Igualdade de gênero: as iniciativas da Ambev na promoção de lideranças femininas
Artigo atualizado em 28 de junho de 2021
A igualdade de gênero no ecossistema de inovação segue sendo um desafio. Em 2020, ano em que as startups brasileiras captaram um valor recorde de investimentos, apenas 0,04% do total aportado foi destinado a negócios criados por empreendedoras. Além disso, somente 4,7% desses negócios inovadores são fundados exclusivamente por mulheres no Brasil.
Os dados alarmantes são do Female Founders Report 2021, estudo sobre a participação de mulheres no ecossistema de inovação brasileiro realizado pelo Distrito. Eles mostram que ainda há um longo caminho a ser trilhado para superar a desigualdade de gênero dentro das startups brasileiras.
Para reduzir essas diferenças, as iniciativas podem partir também das grandes empresas. As corporações podem ajudar a mudar o cenário de desigualdade de gênero realizando parcerias com startups fundadas por mulheres, não só via fusões e aquisições, mas também por meio de projetos internos da companhia e programas de aceleração. Os benefícios são mútuos, pois trazem para a empresa retorno financeiro e soluções inovadoras.
Um exemplo de empresa que está promovendo mudanças nesse cenário é a Ambev. A gigante do setor de bebidas conta com programas voltados para a diversidade e inclusão no ambiente de trabalho. Esses esforços trazem mais confiança e bem-estar para os colaboradores, além de fomentar o surgimento de novas ideias para o negócio. São iniciativas como o programa de aceleração Female Scale e o grupo WEISS, que você vai conhecer com detalhes neste artigo.
Quais são as iniciativas da Ambev para a promoção da igualdade de gênero?
A Ambev trabalha com várias medidas internas que envolvem a valorização das mulheres e outros grupos de autenticidade. Uma das iniciativas é o WEISS (Women Empowered Interested Successful Synergies), grupo interno focado na pauta das mulheres no mercado de trabalho, que atua para que haja cada vez mais presença feminina em cargos de liderança.
Para isso, o grupo frequentemente organiza rodas de bate-papo, treinamentos, conteúdos informativos e de sensibilização, eventos e problematizações sobre questões de gênero, enquanto a empresa desenvolve e contrata mulheres para assumirem posições cada vez mais altas.
Em 2016, a Ambev assinou os Princípios de Empoderamento das Mulheres na ONU e o Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+. Além disso, a vice-presidente jurídica da empresa, Letícia Kina, é uma das conselheiras da organização WILL – Mulheres na Liderança, uma entidade internacional que busca incentivar a presença de mulheres nos cargos de liderança das empresas.
A Ambev tem ainda uma política de tolerância zero com casos de assédio sexual. Para isso, criou um canal anônimo na ouvidoria para receber denúncias do tipo. Para garantir que não haja sexismo na comunicação, também foi desenvolvido o Manual do Código de Conduta de Marketing e Comunicação Responsável, que serve para todas as marcas que integram a empresa.
Todos esses esforços já estão sendo reconhecidos. Conforme conta a gerente de inovação da Ambev, Claudia Einhorn, recentemente a empresa foi reconhecida pelo selo Women on Board (WOB) após anunciar que, pela primeira vez na história da companhia, duas mulheres irão fazer parte do conselho administrativo. O selo é uma iniciativa independente, apoiada pela ONU Mulheres, que certifica organizações que têm pelo menos duas mulheres nos conselhos de administração ou consultivo.
Parceria com startups
Além dessas iniciativas internas, a Ambev aposta na parceria com startups para inovar e reduzir a desigualdade de gênero. Isso é feito por meio do programa Além Ambev, focado em inovação aberta, que tem como objetivo gerar novos negócios potencializando startups brasileiras em nível avançado, com grande potencial de crescimento.
Mais recentemente, a Ambev se uniu ao Distrito e à B2Mamy para apoiar o Female Scale, programa de aceleração para startups fundadas por mulheres, que tem como objetivo capacitar empreendedoras e conectá-las ao ecossistema de inovação e tecnologia. O projeto conta também com o apoio da Marisa.
“Quando soubemos do Female Scale, ainda mais em parceria com a B2Mamy, outra empresa que tanto admiramos, vimos a oportunidade ideal para fomentar o desenvolvimento desse ecossistema com atitudes afirmativas e voltadas especificamente para mulheres”, conta Claudia Einhorn.
“Com os nossos objetivos alinhados, queremos reverter esses índices dando um passo adiante e ativamente fomentando o ecossistema com capacitação, treinamento, parcerias, codesenvolvimento, investimento e o que mais a inovação aberta nos permitir”, conclui.
Entrevista com Claudia Einhorn
À frente do ecossistema de inovação da Ambev, Claudia Einhorn começou na empresa em 2018, na área de vendas. Foi no programa de trainee da companhia que ela percebeu que a tecnologia permeia tudo, gerando impacto positivo na vida dos clientes, consumidores e colaboradores.
