Pular para o conteúdo
VoltarVoltar
Venture Capital: o que é e como funciona esse investimento

Venture Capital: o que é e como funciona esse investimento

15 de agosto de 2024
9 minutos de leitura
time

Artigo atualizado em 15 de agosto de 2024

De forma simplificada, Venture Capital (VC), ou capital de risco, é uma categoria de investimento destinada a startups e empresas emergentes que possuem alto potencial de crescimento, mas que ainda estão em fases iniciais e, consequentemente, apresentam um maior risco para os investidores.

Por meio do Venture Capital, empresas pequenas são capazes de captar fundos para o desenvolvimento e o sucesso do seu negócio. Continue conosco para entender mais sobre isso e sobre como os “investimentos de risco” são fundamentais para a inovação global e para o desenvolvimento econômico.

Confira abaixo os temas que iremos abordar por aqui:

  • O que é Venture Capital?
  • Como funciona?
  • O que são as rodadas de investimento?
  • O que são exits, ou “eventos de liquidez?”
  • Panorama do mercado de VC no Brasil
  • Conclusão

Leia também: os principais fundos de venture capital no Brasil

O que é venture capital?

Diversas empresas emergem todos os dias, no mundo inteiro, com a finalidade de mitigar problemas da sociedade. Entretanto, a maior parte delas não possui capital e infraestrutura suficientes para colocar em prática ou alavancar suas operações. Portanto, o Venture Capital, também conhecido como capital de risco ou investimento de risco, surge dessa necessidade.

Ou seja, esse tipo de capital é aplicado em negócios ainda em fase inicial, mas que apresentam expectativas promissoras de expansão acelerada e geração de lucro, oferecendo aos investidores a chance de retornos significativos em troca de assumir riscos elevados.

No Brasil, os fundos de venture capital são regulados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), e são constituídos como Fundos de Investimento em Participações (FIP), ou Fundos Mútuos de Investimento em Empresas Emergentes (FMIEE). Mas como esse investimento acontece? Por que ele existe mesmo considerado arriscado?

Como funciona o Venture Capital?

Se uma empresa necessita de capital, ela pode recorrer a bancos e solicitar um empréstimo, comprometendo-se a pagar sua dívida acrescida de juros. Entretanto, essa forma de adquirir financiamento é difícil para empresas pequenas e médias, pois não há garantia que ela irá conseguir pagar o que deve.

Então, a captação via equity se torna uma alternativa mais atrativa para essas startups. Elas vendem parte de suas ações em troca do financiamento, transformando os investidores em acionistas da empresa. E quem possibilita as startups captarem via equity, são os investidores de Venture Capital.

Por ser um investimento de risco, uma vez que não é possível ter certeza que a startup se tornará rentável, os investidores precisam ir além do financiamento. Eles acompanham a empresa de perto, oferecendo suporte estratégico e operacional, networking, até mesmo aquisição de talentos e auxílio em captações futuras.

E se a empresa cresce como esperado, os investidores podem se retirar do negócio e vender sua participação, obtendo lucro de acordo com a valorização da startup investida. Isso se chama exit, e iremos comentar mais sobre isso em breve. Antes, é importante entender sobre as rodadas de investimento.

O que são as rodadas de investimento?

Agora que já sabemos como esses investimentos de risco funcionam, é necessário abordar sobre as diferentes rodadas de investimento que existem. Para quem está inserido no ecossistema, termos como “Seed” ou “Série C” são comuns de escutar, mas o que são, afinal?

As rodadas de investimento são estágios nos quais as startups buscam levantar capital. Cada rodada corresponde a um momento específico do ciclo de vida da empresa e geralmente envolve diferentes tipos de investidores, condições, e quantias de capital.

Essa divisão existe para organizar e estruturar o processo de financiamento, pois cada fundo de investimento possui uma série de critérios próprios para filtrar as startups que eles analisam, com o objetivo de diminuir o risco na hora de apostar nelas. Os tipos de rodada são:

Pré-seed e seed

Essas rodadas geram fundos para apoiar o trabalho inicial de pesquisa, desenvolvimento e validação de mercado da empresa. No estágio pré-seed, o foco é validar o mercado, definir o formato do produto e identificar os potenciais usuários ou consumidores, com investimentos geralmente provenientes do próprio fundador e de pessoas próximas.

Já na fase seed, além de continuar esse trabalho, a empresa já apresenta algo mais concreto para atrair investidores que buscam analisar a viabilidade do produto e do mercado. Esses investimentos também são conhecidos como early-stage.

Série A e série B

Na série A, o capital é otimiza a base de usuários e expande as ofertas de produtos e serviços. Isso permite que a startup dimensione seu produto em diferentes mercados. Nessa fase, a empresa já possui uma base mais sólida, com clientes e receitas, e precisa demonstrar métricas e lucros potenciais aos investidores.

