Ivy Park x Adidas: como a diversidade traz impactos sociais e financeiros para empresas
Artigo atualizado em 4 de agosto de 2021
Trazer diversidade para dentro das empresas é uma missão delicada, mas certamente é vantajosa. Segundo pesquisa da McKensey, companhias com quadros de funcionários etnicamente diversos nos times executivos são 34% mais propensos a terem alta rentabilidade financeira. Essas empresas mais diversas saem na frente não apenas no quesito monetário, mas também na competitividade dentro do mercado.
Um dos exemplos mais recentes (e memoráveis) que se pode observar é da parceria da Ivy Park e Adidas. A grife de roupas liderada por Beyoncé carrega no seu core o valor de representatividade, principalmente racial, uma vez que a cantora é uma das ativistas negras de maior evidência na indústria da música.
Supostamente a grife de roupas de Beyoncé iria atar laços com a Reebok, marca de acessórios e vestuário esportivo concorrente da Adidas. A união teria sido descartada ainda durante as primeiras reuniões de boarding, pois segundo fontes, Beyoncé teria se incomodado com a falta de representatividade no time: “Ninguém nessa sala reflete minha história, a cor da minha pele, de onde eu sou e o que faço”.
Enquanto isso, a Adidas já trazia uma história de luta pela igualdade, dentro e fora da empresa. Ao mesmo tempo que trabalhava para diminuir as diferenças de raça e gênero dentro do quadro de funcionários, ela também lançava campanhas publicitárias que traziam exclusivamente modelos negros para exibir sua nova coleção.
Por isso não foi uma surpresa quando no início de 2019, Beyoncé anunciou a parceria entre as duas marcas. Em comunicado em redes sociais, a cantora revelou que a sintonia das empresas ia muito além de questões monetárias: “Compartilhamos de uma filosofia que coloca a criatividade, crescimento e responsabilidade social em primeiro lugar nos negócios”. Atualmente a colaboração já conta com três coleções, e estima-se que a parceria entre Beyoncé e Adidas possa superar o marco de US$ 1.5 bilhão alcançados pela colaboração anterior com o Rapper Kanye West.
Grandes empresas do varejo fashion apostam em diversidade
Outra empresa que traz o valor da diversidade muito a sério é a Savage X Fenty, da também cantora Rihanna. Supostamente a ideia da marca teria surgido logo após Rihanna se recusar a performar durante o desfile da Victoria Secrets, que até então era um dos maiores nomes de moda íntima mundial. A recusa teria vindo após a marca de lingerie ter retirado a participação de uma modelo negra para encaixar a celebridade Kendall Jenner. A notícia dessa substituição logo se espalhou pela mídia de moda, e a reação do público foi unânime e negativa. Essa foi apenas uma das polêmicas envolvendo a Victoria Secrets, que já enfrentava problemas com o público por não fabricar peças e nem inserir modelos plus size no casting dos desfiles.
Não coincidentemente, poucos anos depois Rihanna lançaria sua própria marca de roupas íntimas, que foi desenvolvida justamente para legitimar todos os tipos de beleza, independente de cor, tamanho e formato. Desde a sua estreia nas passarelas, a empresa investiu em diversificar as modelos dos desfiles, trazendo uma ampla gama de minorias: desde modelos grávidas, a portadoras de deficiência físicas e plus size.
O impacto da Savage X Fenty foi tão grande na indústria da moda que, além de quase levar a Victoria’s Secrets a falência, ainda impulsionou a concorrente a aderir à revolução inclusiva: em sua nova coleção para 2021, as modelos principais serão a atleta Megan Rapinoe, a atriz e ativista Priyanka Chopra Jonas e também a primeira modelo trans da marca, Valentina Sampaio. Esse é o primeiro passo da marca para recuperar espaço no mercado de lingerie americano que valerá aproximadamente US$ 325 bilhões até 2025.
Diversidade influencia balanço financeiro de empresas
Como se não bastasse ajudar na percepção da marca pelo público e melhorar a confiabilidade da empresa pelos próprios funcionários, investir na diversidade traz também vantagens financeiras. Na realidade, esse processo funciona como um efeito dominó: quanto maior o leque de backgrounds e pontos de vista dentro da empresa, mais ideias e estratégias diferentes do padrão irão surgir, permitindo que a empresa possa expandir sua área de atuação e alcançar novas metas e público.
Segundo pesquisas, empresas que adotaram a missão de se tornarem mais diversas têm 2,3 vezes mais fluxo de caixa do que companhias que possuem o quadro de funcionários tradicional de maioria homens brancos. Em outras palavras, investir em diversidade étnica e de gênero não é apenas uma tendência pautada por questões sociais, mas também econômicas.