5 tendências do varejo pós-pandemia
Artigo atualizado em 24 de fevereiro de 2022
Faz dois anos que a pandemia da Covid-19 sacudiu para sempre o mundo. Com os negócios não foi diferente: testemunhamos as empresas dedicando esforços para se adaptar às novas circunstâncias e driblar as crises. Agora, podemos finalmente vislumbrar uma transição rumo ao futuro pós-pandêmico – onde nada será como antes.
Um dos setores que mais se transformou no período foi o varejo, muito por conta do comportamento dos próprios consumidores. De acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm), entre janeiro e novembro de 2020, as compras online cresceram mais de 70% em comparação com o mesmo período em 2019. Assim como o faturamento do comércio eletrônico atingiu a marca de R$115,32 bilhões, ou seja, 69,6% a mais que o ano anterior.
E ao que tudo indica, as mudanças para o digital vieram para ficar e transformaram para sempre o comportamento dos consumidores. Contudo, diante do boom de lojas virtuais e de um público mais exigente, como se diferenciar? Olhando para o futuro e para as tendências tecnológicas deste mercado, levantamos 5 tendências do varejo que impactarão o setor no pós-pandemia.
Realidade Aumentada: a experiência somada ao produto
A Realidade Aumentada (RA) é uma tecnologia que permite sobrepor elementos virtuais à nossa visão da realidade. Com isso, além de poder comprar online, essa tecnologia permite que o consumidor experimente produtos no conforto do seu lar.
Os resultados de sua aplicação no varejo têm sido mais que satisfatórios: um estudo do Snap Inc. em parceria com a Deloitte Digital, empresa de análise de dados, diz que a tecnologia gera 94% mais taxa de conversão — ou mais vendas. A pesquisa também prevê que até 2025, cerca de 4,3 bilhões de pessoas no mundo vão explorar algum tipo de RA em seu dia a dia; hoje esse volume é de 1,5 bilhão.
O uso de RA no varejo traz vantagens tanto para o cliente, quanto para a empresa. Para o usuário, a vantagem está em ter disponível uma experiência distinta e multissensorial na hora da compra. Ou seja, ele pode navegar por meio de óculos de realidade virtual e interagir com as diversas opções antes de finalizar seu pedido, tendo mais chances de fazer uma escolha certeira.
O uso dos óculos de VR recria os ambientes e permite que o cliente “passeie” pelas gôndolas de um supermercado virtual, ou mesmo compre roupas “experimentando” o estoque em alguns minutos.Além do aumento do número de vendas já citado anteriormente pela pesquisa, para a empresa, a vantagem está no que o uso dessa tecnologia pode proporcionar. O engajamento certamente trará melhores resultados e haverá obtenção de dados sobre os passos decisivos tomados pelo consumidor, que o conduzem ao momento da compra.
VR e lojas interativas
Uma das maiores tendências do varejo no setor de e-commerce voltadas para os nichos de vestuário e decoração são as lojas virtuais interativas. Muitas pessoas gostam de “provar” ou ao menos ver como ficariam utilizando um determinado produto e, por meio do uso da realidade virtual, é possível, por exemplo, experimentar sapatos, decorar o lar e uma variedade de ações, sem sair de casa.
Mas para implantar a tecnologia, as grandes empresas geralmente fazem parcerias com startups ou firmas de tecnologia, como a R2U, fornecedora de soluções de realidade aumentada.
A Leroy Merlin foi uma das que fechou uma parceria com a R2U e com a Hogarth, empresa que atua no desenvolvimento das artes 3D.
Atenta a pesquisas indicando que os consumidores estão mais abertos do que nunca a tecnologias de realidade aumentada, a Leroy apostou em um projeto que usa câmeras de celulares para mesclar o mundo real com o virtual.
A ideia é permitir que, na hora de planejar a construção ou reforma, os clientes da rede façam simulações de como ficarão os produtos nos novos ambientes. No total, mais de 3 mil produtos, destinados a diversos usos, foram “virtualizados” para oferecer às pessoas novas experiências de consumo.
