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Plataformas white label: como funcionam para e-commerce

Plataformas white label: como funcionam para e-commerce

24 de novembro de 2021
9 minutos de leitura
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Artigo atualizado em 24 de novembro de 2021

O e-commerce no Brasil e no mundo se desenvolveu de forma acelerada, especialmente por conta da pandemia e do isolamento social. Com isso, o comportamento de compra da população sofreu mudanças profundas, com um impacto imenso no comércio eletrônico.

Nesse cenário, as plataformas white label para e-commerce foram mais importantes do que nunca para o setor de varejo, ditando novas tendências, tecnologias e avanços na indústria. 

Mas o que são, em que contexto começaram a se desenvolver e qual o futuro do e-commerce?

Como funcionam as plataformas white label?

As plataformas de e-commerce, classificadas como plataformas white label pelo Distrito Dataminer, são caracterizadas por apresentar uma solução que integra estrutura para vendas, relacionamento e pagamento, podendo ser contratadas por diversos varejistas. Normalmente, elas permitem customizações que podem ser feitas de forma simples, para que as páginas de vendas possuam a identidade de cada marca.

Um produto ou serviço white label é aquele que é comercializado sem a marca de seu fabricante, permitindo que o varejista o customize como desejar. 

Na tradução literal, o conceito significa ‘etiqueta branca’ e traduz exatamente a ideia do produto: no caso de uma plataforma para e-commerce, é possível adquirir o software diretamente de um fornecedor responsável pelo funcionamento operacional do sistema e cuidar somente do conteúdo disponibilizado na plataforma.

O surgimento desses produtos digitais só foi possível graças ao desenvolvimento tecnológico e de infraestrutura, popularização da internet e dispositivos que pudessem acessá-la. 

Na linha do tempo a seguir, elencamos os principais acontecimentos que nos permitem entender a evolução do e-commerce e em que contexto surgiram as principais plataformas white-label.

Linha do tempo das plataformas white label para e-commerce.

Como se deu o desenvolvimento das plataformas white label no Brasil e no mundo?

Cada vez mais pessoas que antes não tinham acesso à internet passaram a ter, tanto pelo crescimento de interesse pelo digital, quanto pela chegada de conexão em regiões distantes dos grandes centros urbanos. No gráfico abaixo, é possível notar que, de forma geral, a cada ano tem crescido o número de pessoas com acesso a internet no Brasil. Essa tendência também segue o cenário global, no qual, segundo o relatório Digital 2021 divulgado pela HootSuite e We Are Social, já existem mais de 4,6 bilhões de pessoas com acesso à internet no mundo todo. 

Domicílio com acesso à internet no brasil e os e-commerces.

Esse percentual dos dados brasileiros é impulsionado pelo aumento de pessoas conectadas, sobretudo, em zonas rurais do país, o que favorece a entrada de comerciantes locais nessas operações. Esse movimento influencia diretamente o consumo de plataformas white label voltadas para os pequenos negócios, uma vez que demandam soluções mais simples, práticas e baratas.

Além do avanço da internet, o ganho de tração da infraestrutura para o comércio eletrônico com logística e pagamentos foi solidificando a confiança e a demanda pelas compras feitas pela internet. No entanto, no início, estruturar um e-commerce era custoso. A única maneira de possuir uma operação online era desenvolver a sua própria plataforma internamente, codificando o site. Contudo, não bastava apenas contratar alguém para desenvolver, seria necessário também uma equipe para gerenciar a nova operação, algo que tornava o processo inacessível para pequenas empresas.

Tendo em vista este cenário, na época, poucos players supriam o gap do comércio digital que ainda dava os primeiros passos. Com o passar dos anos, as plataformas de e-commerce no modelo white label foram ganhando mercado e possibilitaram que diversas empresas desenvolvessem uma operação online com um custo reduzido. Daí o papel fundamental dessas plataformas para o ecossistema de comércio virtual. Pois, na medida que as lojas virtuais ganham espaço, elas atraem mais clientes, viabilizam competição e, assim, promovem desenvolvimento do ecossistema como um todo.

Consequências da pandemia

A pandemia do coronavírus acelerou diversas tendências que estavam previstas para os próximos anos, impactou nos canais de oferta dos produtos e serviços, e movimentou os canais de demanda. Em 2020, o m-commerce, por exemplo, finalmente superou o e-commerce desktop, encerrando o ano com 55,1% no share de pedidos.  Embora a crise tenha impactado negativamente as economias globais, o setor de e-commerce obteve crescimentos expressivos. No Brasil, teve crescimento recorde de 41% em 2020, frente a uma taxa composta de  crescimento anual (2010-2020) de 19,4%. 

A dinâmica estabelecida pela mudança no comportamento dos consumidores e digitalização forçada das empresas, de todos os tamanhos, intensificou a procura por plataformas que fossem capazes de construir de forma ágil uma loja virtual. Seguindo esta linha, os pequenos comerciantes que antes vendiam exclusivamente de forma presencial procuraram essas plataformas para continuar vendendo durante o período de isolamento social. De acordo com dados da 6ª e 7ª edição do perfil do e-commerce brasileiro, aproximadamente 27% dos e-commerces eram de pequeno porte (faturamento de até R$ 250 mil por ano) em 2019. Já em 2020, esse percentual passou para 48% e, em 2021, chegou a 52,7%.  Tamanho crescimento indica um aumento da penetração dos pequenos comércios no e-commerce brasileiro. O varejo online como um todo saiu de 6% em 2019 para cerca de 10% em 2020. Comparando os dados nacionais com mercados já mais desenvolvidos no e-commerce, como China (cerca de 42%) e Reino Unido (cerca de 32%), é possível observar uma grande oportunidade para o modelo de negócio. 

