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Vindi: a fintech que lidera a economia da recorrência

Vindi: a fintech que lidera a economia da recorrência

12 de novembro de 2019
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Artigo atualizado em 12 de novembro de 2019

Conheça a Vindi, plataforma de gestão e recebimento de pagamentos, que deve movimentar R$ 3 bilhões neste ano

Talvez você nunca tenha ouvido falar sobre economia de recorrência, mas se você conhece a Netflix sabe do que se trata, já que a empresa americana é um dos maiores cases de sucesso nessa área. A ideia inicial dos fundadores da Netflix, ainda na década de 90, era  alugar DVDs por e-mail, o que em pouco tempo se mostrou inviável. A grande virada se deu quando os sócios partiram para o modelo de streaming e o associaram ao pagamento por meio de uma assinatura.  

Na economia de recorrência, o cliente paga mensalmente para ter acesso aos benefícios de um produto ou serviço. Parece trivial, mas no País, até 2013, não havia uma plataforma que permitisse gerenciar esse tipo de pagamento. Foi de olho nesse nicho que surgiu a fintech Vindi, fundada por Rodrigo Dantas, com a proposta de gerenciar de forma otimizada vendas, cobranças e faturas. “Criamos uma solução para empresas que precisam cobrar o mesmo cliente várias vezes”, conta Dantas.

Vindi: líder em recorrência no setor de serviços

Com 5 mil clientes e expectativa de processar R$ 3 bilhões em pagamentos neste ano, a fintech é líder em recorrência no setor de serviços, que embora responda por 70% do PIB, nunca recebeu a devida atenção de grandes grupos que atuam na área, como bancos e empresas de maquininhas.  A Vindi atende empresas como Multiplus, Resultados Digitais, Faber Castel, Empiricus, Leiturinha e Alura, além de academias de ginástica, escolas, ONGs e até igrejas.

Nos últimos seis anos, Rodrigo Dantas teve de fazer uma verdadeira catequese no mercado para convencer os empreendedores a abrirem mão de suas obsoletas formas de cobrança, como cheque pré-datado, e embarcar na novidade.  Um dos princípios, por exemplo, é a simplicidade não apenas para assinar o contrato, mas também para cancelá-lo. “Tivemos de convencer as empresas mais tradicionais a mudar. E não foi fácil, porque não é apenas cobrar diferente. Exige uma mudança de mentalidade, de cultura”, diz Dantas, que já escreveu um livro sobre o assunto (Economia do Acesso). “As pessoas não querem mais comprar um livro, por exemplo. Querem ligar o Kindle e ter acesso ao conteúdo.”

Alguns negócios nasceram praticamente junto com a fintech e se tornaram viáveis justamente por conta da tecnologia de cobrança desenvolvida pela Vindi. É o caso do clube de assinatura de livros infantis Leiturinha, fundado em 2014. Hoje, com uma base de assinantes de 150 mil pessoas, a empresa é a maior compradora de livros infantis do Brasil. O grupo Caelum Alura, uma plataforma de educação que oferece cursos de programação e design, também está entre os cases da Vindi. A empresa tem quase 60 mil alunos e 180 funcionários. Dantas e o CEO do grupo são amigos pessoais e também apresentam juntos o podcast Like a Boss, em que traz entrevistam fundadores de startups e líderes de empresas inovadoras. São mais de 60 mil ouvintes por episódio.

De executivo a empreendedor

Formado em Publicidade e Propaganda na Universidade Ibirapuera, com pós-graduação em Finanças, Rodrigo Dantas trabalhou por 13 anos no Itaú Unibanco antes de virar de vez a chave para o empreendedorismo. Começou como contínuo, aos 18 anos, e chegou a gerente geral de empresas, com foco em pessoa física. Nessa função, conheceu as principais dificuldades de pequenos empresários para terem acesso a produtos bancários.  Ainda assim, resolveu virar um. Não tinha jeito, estava no DNA, como ele gosta de dizer. Já adolescente, Dantas vendia discos de vinil para conseguir algum dinheiro. Em 2011, depois de fazer um curso de verão em Stanford, voltou para o Brasil decidido a empreender. Só não sabia com o que. 

A resposta veio um tempo mais tarde, quando já fazia planos de deixar o banco. Ao realizar uma consultoria para uma empresa de games da Holanda que queria operar no Brasil, Dantas teve de apresentar à cliente o surreal mundo da burocracia brasileira. Ele próprio se assustou com o que encontrou e foi atrás de uma plataforma que agilizasse alguns processos para a companhia holandesa. Não encontrou nada que lhe atendesse naquele momento, mas descobriu uma boa oportunidade para empreender. 

A ideia atraiu logo no início dois investidores-anjo: o amigo Luiz Filipe Figueiredo, que se tornou cofundador da Vindi, e Edgard Corona, fundador do grupo BioRitmo e um super interessado em que o projeto de Dantas desse certo. Entre 2015 e 2017, a startup foi às compras e incorporou três outras empresas: a Aceita Fácil, a Fast Notas e a Smartbill, essa última a sua maior concorrente. 

Desde que foi criada, a Vindi já recebeu três rodadas de investimento – a última foi neste ano. Com esse reforço de caixa, a empresa quer dar um novo passo e oferecer crédito para os clientes, em parceria com bancos. “Já fazemos a parte mais crítica que é coletar o pagamento para as empresas. E temos todo o histórico de crédito e inadimplência. Então faz todo o sentido”, diz Dantas. Outro objetivo é expandir o negócio para além dos 300 municípios onde a Vindi atua hoje e para setores em que ela ainda não está presente, como estacionamentos e telecom.  

A concorrência vem de todos os lados, com bancos, financeiras e empresas de maquininha tentando abocanhar uma fatia do mercado da Vindi. Nada que abale Rodrigo Dantas, o profeta da economia de recorrência no Brasil. “Não faz muito tempo, era impossível pensar em uma fintech concorrendo com um banco e outros gigantes. Esse momento chegou.”