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RetailTech: o impacto das startups e da tecnologia no varejo

RetailTech: o impacto das startups e da tecnologia no varejo

29 de março de 2021
13 minutos de leitura
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Artigo atualizado em 29 de março de 2021

O surgimento de novas tecnologias afetou quase todos os setores, desde o transporte, o entretenimento, até o bancário, mas podemos dizer que nenhum outro foi mais diretamente impactado quanto o varejo – ainda mais pela influência da pandemia – e da atuação das retailtechs, como são chamadas as startups que oferecem soluções inovadoras para o mercado varejista.

O desenvolvimento e o crescimento contínuo do e-commerce, melhorias na tecnologia móvel e o aumento do uso das mídias sociais não apenas forçaram os varejistas a reavaliar práticas e, o mais importante, mudaram para sempre o comportamento, os hábitos e as expectativas do consumidor.

Neste post, você entende mais sobre a importância das retailtechs para o varejo, quais são as tendências para os próximos anos e qual o panorama de Venture Capital para este setor. Se você está interessado em entender também mais sobre todo o setor de varejo, assine nossa newsletter para saber de tudo sobre as principais retailtechs!

Relembrando o significado do termo “retailtechs”

Retailtechs é como nos referimos às startups que oferecem soluções tecnológicas voltadas para o mercado de varejo e consumo. Esses negócios nascem com o objetivo de trazer mais eficiência e produtividade aos varejistas, e toda a cadeia relacionada a esse mercado.

Essas startups atuam em diversas categorias e, normalmente, usam dados para personalizar ofertas, unificar os canais de venda, refinar processos com dados.

Aqui no Distrito, usamos as seguintes terminologias:

  • Para falar de startups que atuam no setor, escrevemos da seguinte forma: retailtechs. Veja um exemplo de aplicação: “Os números de retailtechs brasileiras cresceram nos últimos anos”
  • Para falar do setor de varejo, usamos outra forma de escrita: RetailTech. Veja um exemplo de aplicação: “O setor de RetailTech vem crescendo nos últimos anos”

Panorama do setor de RetailTech no Brasil

O ano de 2020 foi de grandes transformações para diversos setores, principalmente para o varejo. A necessidade de empresas planejarem sobre como poderiam atender às demandas do mercado ficou clara e, com ela, a tecnologia veio como grande aliada para manter o funcionamento de toda a cadeia de produção e atender melhor os clientes. Novas tendências surgiram, assim como novos hábitos, que talvez tenham vindo para ficar.

De acordo com dados levantados pelo Distrito Dataminer, nosso braço de inteligência de mercado, mensalmente produzimos o estudo Inside RetailTech Report e por meio dele geramos insights, análises e estatísticas para todos aqueles profissionais que precisam acompanhar o mercado de varejo no Brasil. Confira nossos insights!

Evolução no número de retailtechs brasileiras

Com mais dados mapeados referentes aos últimos 5 anos, percebemos uma tendência de aumento de nascimentos de retailtechs. Ainda há aqueles que prefiram modelos mais tradicionais de negócios ligados ao varejo, porém é clara a mudança de comportamento do consumidor.

O gráfico abaixo indica menor quantidade de startups nascendo nos últimos três anos; porém, esse comportamento se refere à fase inicial em que se encontram tais soluções, à pouca visibilidade de seus serviços e, portanto, à dificuldade em identificá-las como empreendimentos do ecossistema. Atualmente, o Brasil já possui mais de 760 retailtechs.

infográficos

Em um mundo pós-pandemia, no qual as pessoas foram forçadas a testarem novas tecnologias que facilitassem transações online, entendemos que esse comportamento pode mudar ainda mais bruscamente nas próximas análises. Aqueles que nunca haviam feito sequer uma compra online, testaram e aprovaram o modelo, percebendo que há segurança e praticidade em apertar um botão e ir desde a escolha da cor do produto até o pagamento digital e recebimento no conforto de casa.

Investimentos e aportes nas retailtechs

Em apenas dois meses e meio, mais de US$ 527 milhões já foram recebidos pelas retailtechs brasileiras por meio de 13 rodadas de investimento. Este volume já representa 74% do total investido no setor em todo o ano passado, quando US$ 712 milhões foram investidos.

Destaque: o aporte recebido pela Loggi, no começo de março, por meio da rodada Series F de US$ 212 milhões, influenciou diretamente nesse volume de investimentos em retailtechs brasileiras. O Series D da Nuvemshop, startup de e-commerce, que recebeu US$ 90 milhões em captação liderada pelo fundo global Accel Partners.

Fusões e aquisições

Apenas nestes dois meses e meio de 2021, nove fusões e aquisições de retailtechs foram realizadas. Para efeito de comparação, esse número representa mais que o dobro do primeiro trimestre de 2020. No entanto, se comparado ao trimestre anterior (outubro a dezembro de 2020), o número não foi ultrapassado: aconteceram 12 fusões e aquisições – até agora, o mais movimentado da história do setor.