Exemplo de desenvolvimento neste contexto, foi a Nuvemshop. A startup Argentina captou mais de US$ 600 milhões em um intervalo de menos de um ano desde outubro de 2020, e se tornou um unicórnio. Já a VTEX, líder do setor para enterprise, menos de 1 ano depois de ter recebido US$140 M, em 2019, captou sua Series C de US$225 M, também se tornando um unicórnio. Ela ainda é dona da Loja Integrada, uma das maiores plataformas para pequenos negócios no Brasil. 

Alejandro Vásquez, Co-fundador e CCO da Nuvemshop, comentou sobre o desenvolvimento do e-commerce durante a pandemia em entrevista ao Distrito. 

Nos últimos anos, o comércio enfrentou um processo de digitalização acelerado, devido às medidas de isolamento e mudanças nos hábitos de consumo. Em decorrência de todo esse movimento, observamos um boom do e-commerce na América Latina.

A penetração do e-commerce no varejo brasileiro está em ascensão, mas ainda representa apenas 10% do mercado total, enquanto na China esse valor deve ultrapassar os 50% ainda este ano, de acordo com a previsão feita pelo eMarketer. Isso demonstra o tamanho que o comércio eletrônico tem para evoluir.

Alejandro Vásquez, Co-fundador e CCO da Nuvemshop

O futuro do e-commerce e plataformas white label

2020 foi um ano repleto de desafios para o varejo, principalmente, no que diz respeito às compras presenciais. Contudo, o desenvolvimento do comércio eletrônico brasileito foi de 73,88%, segundo o índice MCC-ENET.

Para Eloísa Romão, Co-Owner da El Gato — e-commerce de roupas e acessórios que obteve um bom desenvolvimento no último período, “as lojas físicas que não migraram para o digital, mesmo com a reabertura do comércio, perderam espaço”. Completou ainda que “o que nós vimos acontecer foi que as grandes lojas que investiram no desenvolvimento de suas plataformas digitais prosperaram — como C&A, Renner e Riachuelo — e as que demoraram um pouco mais para aderir ao movimento ficaram para trás”.

O eMarketer estimou o crescimento do e-commerce para 2021 em 14,3%, uma queda em comparação a 2020. No entanto, a instituição prevê  um alto volume de vendas: US$ 611 bilhões. 

Confira o crescimento do setor nos últimos anos:

Dados de crescimento e expectativa para o E-commerce.

Além disso, é possível observar algumas tendências se intensificando ao redor do mundo.

Países emergentes como protagonistas

Alguns mercados emergentes como Índia, China, Brasil, Rússia e África do Sul despontam como protagonistas para o futuro do e-commerce, ainda que muitos desses países apresentem uma condição econômica delicada. É estimado que cerca de 3 bilhões de novos comprados terão acesso à internet até 2022, o que se configura na inserção de bilhões de clientes em potencial no mercado.

Crescimento das vendas do mercado online B2B

Segundo pesquisa divulgada pela Frost & Sullivan, as vendas B2B no comércio eletrônico devem aumentar US$ 6,6 trilhões em 2021, Isso porque o desenvolvimento das indústrias em decorrência da transformação digital e a automatização de processos impulsionaram o setor.

Personalização da experiência de compra

A maneira de consumir mudou e a nova demanda é oferecer produtos e serviços personalizados para as necessidades de cada cliente. Além disso, é essencial que todos os pontos de contato do consumidor com a marca sejam positivos. Ainda que o comércio eletrônico seja o futuro do comércio, é importante entender quem são as pessoas que precisam do seu produto ou serviço e como elas desejam interagir com a sua marca.

Sobre essa experiência phygital, Romão comenta que proporciona uma vivência física da marca pode ser uma tendência para os próximos períodos, dados os últimos dois anos de ‘realidade virtual’ no qual fomos imersos. Ainda que a compra seja efetivada via e-commerce, oferecer a oportunidade de expor seus produtos fisicamente pode fazer a diferença na fidelização dos consumidores e na construção de uma comunidade para a marca.

“Mesmo antes da pandemia, a El Gato já possuía um showroom onde as clientes poderiam ‘viver a marca’. Enxergamos esse espaço como uma extensão do negócio, como um braço, mas a parte central, a fonte das vendas e dos negócios é o digital”, completou Romão.

O futuro do e-commerce será automatizado

A automatização dos e-commerces é uma tendência que se intensificou com o isolamento social e que promete se desenvolver nos próximos anos. Essa transformação se dará, principalmente, em duas frentes: a automatização do transporte das mercadorias e do atendimento ao cliente. 

A Amazon, nos EUA, por exemplo, já realiza entregas via drones. E, não se esqueça dos carros autônomos!


Saiba mais sobre as plataformas para e-commerce e consulte os dados do setor de retailtechs da base do Distrito!