Advogada de formação, ela só tinha trabalhado na área de direito criminal antes de entrar na companhia. “Trabalhar com tecnologia estava muito fora da minha realidade. Foi só quando já estava dentro da Ambev que senti a nossa real dimensão e percebi as infinitas carreiras que podemos trilhar aqui dentro, passando a reconsiderar o que queria para a minha”, relembra ela, que, então, procurou se capacitar para atuar na área tecnológica.
“Quanto mais eu estudava, mais eu me encantava e me assegurava da decisão de trabalhar com tecnologia e inovação. Conseguir deixar a nossa marca na geração de novos negócios, contribuindo positivamente para a sociedade, é muito gratificante”, conta.
Atualmente, Claudia Einhorn gerencia a área de ecossistema de inovação, sendo responsável pelo relacionamento e parcerias com os diversos players do mercado, bem como pela criação e coordenação dos programas de inovação aberta da Ambev.
Na entrevista abaixo, ela conta como enxerga o papel das empresas na promoção da igualdade de gênero e como a inovação pode contribuir para isso. Também dá dicas para mulheres que pretendem trabalhar na área.
1. Como você enxerga o papel das empresas na promoção da igualdade de gênero nos negócios?
As empresas têm um papel essencial na promoção da equidade de gênero, fomentando não só a diversidade, mas também a inclusão de pessoas pertencentes a grupos sub-representados. A Ambev é uma das maiores empresas do Brasil, temos consciência do nosso papel como agentes da transformação e de que nossas ações inspiram muitas pessoas dentro e fora de casa.
É por isso que queremos que a Nossa Gente se sinta confiante, respeitada e segura, para que possamos ser nós mesmos em um ambiente informal que estimule a inovação, a autenticidade e o respeito mútuo. Mantendo o bem-estar das pessoas aqui dentro, conseguimos transmitir isso para fora de forma genuína, inspirando mudanças em outros cantos do país.
Com relação à pauta de gênero, já pudemos observar bastante evolução, mas ainda há um longo caminho a percorrer. Aqui na Ambev entendemos a diversidade como uma jornada e não um destino e acreditamos que, por meio das iniciativas que promovemos, outras companhias se inspirem para também realizarem mudanças internas, apoiarem iniciativas como o Female Scale e trabalharem ativamente para mudar o cenário atual.
2. Como a inovação pode impulsionar a igualdade de gênero no mercado de trabalho?
Acredito que essa seja uma relação mútua. Por um lado, só é possível fazer inovação por meio da diversidade — não só de gênero, mas também de pensamentos, experiências, formações e origens. Por outro lado, é importante inovar para impulsionar a equidade de gênero no mercado de trabalho, especialmente no mundo da tecnologia.
Aqui na Ambev todos os nossos programas de inovação aberta levam em conta o fator da diversidade no momento da seleção das startups. É nítido o impacto positivo de uma turma diversa em um programa de inovação aberta — os resultados são exponencialmente melhores. E aqui falo novamente não apenas da diversidade de gênero como também geográfica, selecionando startups dos quatro cantos do país.
“É nítido o impacto positivo de uma turma diversa em um programa de inovação aberta — os resultados são exponencialmente melhores.” Claudia Einhorn, Gerente de Inovação da Ambev
Para isso, é preciso sair da nossa zona de conforto, das conexões fáceis que estão mais próximas do escritório em São Paulo e buscar ativamente startups em outros estados, hubs, comunidades, promovendo ações afirmativas para encontrar e trabalhar com empresas mais diversas.
3. O que você aconselharia para mulheres que pretendem trabalhar na área de inovação?
Primeiramente, para qualquer pessoa que queira trabalhar com inovação, é preciso abraçar a mudança e estar pronto para errar muito. Inovar pressupõe ousar bastante e errar ainda mais. O bom do ecossistema de inovação é que as pessoas e empresas costumam ser muito abertas a colaborar e trocar experiências, então você não estará sozinho nessa!
No fim do dia estamos todos aprendendo e buscando criar algo que gere impacto, por isso, minha dica é se aproximar dos hubs de inovação, das comunidades empreendedoras e consumir o conteúdo que é criado lá. Quanto maior o nosso repertório e conexões, mais temos a oferecer e maior pode ser o nosso impacto positivo na sociedade.
Mas falando especificamente de mulheres que buscam trabalhar com inovação, eu indicaria se aproximar de outras mulheres que já estão nesse meio – trabalhando como investidoras, mentoras, gerenciando programas de inovação aberta, entre outros papéis.
Conhecer e se conectar com outras mulheres ajuda na construção da sua própria rede de relacionamentos, te auxiliando a ter a visão do ecossistema como um todo e a traçar a jornada de inovação que pretende seguir.