Durante o mês de março de 2021, foram adquiridas por enquanto 4 retailtechs. Veja mais:

  • Nuvini adquiriu a Ipê Digital
  • O ecommerce na Prática comprou a WBuy
  • A Locaweb, que em janeiro e fevereiro adquiriu a ConnectPlug e a Docca, comprou agora a Samurai Expert
  • A Magazine Luiza comprou a VipCommerce

Impactos da pandemia no varejo

Desemprego e fechamento das lojas físicas

Por consequência do coronavírus diversas lojas, shoppings, escritórios e locais de convívio foram forçados a fecharem suas portas e se adaptarem, e a população forçada a passar a maior parte do tempo dentro de casa, acumulando os desafios do dia-a-dia comum com a insegurança de uma pandemia. 

Além de uma crise na saúde pública instaurou-se uma crise econômica, o índice de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br) registrou queda de 11% no segundo trimestre de 2020, a taxa de desemprego subiu para 14,6% no terceiro trimestre e mais de 11 milhões pessoas perderam seus postos durante a pandemia. Além de que inúmeras pessoas que mantiveram suas vagas tiveram de negociar seu salário e diminuir os gastos domésticos. Somado a isso, cerca de 700 mil empresas fecharam as portas durante o ano, principalmente as de pequeno porte.

Novo Normal

Diante da pandemia e seus efeitos é impossível que o comportamento das pessoas não mude, em especial os hábitos de consumo. Portanto, novas necessidades se apresentam e outras desaparecem. 

Dentro do varejo tem-se uma explosão da atuação do e-commerce, adaptações de drive thru, entre tantas outras modalidades que garantam o distanciamento social, além das tecnologias de pagamento autônomo que também reforçam medidas sanitárias.

Como consequência nítida, derivada da urgência dessas necessidades, as empresas foram forçadas a direcionar a estratégia para o digital. Enfrentando diversos desafios e em um cenário de incertezas.

Ainda sobre os novos hábitos pode-se observar maior apelo a práticas de cuidado com a saúde e o consumo direcionado por propósito e qualidade, como o apoio a comércios locais e marcas sustentáveis.

Algumas tendências de mercado, que serão mais detalhadas à frente, vieram para ficar mas quanto aos hábitos de consumo nada é certo, vão depender da satisfação que os consumidores tiram dessa nova experiência. O que é possível afirmar é que o futuro do varejo jamais será o mesmo depois do coronavírus.

Grandes varejistas e e-commerce

Durante a pandemia, grandes varejistas como Via Varejo, Magazine Luiza, Lojas Americanas, entre tantas outras, viram sua receita aumentar agressivamente por meio do e-commerce.

Essas empresas presenciaram um acelerado processo de digitalização o qual enfatizou a importância do comércio eletrônico e logística como diferenciais competitivos.

Falando em números, durante o pico da crise, de abril a junho de 2020, a Americanas.com registrou alta de 72% no volume geral de vendas, dobrando o número de vendedores no marketplace.

Já a Via Varejo, responsável pela marca Casas Bahia, registrou um crescimento histórico de seu e-commerce com alta de 300% nas vendas. Além disso, ao longo do ano, a maior varejista online, Mercado Livre, chegou a bater recorde e ser considerada a maior empresa da América Latina em valor de mercado.

Tendências de tecnologia para o varejo

Embora ninguém possa prever com exatidão o que vai acontecer nos próximos anos, é possível ter uma boa ideia do que o futuro reserva se observarmos o que a RetailTech já está causando.

Veja abaixo algumas das principais tendências de tecnologia de varejo que já estão no cenário atual e que irão se fortalecer ainda mais nos próximos anos. Mantenha em seu radar.

Social e live commerce

Entenda o que são essas duas tendências:

  • Social Commerce: prática de comercializar produtos e fazer transações por meio de redes sociais.
  • Live Commerce: é uma forma específica de social commerce, que mistura a tecnologia, o entretenimento e as redes sociais. É o caso de vendas feitas por influenciadores digitais, por exemplo, que interagem com consumidores, tirando dúvidas e apresentando os produtos.

No mundo, desde 2009, US$ 6,7 bilhões já foram investidos em retailtechs que atuam nesse modelo. O maior exemplo, atualmente, de social commerce é o aplicativo chinês de mensagens instantâneas WeChat, que permite transações sem sair da plataforma. Desde 2009, já foram investidos no mundo US$ 6,7 bilhões em startups que atuam no setor.

Por que você deve ficar de olho no social commerce?

