Corporate Venture Capital: o que é e como funciona
Artigo atualizado em 8 de setembro de 2021
De maneira resumida, Corporate Venture Capital (CVC), ou Corporate VC, é uma estratégia onde grandes empresas tradicionais investem em startups promissoras por meio da criação de um próprio fundo de investimento.
Ao contrário do venture capital tradicional, que visa principalmente o retorno financeiro, o CVC tem um objetivo duplo. Além de buscar lucro, as corporações usam esses investimentos para explorar novas tecnologias e modelos de negócio que possam complementar ou até transformar suas operações e produtos.
Confira abaixo os temas que iremos abordar por aqui:
- O que é Corporate Venture Capital?
- Como funciona?
- Qual é o objetivo das empresas com o CVC?
- Diferenças entre M&As e CVCs
- Panorama do mercado de CVC no Brasil
Leia também: O que é Venture Capital e como funciona esse tipo de investimento
O que é Corporate Venture Capital?
A transformação dos mercados nas últimas décadas impulsionou as grandes empresas a buscar novas formas de se manterem competitivas. Foi nesse cenário que o Corporate Venture Capital (CVC) começou a ganhar força.
Diferente do passado, onde a inovação era um processo interno, hoje, muitas corporações perceberam que apenas depender de seus próprios recursos não é suficiente. Assim, essa ideia, fruto da inovação aberta, se tornou essencial, incentivando essas empresas a olharem para fora e a se conectarem com startups.
Ou seja, Corporate Venture Capital, também chamado de Corporate VC, refere-se a uma busca por novas ideias e conhecimentos fora dos limites da organização. Esse envolvimento pode ser feito de várias formas, em diferentes níveis de comprometimento e risco.
Em tal caso, algumas empresas que elevam esse nível de comprometimento, assumindo os riscos inerentes a uma transação que envolva participação acionária.
Então, elas criam seus próprios fundos ou investem em fundos já existentes para alocar capital em startups que possam trazer inovações tecnológicas, novos produtos ou serviços e modelos de negócio disruptivos que complementam suas operações.
Leia também: O CVC é uma forma de inovação aberta, ou “open innovation”. Saiba mais!
Como funciona o CVC?
O processo é simples: as grandes empresas criam seus próprios fundos de investimento ou dedicam uma parte de seu capital para investir em startups. Essas startups, por sua vez, trazem novas ideias, tecnologias e modelos de negócio que podem ajudar a corporação a inovar de forma mais ágil.
Esse engajamento pode ocorrer de duas maneiras:
- Aquisição de participação minoritária, sem aquisição do controle da empresa, que em geral permanece com os empreendedores;
- Aquisição de controle parcial ou total da empresa.
A empresa investidora fornece à startup conhecimentos especializados em administração e marketing, direção estratégica e/ou uma linha de crédito.
O diferencial está em ter a corporação como aliada que irá chancelar e ser parceira. A grande empresa quando investe em uma startup está trazendo todo conhecimento técnico e especialistas de diversas áreas.
Desafios e considerações
Entretanto, o Corporate VC não é um processo de impacto imediato, mas um investimento voltado para o futuro – segundo o 500 Global, são necessários cerca de 8 anos para que os fundos de CVC possam avaliar sua performance.
Além disso, o CVC demanda um montante considerável de capital por parte da corporação e muitas vezes requer a contratação de especialistas externos para auxiliar em aspectos teóricos e práticos.
Um aspecto importante sobre o investimento em capital de risco em geral, inclusive o CVC, é que erros são parte normal do processo. É preciso saber lidar com as falhas e aprender com elas para estruturar uma tese e uma prática sólidas. Os erros vão acontecer em várias etapas, desde os deals, parcerias, retornos, entre outros.
Com relação ao investimento, a questão principal é como fazer para minimizar o risco inerente ao processo, e não como evitá-lo totalmente.
Quando o Venture Capital tradicional desenvolve uma tese de investimento, os gestores sabem que a maior parte das suas apostas não vai retornar o capital investido. O que acontece é que algumas poucas startups trazem retornos financeiros espetaculares, compensando o desempenho das demais.
