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SXSW: Diversidade e inclusão como ponto de partida para inovação

SXSW: Diversidade e inclusão como ponto de partida para inovação

8 de abril de 2022
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Artigo atualizado em 8 de abril de 2022

O festival South by Southwest (SXSW), que aconteceu no mês de março em Austin, TX apresentou diversas palestras e apresentações de diferentes temas, desde inovação e tecnologia, até arte e cultura, contando com apresentações musicais e um festival de filmes.

Dentre os diversos tópicos discutidos durante os dias do festival, a questão de gênero e diversidade esteve muito presente. Não apenas nos painéis que eram especificamente focados no assunto, mas também em outros temas. Com esse fato, fica claro que não tem como simplesmente ignorar a questão. Seja para falar de tendências para o futuro, inovação, marketing e até da nova revolução da web, conhecida como Web 3.0, estamos sempre focando em pessoas e não há como focar em pessoas sem levar em consideração a diversidade e inclusão

Vale frisar que quando falamos de inclusão, não estamos apenas falando das diferentes identificações de gênero ou da comunidade LGBTQIA+, mas também de pessoas com deficiência, pessoas pretas, refugiados, ex-presidiários e a população 50+.  

Inovação e inclusão 

Quanto mais inclusivo for um ambiente, maior vai é a possibilidade de, de fato, fazer inovação, já que com uma vasta pluralidade de pessoas – de diferentes níveis sociais, diferentes vivências e até mesmo diferentes nacionalidades – é possível reunir uma maior quantidade de ideias e soluções.

Porém, mesmo entendendo o poder que um ambiente de trabalho diverso tem, uma pesquisa realizada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostrou que muitas empresas ainda encontram dificuldades em colocar em prática a inclusão desses grupos. Conforme painéis do evento SXSW expuseram, esta não é uma característica única do mercado brasileiro. 

Isso nos mostra que apenas entender os benefícios não necessariamente transforma a empresa. Uma das discussões levantadas no evento tinha o objetivo oferecer diferentes ferramentas para auxiliar as empresas a promover inclusão e incluíam soluções como incluir pessoas de diferentes formações e universidades nos processos seletivos, investir em quem for contratado – através de treinamentos que auxiliem no desenvolvimento profissional– e um dos principais pontos é que essa vontade parta diretamente da liderança, pois assim, promove-se uma cultura empresarial com foco em inclusão.

Líderes necessitam olhar para a diversidade

Um dos painéis contou com a presença do ex-presidente da Nintendo nos Estados Unidos, Reggie Fils-Aimé.  Além do executivo ter sido o primeiro afro-americano a ser nomeado presidente da Nintendo on America (NOA) e diretor executivo da Nintendo Co., Ltd (NCL), é também reconhecido por ser um dos líderes mais inovadores do mundo.

Reggie acredita fortemente que é de total responsabilidade da liderança implementar uma cultura inclusiva dentro das empresas, focando não apenas em ser um ambiente que acolhe a pluralidade, mas também em ser uma organização que ofereça produtos e serviços à diversidade de clientes que existem. 

Outro ponto importante que o ex-presidente levantou em seu momento de fala foi o fato da indústria de jogos ainda não abraçar 100% a diversidade, uma vez que é nítida a forte presença de personagem brancos e dentro do padrão de beleza existente. Ele enfatiza que essa realidade precisa mudar o mais rápido possível, para que esse mercado, que vale US$ 200 bi, possa crescer ainda mais e atrair um maior número de pessoas para esse universo tão empolgante que são os games.

Ungendering: uma tendências não-óbvia

Uma das apresentações mais aguardadas do evento  foi a “10 Megatendências não-óbvias que estão mudando o futuro“, apresentada por Rohit Bhargava, um especialista no assunto. Em seu painel, Rohit apresentou diferentes tendências que vão além do óbvio, e uma delas foi o conceito do Ungendering.

Cada vez mais, vemos pessoas quebrando paradigmas impostos, como o gênero, algo que vai muito além de nosso sexo biológico. Por muito tempo, quando pensávamos em gênero apenas considerávamos o homem ou a mulher, mas hoje entende-se que gênero é um conceito fluido e que existem pessoas que se identificam com um, dois (ou mais) e até com nenhum gênero. 

Por mais que essa consciência de gênero esteja cada vez mais presente nas discussões e debates, grande parte do mundo ainda foca em segmentar produtos, como roupas, brinquedos, jogos e às vezes até serviços em apenas dois grupos: para homens e para mulheres. 

A tendência trazida pelo palestrante, o ungendering, consiste em promover uma economia com foco em pessoas e não em seus gêneros. Isso implica em tirar o gênero de coisas que, na prática, não precisam ter. Algumas formas de aplicar essa ideia, é criando coleções de roupas unissex, não organizando lojas de brinquedos em sessões específicas para meninos e meninas ou até mesmo, não considerando o sexo na hora de montar um persona – levar em conta informações como, interesses, estilo de vida e poder aquisitivo e tirar o gênero dos critérios. 

Nada do que foi exposto aqui exclui a existência dos conceitos de homem ou mulher na sociedade, apenas visa um mundo onde todos, independente de qualquer característica ou identificação, são incluídos em todos os setores da sociedade. Acreditar em um mundo mais diverso e inclusivo significa acreditar em um mundo centrado na grande complexidade que é o ser humano, e esse deveria ser o foco, não só das grandes empresas, mas também de toda a sociedade.


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