Inteligência Artificial para a jornada de compra
A inteligência artificial é uma constelação de muitas tecnologias diferentes trabalhando juntas para permitir que as máquinas detectem, compreendam, ajam e aprendam com níveis de inteligência semelhantes aos dos humanos.
Dito isso, se a intenção é entregar ofertas personalizadas para o seu consumidor, usar a base de dados do seu negócio para conhecê-lo é a melhor forma.
É aí que entra a tecnologia. Com um algoritmo de Inteligência Artificial, além de mapear e estruturar esses dados, será possível ensiná-los a prever comportamentos e garantir ofertas que irão atrair e reter clientes, potencializando as vendas.
Essa ferramenta, somada à análise de dados, é usada para prever o comportamento do consumidor dentro do site, proporcionando melhores experiências.
Portanto, é um processo que atravessa todo o mapa de jornada do cliente desde o primeiro contato com a empresa até o engajamento pós-venda.
A Pesquisa Global de Varejo – Estudo da Cadeia de Suprimentos Integrada à Inteligência Artificial – foi realizada pela Retail Systems Research (RSR), empresa de pesquisa do setor de varejo, e publicada pela LLamasoft descobriu que:
- 53% dos ‘Varejistas Vencedores’ investiram em cientistas de dados com experiência em análises de dados e ferramentas de modelamento, enquanto apenas 22% dos varejistas de baixa performance fizeram o mesmo;
- 80% dos ‘Varejistas Vencedores’ considera “de alto valor” o modelamento da previsão de demanda utilizando indicadores macro, enquanto apenas 65% dos varejistas de alta performance considera o mesmo.
Confira alguns exemplos práticos de como a IA pode ser aplicada ao varejo.
Chatbots
A tecnologia tem sido utilizada para criar chatbots cada vez mais interativos e prontos para interagir com clientes 24 horas por dia, 7 dias por semana.
Os chatbots também podem ajudar os clientes a encontrarem ofertas relevantes. Os novos consumidores são mais propensos a compartilhar seus dados pessoais quando isso tem reflexo em uma maior personalização. Essa ferramenta já é altamente difundida em gigantes do varejo, como a Amazon e Magazine Luiza.
Mapeando o comportamento do seu cliente
Com a inteligência artificial aplicada à gestão de redes de lojas, o software aprende com o comportamento do seu cliente. É o chamado machine learning, outro dos exemplos de inteligência artificial no varejo.
De acordo com o histórico de vendas, ele compreende estatisticamente a combinação de produtos mais frequente em suas lojas. Assim, no momento de futuras vendas, quando um novo cliente seleciona um produto, ele indica um ranking de outros produtos.
Um case de sucesso
Essa tecnologia não está apenas nas mãos das grandes corporações.
A startup paulista Fred oferece um sistema digital para que os lojistas de pequenas empresas criem de forma rápida e intuitiva um robô de atendimento. A ferramenta é pré-moldada, o que permite criar fluxos de conversa visualmente, sem a necessidade de programação. O objetivo, por meio de integração com os sistemas da loja, é automatizar interações da pré-venda ao pagamento.
O chatbot pode ser integrado com as contas da loja no Facebook e WhatsApp.
ESG: sustentabilidade nos negócios
Consumidores cada vez mais engajados socialmente e mobilizados por meio das novas tecnologias de comunicação, somados ao contexto das mudanças climáticas, aumentaram a pressão pela transformação dos negócios rumo a uma prática mais sustentável e socialmente responsável.
Uma pesquisa realizada pela plataforma de dados Euclid mostra que 52% dos Millennials e 48% da Geração Z esperam que as marcas de que gostam tenham valores alinhados com os deles. Entre os baby boomers, esse índice é de apenas 35%.
Neste contexto, a adequação aos critérios ESG (sigla para Environment, Social e Governance) passa a ocupar um lugar central na estratégia das corporações. Essa espécie de pressão se dá não só por parte dos consumidores, mas também dos investidores que diversas vezes têm negado capital a negócios que descumpram ou que sequer tenham uma agenda ESG aplicada ao modelo de negócios.
