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Mulheres ainda são minoria entre os fundadores de startups

Mulheres ainda são minoria entre os fundadores de startups

19 de novembro de 2019
4 minutos de leitura
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Artigo atualizado em 19 de novembro de 2019

Em 19 de novembro é comemorado o Dia do Empreendedorismo Feminino, mas embora as mulheres representem metade da população, entre os donos de negócio apenas 36% são do sexo feminino, segundo o Sebrae. E esse número é ainda menor quando se fala em startups.

Dados do Distrito Dataminer, unidade de inteligência de mercado que analisa mais de 12 mil startups brasileiras, mostram que, mesmo quando as startups são divididas por setor, não há predominância feminina em nenhum deles. As legaltechs, no entanto, parecem ser as que detém maior representatividade de mulheres entre os sócios.

Setor% de mulheres
LegalTech25%
EdTech21%
HealthTech17%
InsurTech16%
AdTech & MarTech14%
Indústria 4.013%
AgTech13%
FinTech11%

Com relação aos estados medidos, Goiás se destaca, com 24% de startups com mulheres entre os fundadores. Já entre os 9 unicórnios brasileiros, apenas um tem alguma mulher entre seus fundadores: o Nubank, com a Cristina Junqueira.

O que as empreendedoras têm a dizer sobre o assunto

Para Fernanda Fonseca, co-fundadora da Mais.im, existem muitos fatores limitantes para as mulheres na sociedade, mas tenta olhar pra tudo como um desafio a ser superado e não como uma barreira.

A startup é residente do Distrito InovaHC, hub de inovação situado dentro do Hospital das Clínicas, e fornece uma plataforma de comunicação que permite a interação entre equipes e a gestão de informações. “Pra mim, ser mulher e empreendedora é ter atitudes que me ajudam a realizar coisas que para outros parece ser impossível. Acho que no fundo toda mulher é empreendedora, mesmo aquelas que não estão à frente de uma empresa. Se não fossemos desbravadoras não teríamos alcançando o espaço que temos hoje na sociedade. Ainda temos muito que avançar e acho que é isso que dá um gostinho de seguir lutando com o espírito empreendedor”, diz.

Para Fernanda, as startups ainda derivam de uma sociedade masculinizada e é necessário tempo para essa cultura ser renovada. “Mais mulheres precisam entrar no jogo, mesmo sabendo que vamos perder muitas partidas. Temos a nosso favor a resiliência para conseguir mudar as regras desse modelo”, completa.

Entrevista exclusiva: a importância do empreendedorismo feminino

Nossa equipe realizou uma entrevista completa com Carolina Dias, CEO da Medical Peptide, para entender qual é a visão dela sobre empreendedorismo feminino. O objetivo da startup é promover a pesquisa e desenvolvimento de produtos inovadores na área da saúde.

Confira abaixo a entrevista na íntegra:

O que é para você ser mulher e empreendedora? 

Observo o mundo empreendedor majoritariamente, constituído por homens. Porém, na minha visão, acredito que nosso “propósito de existir” é a chave fundamental e que deve permear toda nossa jornada! Então, foco mais em como posso ajudar a sociedade por meio das minhas ações, mais do que pensar sobre as diferenças. No final das contas, cada indivíduo é relevante no mundo.

2. Quais as principais dificuldades?

Quando você carrega um “propósito de vida”, o estabelecimento de tudo isto até a conclusão, é muito difícil. A cobrança interna e externa, penso que são os maiores desafios, ou seja, levar o que você carinhosamente projetou, até as pessoas. É como a gravidez, existem vários momentos, várias etapas, desafios e sentimentos, dúvidas, perguntas sem respostas… até que o bebê nasce e um novo mundo surge.  

3. Há muito menos mulheres do que homens entre os fundadores de startups. Por que acredita que isso acontece?

As mulheres têm muitos desafios intrínsecos e extrínsecos e empreender também trás consigo muitos riscos. Sendo assim, entendo que encontrar um equilíbrio entre todas as funções seja realmente difícil.

4. Qual dica você daria para as mulheres que querem empreender?

A partir do momento em que você acredita e se organiza para que as coisas deem certo! É factível que toda mulher têm suas atividades: vida familiar, vida pessoal, entre outras. É preciso, como mulher, entender sobre o que é urgente e o que não é urgente. Deve-se compreender que uma família saudável produz uma sociedade saudável e não se penalizar. As coisas têm um tempo para acontecer. Ser leve no caminho é muito importante. Vejo muitas mulheres que a maior parte do tempo se sentem culpadas e ansiosas. Se você já chegou até aqui, você vai conseguir! É possível se reinventar e ser uma versão melhor de você, sempre.