Após aporte, Ninsaúde se consolida entre as healthtechs latino-americanas
Artigo atualizado em 19 de fevereiro de 2020
A startup Ninsaúde, healthtech especializada em tecnologia da informação para o mercado de saúde, vem se consolidando cada vez mais no mercado latinoamericano, comprovando que a matemática do sucesso nos negócios envolve tempo e paciência.
As empresas que mais crescem no setor são também as com maior chance de terem suas atividades encerradas no médio prazo, de acordo com dados do relatório Research2Guidance, referência em digital health market. Segundo o informe, 38% das healthtechs em atividade são novatas e apenas 14% têm experiência acima de sete anos. Os dados demonstram que, apesar de um boom na criação de healthtechs em todo o mundo, se manter no mercado é o grande desafio.
“Por serem novatas, muitas podem não ter força para se sustentarem dentro do mercado”, explica Helton Marinho, CEO da Ninsaúde, que aposta na experiência acumulada como fator decisivo para o sucesso no ramo. No mercado desde 2012, revela que os aportes e contratos, hoje fechados com mais facilidade, estão surgindo depois de um longo trabalho de oito anos de consolidação no mercado de saúde. “Muitas empresas procuram startups para investir e questionam se há conhecimento prévio por parte delas em relação a hospitais, laboratórios, clínicas e tudo que diga respeito à gestão dessa área”, afirma.
Cenário nacional de healthtechs
O Brasil é um dos polos com mais potencial para o crescimento de healthtechs na América Latina, segundo mostra o estudo Distrito HealthTech Report 2019 produzido pelo Distrito Dataminer. Nos últimos cinco anos, explodiu o número de healthtechs no Brasil: de 160, em 2014, chegou-se a 386 em 2019, um aumento de 141%.
É o que também apontam os dados do Crunchbase, plataforma que registra os investimentos em startups no mundo. Considerado o IBGE do mundo tecnológico, o site identificou pelo menos 142 healthtechs na região com potencial de alto crescimento. Deste total, 61 estariam no Brasil, 37 no México, e 21 no Chile.
Em termos de tipo de negócio, as startups focadas na melhoria de gestão e processos em clínicas, hospitais e laboratórios estão na liderança do segmento no Brasil, com 24,2% (92 empresas) das healthtechs mapeadas pelo Distrito. A Ninsaúde é uma das startups que se destacam nesta estatística e espelha essa tendência mundial.
Com um aporte relevante recebido entre 2019 e 2020, a startup de Santa Catarina pretende aumentar o quadro de funcionários, visando uma expansão já a partir dos primeiros meses deste ano. O montante foi concedido pela Elife, uma das empresas que mais se destaca no segmento de consultorias no Brasil, com crescimento médio de 19,76% em período determinado entre os anos de 2016 e 2018.
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Oportunidade
Atualmente, a Ninsaúde está com vagas abertas e pretende contratar mais 11 funcionários para a sede em Criciúma até o meio do ano. “O aporte possibilitou este crescimento e pretendemos preencher as vagas em um prazo de seis meses“, conta o CEO da healthtech, desejoso de contar com pessoas jovens e adaptadas ao universo tecnológico para auxílio na área médica. “Estamos preparados para crescer. Tracionar vendas, construir parcerias sólidas e internacionalizar nossos produtos são o nosso foco para os próximos anos.”
Plataforma Apolo e internacionalização
Presente em mais 200 clínicas no Brasil de pequeno porte — de um a 60 funcionários –, a Ninsaúde é responsável pelo software Apolo, que permite médicos e secretárias a melhorarem e organizarem o atendimento de pacientes por meio do sistema, com soluções para atendimento, agendamento, gerenciamento financeiro e faturamento de guias.
Disponível em 17 estados brasileiros e com tradução para inglês e espanhol, a plataforma Apolo é o serviço pelo qual a Ninsaúde mira o mercado internacional, que já conta com projetos em fase piloto para operação no Peru e Panamá. O treinamento para uso da plataforma não é cobrado e é sempre realizado de forma online todas as quartas e sextas-feiras, às 13h (horário de Brasília).
Processos de faturamento que demandavam 24 horas de trabalho no passado agora podem ser realizados em até 18 minutos por meio do sistema desenvolvido pela Ninsaúde. “Estou confortável para dizer que nosso sistema de gestão aumenta a produtividade de toda equipe ao automatizar processos, substituindo papéis por registros eletrônicos e reduzindo cliques por meio do aprendizado de máquina”, afirma Marinho.
A plataforma não só colabora para um melhor uso do tempo dos usuários, como também permite um atendimento mais rápido e preciso ao paciente e preserva até mesmo a saúde do próprio médico. “Lidamos com profissionais de alto rendimento e que não podem chegar ao local de trabalho e se depararem com trâmites burocráticos para trabalhar”, explica Marinho. “Diversos estudos relacionam, por exemplo, a síndrome de burnout entre médicos com a utilização de sistemas ultrapassados para gestão de pacientes.”
Já para Manuela Correa, CFO da Ninsaúde desde 2016, os dados referentes ao crescimento no número de profissionais na área médica apontam para a necessidade de equipes no setor se tornarem mais competitivas e independentes. “O total de médicos aumentou 665,8% em menos de cinco décadas. A população, nesse mesmo período, aumentou 119,7%. A previsão é de chegarmos 700 mil médicos até 2030”, explica. “É por conta deste cenário, que ainda contempla a grande concentração de profissionais em grandes centros urbanos, que estamos focados em ajudar equipes médicas a se tornarem cada vez mais dinâmicas, eficientes e conectadas aos pacientes.”