As novas tecnologias oferecem diversas oportunidades nesse sentido, transformando a sustentabilidade em uma forte tendência no varejo.
Um case de moda e sustentabilidade
Um exemplo de empresa que vêm considerando essa estratégia é a A Hering – varejista fashion em atividade no Brasil há mais de 130 anos. A companhia já era conhecida por se envolver em causas sociais como a campanha de conscientização “O Câncer de Mama no Alvo da Moda”. Agora, a marca está se comprometendo também em diminuir a emissão de gás carbônico, aderindo ao conceito de moda sustentável.
Desde 2021, a companhia se comprometeu a ter uma pegada de carbono neutra, compensando sua emissão de CO2 na produção de roupas a partir do uso da criptomoeda MCO2. A iniciativa é fruto da parceria com a startup brasileira MOSS, referência no mercado de créditos de carbono. A compensação dessa e de outras empresas está associada ao projeto Fazenda Fortaleza Ituxi, no Estado do Amazonas, voltado para preservação da Floresta Amazônica.
Varejo Phygital
Com o crescimento e consolidação do e-commerce, espera-se que mesmo com o fim da pandemia e a recuperação da economia, o movimento nas lojas físicas não volte a ser como antes de março de 2020.
Nesse contexto, o espaço físico ganha outro propósito e significado, mais atrelado à experiência e ao relacionamento da marca com o consumidor. Um meio para alcançar essa meta é a união entre a experiência física e a digital dos clientes, também conhecida como varejo phygital.
Para isso, há necessidade de investimento para atender à demanda crescente por a tecnologia in-store: adaptação ao mobile payment, logística adequada às retiradas em compras feitas por apps, realidade aumentada para testar produtos, apps para escanear códigos de barra, entre outras estratégias. É preciso ter excelência ao longo de toda a cadeia do omnichannel para cativar os consumidores, visto que esse cenário não é mais um diferencial competitivo e sim o mínimo esperado da experiência de consumo presencial.
A união da Via com a BornLogic
Durante a pandemia, grande parte das lojas tiveram que se reinventar para sobreviver à ausência de clientes nas lojas físicas. Foi nesse cenário que a Via se uniu à startup BornLogic, startup focada em escalar resultados de lojas físicas e digitais com uso de tecnologia, para expandir sua rede de atendimento e vendas. A estratégia escolhida foi a de conectar clientes e vendedores através do WhatsApp – a plataforma de mensagens mais popular do país. A tática deu tão certo que as vendas neste modelo hoje correspondem a um quinto das compras online das Casas Bahia e do Ponto Frio.
Lojas autônomas
Lojas autônomas são estabelecimentos comerciais onde há ausência parcial ou completa de funcionários para mediar as transações. Essas lojas não possuem caixas e o pagamento é realizado online (ou via totem). O conceito mais conhecido é o da Amazon Go. Elas se tornaram um modelo de negócios importante durante a pandemia por não necessitar de contato humano e oferecer ainda mais conveniência e proximidade de marca.
Também foi neste período que este tipo de varejo começou a crescer: segundo nossa base proprietária, em 2019 haviam apenas 16 retailtechs atuando com lojas autônomas, e em 2021 esse número passou para 28.
Se depender do consumidor, a ideia veio para ficar: segundo pesquisa feita pelo Ibope Inteligência para Associação Paulista de Supermercados (Apas), supermercado autônomo é o sonho de 86% dos brasileiros. O autoatendimento está à frente de uma maior oferta de orgânicos (82%), da entrega de compras (82%) e de programas de fidelidade (77%), se firmando como mais uma tendência do varejo.
O sucesso da Onii
A Onii, empresa pioneira na instalação do modelo de lojas autônomas, já possui 248 projetos espalhados por todo o Brasil. A startup possui soluções aplicadas para diversos públicos. Nas lojas em condomínios , por exemplo, a Onii atua com três modelos: station para ambientes corporativos; box para espaços internos dos prédios; e market, maior solução disponibilizada em container e com maior mix de produtos.
Saiba mais sobre as tendências do varejo!