  • A previsão é que as vendas do social commerce dobrem no mercado chinês até 2023 – se comparadas a 2020. 
  • O ocidente ainda está se desenvolvendo nessa categoria e os gigantes do setor estão dando os primeiros passos, como Amazon, Walmart, entre outros. Sua empresa está preparada para esse movimento?
  • Em 2020, o live commerce cresceu e movimentou 142% a mais se comparado a 2019 – o que demonstra o potencial desse mercado.

Alto grau de personalização

A personalização no varejo é mais do que colocar o primeiro nome de alguém em um email. Vários tipos de tecnologia do setor do varejo estão permitindo que o comerciante personalize tudo, desde a comunicação com o cliente até a criação de produtos.

  • Comunicação: toda a comunicação de marketing que é enviada aos clientes se tornará muito mais personalizada. Além de abordar os compradores pelo nome, os varejistas também podem personalizar o conteúdo com base no histórico de compras de cada cliente.
  • Produtos: alguns varejistas já estão levando a personalização para o próximo nível, permitindo que os compradores criem seus próprios produtos. Dresden, uma varejista de óculos da Austrália, é o exemplo perfeito disso. Ela retira resíduos de plástico das praias e, depois, permite que os compradores criem seus próprios óculos de sol. O resultado? Óculos exclusivos, elegantes e ecológicos.
  • Experiência em loja: com o uso de beacons, mPOS e tecnologia Bluetooth, os varejistas podem saber quem são os clientes a partir do momento em que eles entram na loja e, assim, fornecer informações relevantes com base no que estão procurando. Com mensagens direcionadas e pop-ups promocionais, os varejistas poderão atrair, envolver e converter muito mais facilmente.

Mobile First

Muitos e-commerces já estão personalizando a experiência de compra para dispositivos móveis através de websites responsivos.

Os celulares não apenas se tornarão o meio preferido para os usuários fazerem compras online, mas também serão o jeito preferido para fazer “pagamentos sem contato” na loja.

Com tecnologias como a Apple Pay, os consumidores deixarão de carregar cartões de crédito em suas carteiras e optarão por comprar produtos usando carteiras digitais em seus celulares.

Um grande exemplo disso é a Amazon Go. A tecnologia utilizada detecta automaticamente quando os produtos são retirados ou quando retornam às prateleiras e mantém o registro em um carrinho virtual. Quando você termina de fazer as compras, é só sair da loja, sem passar por caixa de atendimento e pegar filas.

Depois de sair da loja, o que você levou é cobrado diretamente em sua conta Amazon. Tudo o que o cliente precisa é ter uma conta na Amazon, o aplicativo Amazon Go, que é gratuito, e um celular.

A médio e longo prazo, será preciso integrar dispositivos móveis a outras tecnologias para proporcionar uma melhor experiência de compra. Com IoT, beacons, AI, machine learning e pagamentos sem contato, as possibilidades são infinitas sobre o que você pode inventar e aprimorar em seus produtos.

Pesquisa por voz

Com dispositivos como o Amazon Alexa, o Google Home e o Home Pod, os consumidores usarão a pesquisa por voz para procurar e comprar produtos.

A tecnologia de voz também está se tornando mais avançada em aplicativos como a Siri, da Apple, já misturando inteligência artificial para se tornarem poderosos assistentes pessoais.

Em um estudo recente, 72% das pessoas que possuem alto-falantes ativados por voz dizem que seus dispositivos são usados como parte de suas rotinas diárias. Esse é um indicador claro de que as compras baseadas em pesquisa por voz estão em ascensão e esse número deverá crescer rapidamente.

Mas, mais do que apenas comprar, os consumidores estão cada vez mais usando a pesquisa por voz para encontrar respostas. Veja alguns exemplos de como a pesquisa por voz impacta o varejo:

  • Você tem um cachorro e precisa comprar produtos para ele, pega seu iPhone e diz “encontre pet shops próximos de mim”.
  • Uma senhora que está pensando em ir à academia quer saber qual é o melhor tipo de legging, então, ela vai ao Google Assistant e pergunta: “Ok, Google, quais são os diferentes tipos de leggings?”
  • Uma mãe percebe que a família está quase sem papel higiênico, então solicita à Alexa que faça o pedido de compra do produto.

Inteligência Artificial

Nós já começamos a ver como os chatbots estão se tornando os novos representantes de atendimento ao cliente em muitas empresas. Automatizar este processo libera tempo, energia e recursos para outras atividades significativas, como inovação e desenvolvimento de novos produtos.

Além dos chatbots, a inteligência artificial também pode auxiliar no back office, permitindo que os comerciantes melhorem suas operações.Um exemplo disto é o Dott, uma ferramenta que apresenta dicas e sugestões com base em atividades, em tempo real. Isso pode ajudar os varejistas a tomarem melhores decisões, baseadas em dados.

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