carro ou imóvel através de seu celular, evitando deslocamentos e burocracias, que são aborrecimentos que não agregam valor para o segurado.

Por fim, Esperamos ouvir falar cada vez mais em IoT, machine learning e outras tecnologias capazes de trazer benefícios para seguradoras, corretores, consumidores e mercados adjacentes.

A explosão da tecnologia no setor de insurtech

Por Luciene Magalhães,  Líder do Setor de Seguros da KPMG

Será que conseguimos vislumbrar um dia, em que o seguro será parte integrante na vida dos brasileiros, a custos tão baixos, que nem os perceberemos? Graças aos enormes avanços tecnológicos em IoT, inteligência artificial, sensores, Data Analytics e computação em nuvem, esse dia pode estar muito mais perto do que imaginamos.

Ao avaliarmos o que vem acontecendo nos Estados Unidos e na Europa, onde os assistentes virtuais como a Alexa e o Google Home estão cada vez mais relevantes no dia a dia dos novos consumidores, é de se esperar que, com o passar dos tempos, os consumidores se tornem ainda mais confortáveis com o fato desses e outros aparelhos ao seu redor capturarem dados e informações sobre seus hábitos, preferencias de consumo e estilo de vida. Todos nós já nos acostumamos com os smartphones, e é natural que também nos acostumemos com estes novos aparelhos.

Assim, a combinação de smartphones, assistentes virtuais, veículos conectados, smartwatches e outras tecnologias wearable, significará que praticamente todos os aspectos de nossa vida serão registrados e monitorados, tanto para aprimorar nossa qualidade de vida e conveniência, quanto para experiências de consumo cada vez melhores, em todos os segmentos, e a Industria de Seguros não ficará pra traz.

O mercado brasileiro ainda caminha lentamente na direção de seguros personificados

O mercado brasileiro ainda caminha lentamente na direção de seguros personificados, mas já podemos começar a ver iniciativas relacionadas aos seguros sob demanda, seja em linhas tradicionais, como seguro automotivo e residencial, ou em novas linhas como os riscos cibernéticos. Dessa forma, nossa expectativa é que com o avanço na captura dos hábitos dos consumido res esta modalidade de negócios cresça muito, e que introduza novos produtos de proteção até hoje inimagináveis.

Neste contexto, as insurtechs têm grande potencial de transformar o setor. Se voltássemos no tempo três anos, veríamos que praticamente todas as iniciativas estavam focadas em cotadores ou comparadores de preços. Enquanto hoje já identificamos uma série de iniciativas relacionadas a utilização de aplicativos e sensores na precificação dos seguros e na gestão de riscos, além de uma série de iniciativas associadas a inteligência artificial e utilização de blockchain para transformar toda a cadeia de valores e oferecer produtos completamente digitais a custos bastante interessantes.

Análise de Big Data e tecnologia aplicada a negócios apoiam combate a fraudes e prospecção na área de seguros

Por Mario Misk, Gerente Comercial Enterprise da Neoway

A revolução digital chegou à área de seguros. Enquanto toda mudança traz em si desafios a serem enfrentados e superados, também é importante destacar os benefícios percebidos por quem já está utilizando tecnologias aplicadas aos negócios.

No mercado de seguros, não são poucas as empresas que adotaram inovações em seu dia a dia.

Machine learning, inteligência artificial e big data analytics são só algumas das tecnologias que estão ajudando as seguradoras a aperfeiçoar seus processos.

Ferramentas estão transformando as insurtechs e o mercado de seguros

Na área de seguros, essas ferramentas podem ser úteis para várias finalidades, entre elas:

Inteligência de mercado – Conhecer o mercado de atuação e encontrar oportunidades de expansão são atividades que podem ser facilitadas pela análise de dados. Além disso, o estudo do perfil dos consumidores para criar produtos específicos também pode ser feito mais rapidamente por meio de ferramentas de big data analytics.

Prevenção contra fraudes – Combater fraudes a partir do machine learning. Essa ferramenta é capaz de analisar milhares de informações de comportamento e aprender a classificar o potencial de risco da pessoa. Com isso, é possível identificar um possível fraudador. Também é possível verificar se o segurado possui processos anteriores por fraude, evitando o pagamento de falsos sinistros.

Precificação e aceitação de apólice – Analisar o perfil do cliente de maneira rápida e consistente para oferecer o pacote de preços ideal. Tal análise leva em consideração seu perfil (idade, gênero, local de trabalho, renda presumida, entre outras variáveis). Com Big Data, os dados podem ser obtidos e cruzados rapidamente, possibilitando retorno ágil ao cliente e mais produtividade ao corretor.

Compliance – Desenvolver controles internos para identificar pessoas politicamente expostas e seus vínculos familiares, societários e empregatícios. Essa abordagem tem o objetivo de prevenir e combater os crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores, bem como prevenir e coibir o financiamento ao terrorismo, atendendo a circular 445 da Susep.

