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Iporanga levanta novo fundo para investir em startups

Iporanga levanta novo fundo para investir em startups

31 de outubro de 2019
5 minutos de leitura
time

Artigo atualizado em 31 de outubro de 2019

Investidores que apostaram na Loggi estão captando novo fundo de US$ 50 milhões 

São poucos os investidores brasileiros que podem se gabar por já terem investindo em um unicórnio. Essas startups que dão muito certo e chegam a valer mais de US$ 1 bilhão ainda são raras por aqui.

O Iporanga Ventures, um fundo de Venture Capital que está no mercado desde 2011, entrou para este seleto grupo ao assinar o primeiro cheque para a Loggi, uma empresa de logística, criada em 2013 e que, neste ano, ultrapassou a barreira do primeiro bilhão em valor de mercado.

A regra dos 5 Ts

A Loggi foi uma das nove startups que receberam aportes do primeiro fundo da Iporanga, que, na época, captou R$ 15 milhões. Agora, um segundo fundo, de US$ 50 milhões, está em captação com a meta de fazer 10 investimentos por ano, em negócios majoritariamente brasileiros. “Queremos ser o primeiro cheque dessas empresas, quando elas ainda estão no Power Point, acabaram de abrir, ou têm um protótipo, mas quase nenhuma receita”, explica Leonardo Teixeira, sócio da Iporanga.

Para receber os aportes, que vão de US$ 150 mil a US$ 850 mil, os negócios precisam se enquadrar no que ele chama de cinco Ts: time, tamanho de oportunidade, tese, tecnologia e timing. 

Encontrar novas “Loggis” é uma consequência, não um objetivo do novo fundo. “Essa história de unicórnio é uma bobagem”, diz Leonardo. “Se existem grandes problemas sendo resolvidos por grandes times, essas empresas tendem a dar muito certo. Não estamos a caça de unicórnios, mas de bons empreendedores, com negócios que se enquadrem nos cinco Ts.” 

Muito além do investimento

Além do aporte de capital, a Iporanga oferece às empresas investidas aconselhamento estratégico, inclusive nos problemas do dia a dia, e conexões com outros investidores e empreendedores. Nesse primeiro investimento, não se constitui, por exemplo, um conselho de administração, para que a governança seja mais leve e o empreendedor faça o que tem de fazer. “Aprendemos ao longo dos anos que ele deve ser a figura central, e não o investidor”, diz Leonardo. 

Ele e o sócio Guilherme Assis já investiram em mais de 30 startups, se somados os investimentos que fizeram antes e depois de se associarem. Os dois são engenheiros de produção, formados pela Escola Politécnica da USP.

Guilherme criou a gestora Iporanga em 2009, quando voltou para São Paulo depois de trabalhar três anos no Goldman Sachs, em Nova York. Leonardo chegou em janeiro de 2018 para criar a plataforma de Venture Capital. Antes disso, ele já tinha trabalhado na Macquarie Group, um banco de investimentos australiano, e no Barclays, onde realizava operações de risk management com grandes corporações. 

Quando o banco britânico fechou seu escritório no Brasil, em 2013, Leonardo começou uma transição na carreira que o levou para o universo das startups. “Foi um momento de repensar a vida, de avaliar se eu queria continuar fazendo o que  fazia”, lembra. “Fui para a Europa, fui mergulhar na indonésia, e decidi que não queria continuar em banco, mas sim colocar minha energia em uma coisa nova.” Depois de se associar ao Anjos do Brasil, naquele mesmo ano, começou a fazer seus primeiros investimentos em startups e logo decidiu profissionalizar a atividade.

Portfólio de investimentos

Como anjo, Leonardo chegou a investir em 18 empresas até se associar à Iporanga no ano passado, que já tinha um portfólio de startups investidas, pelo fundo.

Entre elas, há nomes como a Olist (que semana passada anunciou um aporte milionário do Softbank), Netshow.Me, Geek Hunter, BxBlue, Linte, Priced, Red1000, Eskolare, entre outras. Conheça mais sobre o portfólio da Iporanga

Guilherme Assis, hoje CEO da Gorila Investimentos, mas sócio do fundo, além de investir na Loggi investiu também em outra estrela brasileira do mundo tech, a Quero Educação. Criada em 2012, a startup oferece uma plataforma completa de serviços para o mercado educacional, entre eles o Quero Bolsa, um marketplace que conecta milhões de estudantes a mais de 1300 instituições de ensino. Guilherme Assis investiu na empresa muito antes dela decolar e se tornar uma das queridinhas do Vale do Silício. A Quero educação foi a primeira empresa brasileira a ser acelerada na YCombinator e foi a única empresa brasileira a figurar na lista das 100 maiores de 2019.

Com a experiência e track-record acumulados ao longo dos últimos anos, os sócios querem aproveitar o bom momento do ecossistema brasileiro de startups para fazer novos investimentos com Iporanga Early Stage II, que já realizou o seu primeiro close e deve realizar o segundo no primeiro trimestre de 2020 com investidores institucionais. Em sete anos, para se ter uma ideia, o mercado de startups no Brasil mais que dobrou, segundo a Associação Brasileira de Startups (Abstartups): de 2,5 mil empresas, em 2012, para quase 11 mil hoje. Leonardo e Guilherme já começaram a garimpar e terão muito trabalho pela frente.

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