Enquanto na série B, o foco é escalar o negócio. Os investidores contribuem para a expansão do alcance de mercado, aprimoramento de processos, novas contratações e, em alguns casos, aquisição de outras empresas. As startups que chegam a essa rodada já provaram sua capacidade de construir uma base sólida de clientes e estão preparadas para receber mais investimentos, impulsionando seu crescimento no mercado. Esses investimentos também são conhecidos como mid-stage.

Série C, série D em diante

Na série C, as empresas já estão consolidadas no ecossistema. Ou seja, tiveram sucesso nas vendas e possuem uma rede de clientes estável. A partir dessa fase, as startups buscam financiamentos a fim de acelerar em todos os aspectos, adquirindo outras empresas ou expandindo internacionalmente, por exemplo. Esses investimentos também são conhecidos como late-stage.

Investimento Anjo

No ecossistema de Venture Capital, também existe uma modalidade de investimento realizada por investidores anjo, que nada mais são do que indivíduos com alto patrimônio que utilizam seu próprio capital para investir em startups em fase early-stage.

Esses investidores costumam ter experiência no mercado, além de oferecer, além do capital financeiro, seu conhecimento e rede de contatos para apoiar o crescimento das empresas nas quais investem.

Leia também: rodadas de investimento em detalhe

O que são exits ou eventos de liquidez?

Já se sabe que investir em startups é uma aposta estratégica para quem busca lucrar por meio dos chamados eventos de liquidez, ou exits. Esses eventos representam o momento em que o investidor vende sua participação na startup, obtendo retornos de acordo com a valorização do negócio.

As saídas estratégicas do investimento em startups podem ocorrer de quatro maneiras principais:

  • Aquisição: quando a startup é adquirida por outra empresa ou até mesmo por outra startup.
  • Oferta Pública Inicial (IPO): startup que abrem seu capital e realizam uma oferta pública inicial, permitindo que as ações sejam negociadas na bolsa de valores.
  • Recompra pelos Fundadores: os próprios empreendedores decidem recomprar a participação que anteriormente venderam.
  • Venda em Nova Rodada de Captação: durante uma nova rodada de captação de recursos, o investidor pode optar por vender sua participação para outros investidores.

Além disso, no caso de uma nova rodada de captação, o investidor que escolher manter sua participação na startup deve estar preparado para fazer um investimento adicional proporcional ao valor que está sendo levantado. Esse movimento é necessário para evitar a diluição de seu equity com a entrada de novos investidores e é chamado de follow-on.

Leia também: o papel do venture capital no empreendedorismo feminino

Panorama do mercado de Venture Capital no Brasil

No Brasil, o ecossistema de venture capital tem passado por uma evolução significativa nas últimas décadas. Em meados de 2015 até 2019, observou-se um verdadeiro boom de investimentos. Durante esse período, empresas como 99 e Nubank alcançaram o status de unicórnio, atraindo atenção global e estabelecendo o Brasil como um dos principais hubs de inovação na América Latina.

De 2020 a 2024

Em 2020, a pandemia do COVID-19  trouxe desafios econômicos globais, a necessidade da digitalização de muitos serviços, por exemplo, impulsionou a criação de soluções no setor financeiro e de educação.

Dessa forma, o ano de 2021 foi marcado por recordes de volume de investimento em startups, com aproximadamente US$ 9.5 bilhões aportados em 779 deals, segundo levantamento do Distrito.

Em 2022, o mercado de venture capital no país enfrentou uma desaceleração no número de deals e no volume de recursos aportados, reflexo de um cenário macroeconômico global marcado pela alta da inflação e aumento das taxas de juro, assim como o ajuste do mercado após a normalização da demanda por serviços e produtos digitais.

Por conseguinte, os investidores adotaram uma postura cautelosa. Assim, aproximadamente US$ 4.4 bilhões foram aportados, uma redução de mais de 50% em comparação com o ano anterior.

Essa redução continuou a acontecer por conta da inflação global e conflitos geopolíticos. Em vista disso, 2023 registrou US$ 3,1 bilhões aportados em 746 rodadas na América Latina.

Posto isso, no primeiro semestre de 2024, o mercado de venture capital na América Latina registrou um total de US$ 2,2 bilhões aportados em 377 rodadas de investimento.

O montante representa um aumento significativo de 40,7% em relação ao mesmo período de 2023, quando foram investidos US$ 1,5 bilhões em 414 rodadas.

Os dados reunidos pelo Distrito apontam para uma possível retomada do mercado, sugerindo que os investidores estão voltando a mostrar confiança, apesar dos desafios macroeconômicos globais ainda presentes.