Essa realidade também se aplica ao CVC: a maioria dos investimentos não traz retornos relevantes para o bottom line da empresa, mas algumas dessas apostas podem ter resultados significativos e, no melhor dos casos, verdadeiramente transformadores, quando não disruptivos.
Desse modo, é crucial que todos os stakeholders envolvidos com iniciativas de inovação dentro de uma corporação estejam alinhados, compartilhando informações, aprendizados, perspectivas e visão estratégica. Mais importante, nunca se deve perder de vista os objetivos ao explorar o ecossistema de startups e criar unidades de CVC.
Qual o objetivo das empresas com o CVC?
Os investimentos feitos por meio de CVCs são guiados tanto por objetivos estratégicos quanto financeiros, com a meta de fortalecer a posição da empresa no mercado e garantir seu crescimento a longo prazo.
Objetivos Estratégicos
Quando o foco do CVC é estratégico, a empresa investidora busca maximizar ganhos que contribuam para seu próprio negócio. Isso significa que o investimento em startups serve como uma ferramenta para melhorar processos internos, explorar novas tecnologias e se adaptar às mudanças do mercado.
Os retornos financeiros, nesse caso, são secundários e geralmente percebidos de forma indireta. O objetivo principal é garantir que a empresa se mantenha competitiva e inovadora, utilizando o CVC para fortalecer sua atuação no mercado.
Um exemplo é a Lucent Venture Partners, que investe em startups de infraestrutura e serviços para redes de telecomunicações, colaborando para vender seus equipamentos junto com as soluções das startups.
Objetivos Financeiros
Por outro lado, quando o CVC é direcionado para objetivos financeiros, o principal foco é o retorno do investimento. A empresa investidora busca maximizar seus lucros através de investimentos em startups promissoras.
Embora o ganho estratégico ainda possa existir, ele é menos prioritário e medido de forma indireta. Nessa abordagem, o CVC é visto como uma forma de diversificar as fontes de receita da empresa, utilizando as startups como um meio para alcançar retornos financeiros significativos enquanto apoia o crescimento corporativo.
Diferenças entre M&As e CVCs
Diante disso, é comum pensar em como o Corporate VC se diferencia das fusões e aquisições (M&As) tradicionais.
Logo, enquanto fusões e aquisições envolvem a compra de uma empresa para integrar seus ativos e operações, o CVC, por outro lado, é uma abordagem mais flexível.
No CVC, grandes empresas investem em startups para explorar novas tecnologias e tendências, sem precisar adquirir a empresa por completo. Além disso, a diferença entre essas duas estratégias vai além da flexibilidade: os M&As são realizados para expandir o negócio, seja por crescimento geográfico, desenvolvimento de novas capacidades ou outras metas estratégicas que agreguem ganhos diretos ao plano de negócios da empresa. Já o CVC funciona como uma ferramenta para aprimorar Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), com foco no futuro a longo prazo, em vez de buscar ganhos financeiros imediatos.
Com isso, essa abordagem permite que as startups continuem operando de forma independente, o que promove inovação com menos riscos para a investidora e, ao mesmo tempo, mantém a empresa na vanguarda da inovação sem comprometer sua operação principal.
Panorama do mercado de CVC no Brasil
Em consideração a isso, como é o cenário de CVC no Brasil?
Bem, nos últimos anos, o cenário de Corporate Venture Capital no Brasil tem mostrado um crescimento significativo. Dados do CVC Report 2023 do Distrito revelam que, em 2020, o volume de investimentos foi de US$ 261,7 milhões, e, em 2022, saltou para US$ 925,2 milhões.
Por conta de incertezas econômicas no Brasil e globalmente, em 2023, o mercado alcançou US$ 268,8 milhões investidos, uma diminuição de cerca de 70% nos investimentos.
Apesar disso, observa-se uma leve retomada no primeiro trimestre de 2024, quando ocorreram 71 fusões e aquisições de startups na América Latina, das quais 35 foram realizadas por empresas tradicionais. Comparativamente, no mesmo período de 2023, houve 77 operações, com 28 aquisições feitas por corporações tradicionais, segundo dados do Distrito.
Conclusão
Gostou de conhecer um pouco sobre Corporate Venture Capital?
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