Análise da rede de prestadores – Encontrar oficinas que possam ser credenciadas para atender os clientes de seguro auto. Para seguro saúde, é possível identificar prestadores e/ou profissionais que podem ser parceiros da organização para a ampliação da rede ou implantação de novos serviços.

Atualização constante leva à análises estratégicas

Por fim, a atualização constante dos dados permite a revisita periódica sessas análises estratégicas. Porém, mesmo obtendo informações atualizadas, é necessário um olhar atento às inovações e desafios que se impõe à área de seguros para se adaptar rapidamente e tirar o máximo proveito das novas tecnologias.

A importância do fundo de capital de risco para apoiar startups promissoras de insurtech

Por Franklin Luzes, COO da Microsoft Participações

Atualmente, iniciativas de investimentos de risco em jovens empresas estão em alta devido ao acelerado processo de transformação digital que vivemos, onde novas soluções disruptivas criadas por startups mudam ou destroem antigos negócios consolidados no mercado.

Geralmente, o tempo de vida dessas companhias é de cerca de dois anos. Porém, caso os negócios não prosperem rapidamente, ela estará fadada à morte. Por isso, grandes empresas estão se unindo e criando iniciativas de “Investimento Corporativo” e Fundos de Investimento em Participações (FIPs), para que possam desempenhar um papel estratégico nesse momento de transformação, e também se conectar com estas inovadoras empresas.

O Fundo BR Startups, o qual eu fui o idealizador, foi criado no Brasil e tem como foco fomentar o crescimento da economia e a geração de empregos. Ou seja, desejamos gerar impacto e relevância no país.

O Fundo reúne companhias como Microsoft Participações, Banco Votorantim, Monsanto (atual Bayer), Grupo Algar, Banco do Brasil Seguros, Qualcomm, ES Ventures e AgeRio e, sob a gestão da MSW Capital, e investe entre R$ 500 mil e R$ 3 milhões para ajudar startups a realizar a conexão entre a fase de investimento anjo/aceleração e uma rodada de investimento série A. Com isso, permite que grandes empresas apoiem financeiramente e estrategicamente novos empreendedores. Desde a sua criação, em 2014, o Fundo já captou R$ 27 milhões e investiu em 15 startups.

Fundo investiu R$ 2 milhões em insurtech

No final do ano passado, o Fundo BR aportou R$ 2 milhões na insurtech Car 10. A proposta partiu de uma ideia simples: facilitar o conserto e manutenção de carros de forma segura, rápida e eficiente, por meio de ferramentas tecnológicas.

Assim, as insurtechs são uma oportunidade de ganho de eficiência para as seguradoras ao usarem os canais digitais para dar escala à oferta dos seus produtos, ficando menos dependentes dos balcões físicos.

Para esse ciclo continuar funcionando, empreendedores e investidores devem entender que é necessário se capacitar, criar uma cultura interna e se preparar para ampliarem os negócios.

Em suma, fomentar esse ecossistema de empreendedorismo é um desafio gigantesco. Por isso, precisamos nos apoiar no conceito de inovação aberta, de valor compartilhado, de trabalhar em conjunto e conectarmos os pontos. Dessa forma, conseguiremos propiciar um crescimento muito mais rápido das startups, seja no Brasil ou globalmente.

Tendências globais do mercado segurador

Personalização na oferta

  • Ao utilizar IoT, Machine Learning e Big Data as startups conseguem mapear individualmente o comportamento de compra, estilo de vida e de direção. Esses fatores são determinantes na análise de risco. Por isso, essas tecnologias podem ajudar na oferta de produtos totalmente personalizados.
  • O uso do blockchain pode trazer alguns benefícios para o mercado segurador. Além da transparência em todo processo e acesso
    mundial, a tecnologia permite armazenar de forma segura uma “identidade digital” que auxilia nas mais diversas análises de perfil.
  • Utilizando essas tecnologias associadas a sensores e wearables, as seguradoras podem monitorar o comportamento dos usuários e adequar a oferta de seus produtos.

Novos modelos de interações

  • Com a digitalização, muitas empresas estão ofertando produtos e serviços que permitem interagir de forma mais ativa com os consumidores. Seguros por assinatura, flexibilização dos produtos e seguros em comunidade são alguns dos modelos adotados para entregar mais valor ao consumidor.
  • A automatização dos processos está cada dia mais eficiente. Com diminuição nos custos e aumento da produtividade, proporciona melhores experiências aos clientes, que estão mais digitais. Isso não só atende às demandas do mercado como também aumenta a satisfação do cliente.
  • Ademais, os sinistros também melhoram. Investimentos em aplicativos que melhoram a qualidade de vida do usuário possibilitam que a empresa diminua o risco de sinistro. Por outro lado, isso cria um canal direto de comunicação com seus clientes.